Guterres e Durão preocupados com Câmara do Porto
Luís Filipe Catarino/Arquivo Valentim Loureiro anunciou que se vai recandidatar à Câmara de Gondomar, decidindo abandonar a oportunidade de enfrentar Fernando Gomes na corrida autárquica do Porto
NA CORRIDA para a Câmara do Porto, nenhum partido definiu ainda a estratégia e está tudo em aberto quanto à escolha de candidatos. E sobre o desfecho do processo, a frase mais adequada parece ser a do antigo futebolista do FC Porto, João Pinto:
Apesar disso, nos bastidores políticos da cidade a confusão de obras que invadiu as ruas está a ser ofuscada pelas intrigas à volta da escolha dos candidatos autárquicos do Porto, nos dois principais partidos.
Os recentes episódios desta campanha pré-eleitoral parecem tirados de uma elaborada «sitcom» (série televisiva centrada à volta de uma situação e protagonizada por um grupo constante de personagens). E para tornar a história ainda mais atraente para as audiências, as cenas de conflito acontecem no interior das famílias dos dois principais partidos.
No PS, Narciso Miranda, Fernando Gomes e Nuno Cardoso são as figuras principais, atacando-se alternadamente, sem que nenhum deles assuma em público a vontade de disputar a corrida eleitoral. No PSD, Valentim Loureiro e Luís Filipe Menezes são considerados os nomes mais bem colocados para afastar os socialistas do poder. Contudo, nos últimos dias, ambos anunciaram que se recandidatavam às Câmaras que lideram (Gondomar e Gaia, respectivamente) baralhando ainda mais as cartas do jogo social-democrata.
Durão Barroso é o espectador mais confuso da novela do PSD no Porto. Nas últimas semanas, o líder do partido tem falado frequentes vezes com Menezes e Valentim. Durão Barroso já tentou convencer o major a candidatar-se no Porto e procura evitar que Filipe Menezes desenvolva uma estratégia própria no PSD/Porto, à revelia dos desígnios da direcção nacional do partido.
Durão tenta pacificar
Na passada quarta-feira, Menezes reuniu com o secretário-geral, José Luís Arnaut, e com dois outros estrategos sociais-democratas para as eleições de Dezembro: Dias Loureiro e Isaltino Morais. Objectivo: pacificar a tensão política provocada pelas divergências entre as estruturas concelhia, distrital e nacional do PSD.
O resultado do encontro não foi revelado, mas não é provável que Durão Barroso tenha recebido qualquer informação relevante sobre o processo autárquico no Porto, já que o líder da Distrital, Menezes, assegurou ao EXPRESSO que a estratégia do partido só ficará decidida depois de Março: «Nessa altura, haverá uma reunião da Comissão Política Distrital alargada para definir o rumo a tomar».
Durão Barroso não é o único líder partidário nacional preocupado com as eleições para a Câmara do Porto. António Guterres também já reuniu com as principais figuras do PS/Porto, para se inteirar dos acontecimentos que estão a abalar a unidade do partido no Norte.
Apenas Gomes ficou de fora da ronda do secretário-geral (que falou com o líder da Distrital, Narciso Miranda, com o presidente da Câmara, Nuno Cardoso, e com o líder da Concelhia, Orlando Gaspar). Guterres e Gomes não voltaram a discutir política desde que o primeiro-ministro o demitiu do Governo, em Setembro passado, e as relações entre ambos ficaram ainda mais ensombradas depois da polémica à volta da Fundação para a Prevenção e Segurança.
Apesar disso, Fernando Gomes é tido como a escolha mais provável dos socialistas, sobretudo depois de estes terem lido sucessivas sondagens onde o ex-ministro aparece como o nome mais bem colocado para evitar uma surpresa eleitoral.
O sorriso enigmático de Narciso Miranda
O secretário-geral do PS remete o assunto para a Concelhia de Orlando Gaspar. Aliás, os estatutos do partido são claros ao remeterem a escolha do candidato para esse órgão local. Contudo, quem conhece as rotinas e o funcionamento do PS diz que a decisão de Gaspar será meramente formal: no caso de Lisboa e do Porto, António Guterres quer ter sempre a palavra final.
Ainda assim, a inclinação de Orlando Gaspar é um bom indício da tendência dos socialistas. E, neste momento, o líder da Concelhia inclina-se para Gomes. Esta semana, Gaspar reuniu com a sua Comissão Política e o anúncio imediato da candidatura de Gomes foi o assunto mais discutido.
Narciso Miranda teve ainda um outro contratempo na sua estratégia de transferência de Matosinhos para o Porto. Anteontem, a JS/Porto criticou violentamente o líder da Distrital por este, alegadamente, querer tomar em mãos o processo da Câmara do Porto. Hugo Eusébio, líder daquela estrutura juvenil, não reconhece a Narciso competência para definir estratégias autárquicas.
