PALAVROSSAVRVS REX: MERDA DE VIDAS. VIDAS DE MERDA

23-05-2009
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Dos alunos problemáticos, rebeldes, rufias, é que eu gosto mais.Sinceramente é. A comunidade escolar e certos professores tomam-nos de pontae aqueles quase nunca mais têm ou o benefício da dúvida ou um grau de aceitação que lhes permita novamente sentirem-se gente entre gente.Por alguma razão, sempre entramos numa empatia talque a dado passo aproximam-se e logo começam a fazer revelações extraordináriasdas suas acções loucas e divertidas do passado recente. Ser maroto e malandro é uma arte.Falam dela por ser passado e possibilidade sempre em aberto, dêem-lhes os motivos. Recordam-se de malfeitorias como quem, atravessada essa fase, a olham entre o prazer havido e uma espécie de implícita auto-censura envergonhada, mas tudo emulsionado de glória, obviamente.lkjComigo foi sempre assim porque nem no Ensino nem em coisa nenhumafaço qualquer acepção de pessoas, sempre à espreita do milagre revelador da unicidade de cada uma, e mais que a pedagogia da selecção e da hierarquização de pessoas segundo os critérios tantas vezes parcialistas do mérito, pratico a pedagogia do resgate humanizador de pessoas por si mesmas.lkjAo primeiro olhar, os meus alunos da categoria bravia sentem-no e compreendem-no.Por isso, se me demonstram como praticam / praticaram o desespero activo «das vacas das storas» nas salas de aula, as tais que lhes partem inúteis réguas na cabeça,que lhes gritam ao longo de noventa minutos, que os mandam estar quietos e caladoscinquenta mil vezes, que se armam em tesas e generalícias até o tiro lhes sair pela culatra,que põem voz grossa e fazem as peixeiradas espalhafatosas que puderema fim de escaparem ilesas à doxa genérica de que são brutas, complicadas e, por isso mesmo, incompetentes no básico do básico;se me narram as batalhas campais nos corredores e espaços abertos das escolas,se me testemunham as pedras que voam entre putos e, muitas vezes,para os vidros; se me revelam os requintes de bloqueio das aulas, o pretexto da limpeza obediente que inunda a sala de amoníaco ou de lixívia, inviabilizando a aula, o amontoar das cadeiras por detrás da porta da sala,impedindo a entrada da docente, o perpétuo desafio e toreio a pé pelos alunos das pessoascuja profissão é ensinar o possível e inventar um 'ter tomates' venha quem vier;se me confessam que os escarros nem sempre acertam no puto rivalmas em cheio na cara do Presidente do Conselho Executivo que apareceu ali a apartarrivalidades com ossos partidos e maxilares deslocados;se me relatam que as medidas punitivas no lusco-fusco de uma sala fechada(Fodinhas de Galo ou de Touro, com entradas de leão e saídas de sendeiro)nem sempre correm bem: «Ó professor, o Presidente do Conselho Executivocaga-se todo comigo!» Não me digam! - exclamo eu. «É a sério, professor. Ele tem medo que se pela de mim. Ao outro dia, estava a descer a persianapara me zupar, mas quando me meteu a mão levou logo o troco. Eu disse-lhe: "Tira a puta da pata de cima senão leva!" E ele não fez nadinha. Ó professor, o meu irmão é que é rufia. Já é homem. Ao outro dia, acordou no hospital. Tinha tido um coma alcoólico.»;se me dizem dos vandalismos por esses infinitos Supermercados Modelo ou pelos nacional-McDonalds infinitos, com carrinhos de compras vazios deslizandoperigosamente por rampas e escadas e morra Sansão e quantos aqui estãoou McTelhas arrancadas e lançadas para onde McCalheaté à chegada tardia e lenta da Polícia, que não actua em dias de chuva - sublinham -,os melhores dias para tainas,o certo é que conseguem escapulir in extremis sobre as asas de toda a ganza que treze anos de vida podem albergar;se, portanto, tudo isto e é só uma síntese, é porque sentem que nunca terão em mimum docente bufo ou rígido e exigente como um cadáver antecipado,que os há por aí, sempre infelizes e azedos e com razão.Os colegas desumanamente profissionais, esses nunca desarmam para uma urgente naturalidade de mortais.lkjClaro que esta violência natural e naturalizadora, processo iniciático,sempre no passado, sempre imensamente pretérita em relação à data da narração,vai fazendo vítimas: todos os que a atalham frontalmente e a afrontam.Professores, naturalmente. Tudo está certo no errado que estáe o Ministério da Educação (este) nada sabe e nem sabe o que diz sobre a violência escolar.Limita-se a comprimir a vida docente na grande tenaz modernacom a qual se faz em papa a docência e se sonha com a racionalizaçãodos recursos humanos através de uma gestão desumana por desmoralizadora. E essa tenaz faz-se pela pressão papeliana, pela pressão parental,pela pressão da população discente com rédea solta para pressionar por boas notas,por bons indicadores, por bons resultados, por boas médias, boas estatísticas,população discente por sua vez cheia de pressões e contorções sociais e familiares.Este Ministério consuma, assim, uma condenação notória das pessoas que num iludido diaabraçaram isto que parecia uma profissão e hoje é um manicómio,uma fábrica de neuróticos, de torturados, um albergue de cérebros fundidos,alzeimerizadas mentes de impotência,afónicos de irrelevância, parkinsonianos