© Kapa em Design: "Callema 5"

11-10-2009
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título: A Fenda do Tempo e do Texto [nov. 2008]autor: Váriosissn: 1646-2963formato (mm): 150x210 [badanas de 80]Impressão a CMYK.Plastificação brilhante.Cartolina 240 gr.editor: Cooperativa Literáriaimpressor: Publidisadesigner: Ilídio J.B. VascoNeste quinto número da revista callema, da qual tenho o prazer de ser editor e designer, discute-se «Edição e Revistas Literárias», ou seja, é a própria revista a pensar sobre si e as outras, mas no veículo ou suporte revista. Parece estranho! A melhor analogia que encontro, rebusco-a das longínquas aulas de Linguística na faculdade: Esta callema 5 é uma metalinguagem, uma linguagem que é usada para se explicar a si mesma.Procura explicar a revista enquanto revista literária e enquanto objecto de edição. A secção «Câmara», secção onde encontramos os textos relativos à edição, revela três artigos (editing, publishing e design) de três amigos: Fernando Cabral Martins (professor de Teoria de Edição na FCSH), Nuno Seabra Lopes (booktailor assumido) e Pedro Marques (editor e designer da Livros de Areia). Três textos que, de certa forma, adquiriram um denominador comum que Fernando Cabral Martins sintetiza: «A edição coloca-se no exacto ponto de vista em que a literatura deixa de consistir na formulação de um sentido e se torna a modulação de uma intensidade: uma vez recebido o texto escrito, o editor tem de fazê-lo funcionar. E o texto não é o mesmo – não tem a mesma eficácia – se as suas condições materais mudarem. Se a capa for diferente. Se não tiver data. Se o corpo de letra subir. Etc. Mesmo que o texto seja o mesmo, isto é, mesmo que o conjunto das suas palavras e dos seus espaços em branco se mantenha inalterável.» (itálico meu)E o texto não é o mesmo se as suas condições materiais mudarem. E não é realmente. Um bom projecto gráfico, puxando a brasa à minha sardinha, e uma competente e eficaz capa, pode (e deve!) fazer de um texto pobre um belo livro. Sim, porque um conjunto de folhas manuscritas ou 200/300 mil caracteres em word não fazem um livro, aliás, não são um livro. Um livro é bem mais do que isso. O autor do texto não é o único autor do livro. O livro resulta, quase sempre, de um processo em que editor, designer e, em alguns casos, o próprio tipógrafo, são autores participativos. Eles têm o poder de suspender o tempo, criando uma fenda onde o livro nasce e ganha significação para o mundo.Esse processo não é matemático, isto é, não é o mesmo para todos os livros e depende, em grande parte, dos intervenientes. A experiência diz-me que a relação que se cria entre eles, seja ela de respeito profissional, reconhecimento ou mesmo amizade, influenciam e determinam o resultado final. Um Homem é um Homem, uma máquina, uma máquina e um livro, um livro. Confundir isto é, e será sempre, um erro de palmatória.Editar, desenhar, fazer livros, é um processo humano, pois são pessoas que o executam. Não é indiferente se o papel for branco ou amarelado, se capa for mate ou brilhante ou se tipografia for serifada ou não, assim como não é indiferente se um Homem for Homem, se uma máquina for máquina ou se um livro for apenas um livro.[nota: uma palavra de agradecimento ao Pedro Marques pelas simpáticas palavras em relação ao meu trabalho. A admiração que tenho pela qualidade que apresenta na Livros de Areia, que é evidente pelas 4 nomeações que as suas capas tiveram no prémio Booktailors | Ler, na luta desigual contra as fitinhas, cortantes ou vernizes que a impressão digital (ainda!) não permite, merece a nossa vénia e aplauso.]


título: A Fenda do Tempo e do Texto [nov. 2008]autor: Váriosissn: 1646-2963formato (mm): 150x210 [badanas de 80]Impressão a CMYK.Plastificação brilhante.Cartolina 240 gr.editor: Cooperativa Literáriaimpressor: Publidisadesigner: Ilídio J.B. VascoNeste quinto número da revista callema, da qual tenho o prazer de ser editor e designer, discute-se «Edição e Revistas Literárias», ou seja, é a própria revista a pensar sobre si e as outras, mas no veículo ou suporte revista. Parece estranho! A melhor analogia que encontro, rebusco-a das longínquas aulas de Linguística na faculdade: Esta callema 5 é uma metalinguagem, uma linguagem que é usada para se explicar a si mesma.Procura explicar a revista enquanto revista literária e enquanto objecto de edição. A secção «Câmara», secção onde encontramos os textos relativos à edição, revela três artigos (editing, publishing e design) de três amigos: Fernando Cabral Martins (professor de Teoria de Edição na FCSH), Nuno Seabra Lopes (booktailor assumido) e Pedro Marques (editor e designer da Livros de Areia). Três textos que, de certa forma, adquiriram um denominador comum que Fernando Cabral Martins sintetiza: «A edição coloca-se no exacto ponto de vista em que a literatura deixa de consistir na formulação de um sentido e se torna a modulação de uma intensidade: uma vez recebido o texto escrito, o editor tem de fazê-lo funcionar. E o texto não é o mesmo – não tem a mesma eficácia – se as suas condições materais mudarem. Se a capa for diferente. Se não tiver data. Se o corpo de letra subir. Etc. Mesmo que o texto seja o mesmo, isto é, mesmo que o conjunto das suas palavras e dos seus espaços em branco se mantenha inalterável.» (itálico meu)E o texto não é o mesmo se as suas condições materiais mudarem. E não é realmente. Um bom projecto gráfico, puxando a brasa à minha sardinha, e uma competente e eficaz capa, pode (e deve!) fazer de um texto pobre um belo livro. Sim, porque um conjunto de folhas manuscritas ou 200/300 mil caracteres em word não fazem um livro, aliás, não são um livro. Um livro é bem mais do que isso. O autor do texto não é o único autor do livro. O livro resulta, quase sempre, de um processo em que editor, designer e, em alguns casos, o próprio tipógrafo, são autores participativos. Eles têm o poder de suspender o tempo, criando uma fenda onde o livro nasce e ganha significação para o mundo.Esse processo não é matemático, isto é, não é o mesmo para todos os livros e depende, em grande parte, dos intervenientes. A experiência diz-me que a relação que se cria entre eles, seja ela de respeito profissional, reconhecimento ou mesmo amizade, influenciam e determinam o resultado final. Um Homem é um Homem, uma máquina, uma máquina e um livro, um livro. Confundir isto é, e será sempre, um erro de palmatória.Editar, desenhar, fazer livros, é um processo humano, pois são pessoas que o executam. Não é indiferente se o papel for branco ou amarelado, se capa for mate ou brilhante ou se tipografia for serifada ou não, assim como não é indiferente se um Homem for Homem, se uma máquina for máquina ou se um livro for apenas um livro.[nota: uma palavra de agradecimento ao Pedro Marques pelas simpáticas palavras em relação ao meu trabalho. A admiração que tenho pela qualidade que apresenta na Livros de Areia, que é evidente pelas 4 nomeações que as suas capas tiveram no prémio Booktailors | Ler, na luta desigual contra as fitinhas, cortantes ou vernizes que a impressão digital (ainda!) não permite, merece a nossa vénia e aplauso.]

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