Categorias
Entidades
Guterres e Durão preocupados com Câmara do Porto
Luís Filipe Catarino/Arquivo Valentim Loureiro anunciou que se vai recandidatar à Câmara de Gondomar, decidindo abandonar a oportunidade de enfrentar Fernando Gomes na corrida autárquica do Porto
NA CORRIDA para a Câmara do Porto, nenhum partido definiu ainda a estratégia e está tudo em aberto quanto à escolha de candidatos. E sobre o desfecho do processo, a frase mais adequada parece ser a do antigo futebolista do FC Porto, João Pinto:
Apesar disso, nos bastidores políticos da cidade a confusão de obras que invadiu as ruas está a ser ofuscada pelas intrigas à volta da escolha dos candidatos autárquicos do Porto, nos dois principais partidos.
Os recentes episódios desta campanha pré-eleitoral parecem tirados de uma elaborada «sitcom» (série televisiva centrada à volta de uma situação e protagonizada por um grupo constante de personagens). E para tornar a história ainda mais atraente para as audiências, as cenas de conflito acontecem no interior das famílias dos dois principais partidos.
No PS, Narciso Miranda, Fernando Gomes e Nuno Cardoso são as figuras principais, atacando-se alternadamente, sem que nenhum deles assuma em público a vontade de disputar a corrida eleitoral. No PSD, Valentim Loureiro e Luís Filipe Menezes são considerados os nomes mais bem colocados para afastar os socialistas do poder. Contudo, nos últimos dias, ambos anunciaram que se recandidatavam às Câmaras que lideram (Gondomar e Gaia, respectivamente) baralhando ainda mais as cartas do jogo social-democrata.
Durão Barroso é o espectador mais confuso da novela do PSD no Porto. Nas últimas semanas, o líder do partido tem falado frequentes vezes com Menezes e Valentim. Durão Barroso já tentou convencer o major a candidatar-se no Porto e procura evitar que Filipe Menezes desenvolva uma estratégia própria no PSD/Porto, à revelia dos desígnios da direcção nacional do partido.
Durão tenta pacificar
Na passada quarta-feira, Menezes reuniu com o secretário-geral, José Luís Arnaut, e com dois outros estrategos sociais-democratas para as eleições de Dezembro: Dias Loureiro e Isaltino Morais. Objectivo: pacificar a tensão política provocada pelas divergências entre as estruturas concelhia, distrital e nacional do PSD.
O resultado do encontro não foi revelado, mas não é provável que Durão Barroso tenha recebido qualquer informação relevante sobre o processo autárquico no Porto, já que o líder da Distrital, Menezes, assegurou ao EXPRESSO que a estratégia do partido só ficará decidida depois de Março: «Nessa altura, haverá uma reunião da Comissão Política Distrital alargada para definir o rumo a tomar».
Durão Barroso não é o único líder partidário nacional preocupado com as eleições para a Câmara do Porto. António Guterres também já reuniu com as principais figuras do PS/Porto, para se inteirar dos acontecimentos que estão a abalar a unidade do partido no Norte.
Apenas Gomes ficou de fora da ronda do secretário-geral (que falou com o líder da Distrital, Narciso Miranda, com o presidente da Câmara, Nuno Cardoso, e com o líder da Concelhia, Orlando Gaspar). Guterres e Gomes não voltaram a discutir política desde que o primeiro-ministro o demitiu do Governo, em Setembro passado, e as relações entre ambos ficaram ainda mais ensombradas depois da polémica à volta da Fundação para a Prevenção e Segurança.
Apesar disso, Fernando Gomes é tido como a escolha mais provável dos socialistas, sobretudo depois de estes terem lido sucessivas sondagens onde o ex-ministro aparece como o nome mais bem colocado para evitar uma surpresa eleitoral.
O sorriso enigmático de Narciso Miranda
O secretário-geral do PS remete o assunto para a Concelhia de Orlando Gaspar. Aliás, os estatutos do partido são claros ao remeterem a escolha do candidato para esse órgão local. Contudo, quem conhece as rotinas e o funcionamento do PS diz que a decisão de Gaspar será meramente formal: no caso de Lisboa e do Porto, António Guterres quer ter sempre a palavra final.
Ainda assim, a inclinação de Orlando Gaspar é um bom indício da tendência dos socialistas. E, neste momento, o líder da Concelhia inclina-se para Gomes. Esta semana, Gaspar reuniu com a sua Comissão Política e o anúncio imediato da candidatura de Gomes foi o assunto mais discutido.
Narciso Miranda teve ainda um outro contratempo na sua estratégia de transferência de Matosinhos para o Porto. Anteontem, a JS/Porto criticou violentamente o líder da Distrital por este, alegadamente, querer tomar em mãos o processo da Câmara do Porto. Hugo Eusébio, líder daquela estrutura juvenil, não reconhece a Narciso competência para definir estratégias autárquicas.