de nulidade.Todo o professor quer ser mais teso que o outro.Todo o professor quer ter mais tomates que o outro.Todo o professor quer ter mais pulso e autoridade que o outro.No processo, fode a voz, fode a mente, fode o corpo,desgasta-se a olhos vistos, caso não tenha alguns oásis de reconhecimento e de sincero afecto no processo.Perante aquilo que sei e que observo, sinto que ambientalmente são tempos piores que maus os que se vivem nas escolas e se ontem mesmoaquela funcionária AdaAE (Auxiliar da Acção Educativa), notoriamente embriagada,que me dizia: «Tem de ser assim, sôtôr, é preciso ser duro com eles,senão eles comem a gente...» era também um símbolo acabado de tudo isto,com o seu hálito etílico que me magoavacom aquele cambalear e aquele olhar dançante nas órbitas, ao desabar de lado,por pouco falhava!, sobre a cadeira de vigilância do Sector,a verdade é que todos caminhamos nos nossos limites físicos e psicológicos,cambaleando também ou de cansaço ou de perplexidade ou de esta imponderável derrota dentro da cegueira obstinada do Sistema kafka-lurdesiano.lkjNão cheguei a dizer porquê, mas digo-o agora, oito dias depois, que um dia de estes também eu bebi de mais dentro de tal espírito de exaustão em facede uma vida difícil e violenta, exigente fisicamente, exigente psiquicamente,exigente animicamente, uma vida tão sem tempo, tão sem lazer, tão sem dinheiro,de onde se desaba fragorosamente no momentâneo escapismo de uma garrafa de maduro tinto mais à mão.Ou verde. Ou branco. Pode ser Whisky. Pode ser Vodka-Laranja-Limão. Cachaça Caribé. Tequilla.lkjNessa noite agonizei as minhas dores, mas também as exorcizei.No dia seguinte, estava na Escola como se nada fosse. Nunca tenho ressacas!A ressaca da minha vida, tal como ela é, chega e sobra!lkjAinda nos aguardam as cotas avaliativas de 'excelente' e as de 'não satisfaz',o grande alea iacta est está predeterminado, sendo que a vida é assim:turmas que abusam o mais que podem de um professor de cada vez,turmas onde a quantidade é boa gestão embora esmague e oprima a docência qualitativa,turmas onde o desrespeito dos alunos e a afonia dos docentesé um cenário de Céu inspirado a partir das altas instâncias incompetentes e burocráticas Lemos e quejandos secretários de estado. Há erros de casting deliberados que só convêm à chamada gestão na Educação. Quem Governo recua nas novas taxas sobre os saquinhos de compras já taxados,que recua de esses cinco cêntimos tão poderosos e rendáveis, ainda que mal-vistos,por que não recua de se permitir a brutalizar e imolar gente em nome não se sabe que Totem gestionário? É só multiplicar os exemplos de não-recuo disto.lkj[Oiço acerca da república das bananas-para-alguns em que se converteu o BCPe dá vontade de rir e de chorar e de voltar a rir e voltar a chorar:este país é o infantário da Alta Finança e o Jardim-Escola de todas as coisas sérias.Roda-se ainda por cá, casting ilimitado, Voando Sobre um Ninho de Cucos.Faz-se pouco dos portugueses de todas as formas imagináveisa cada abuso de monta, a cada excesso a que certos Buracos-do-Cu sem ética se dão! É Millennium! É Jardim! É o limite da vergonha!Também por isso dá vontade de enlouquecer de bebida e de caos. Se não são vocês, leitores e não-sei-se-amigos!Aguentai-me, que lhes vou às fuças, aos adminstroberdamerdas imorais!]lkjMuito a propósito, se querem ler uma síntese excelente do CAVAQUISMO, do seu halo de oco com o presente ramificado nódulo socretino, ela está aqui!Quando se olha para trás, compreende-se com que bacalhau seco nos presidenciamos.Os vazios adoram os vazios.Os autoritários adoram os autoritários. Amam rever-se em alguém como eles e também os Lurdes apadrinham.lkjMerda de vida! Tudo isto é tão aborto! Vida de merda!


Dos alunos problemáticos, rebeldes, rufias, é que eu gosto mais.Sinceramente é. A comunidade escolar e certos professores tomam-nos de pontae aqueles quase nunca mais têm ou o benefício da dúvida ou um grau de aceitação que lhes permita novamente sentirem-se gente entre gente.Por alguma razão, sempre entramos numa empatia talque a dado passo aproximam-se e logo começam a fazer revelações extraordináriasdas suas acções loucas e divertidas do passado recente. Ser maroto e malandro é uma arte.Falam dela por ser passado e possibilidade sempre em aberto, dêem-lhes os motivos. Recordam-se de malfeitorias como quem, atravessada essa fase, a olham entre o prazer havido e uma espécie de implícita auto-censura envergonhada, mas tudo emulsionado de glória, obviamente.lkjComigo foi sempre assim porque nem no Ensino nem em coisa nenhumafaço qualquer acepção de pessoas, sempre à espreita do milagre revelador da unicidade de cada uma, e mais que a pedagogia da selecção e da hierarquização de pessoas segundo os critérios tantas vezes parcialistas do mérito, pratico a pedagogia do resgate humanizador de pessoas por si mesmas.lkjAo primeiro olhar, os meus alunos da categoria bravia sentem-no e compreendem-no.Por isso, se me demonstram como praticam / praticaram o desespero activo «das vacas das storas» nas salas de aula, as tais que lhes partem inúteis réguas na cabeça,que lhes gritam ao longo de noventa minutos, que os mandam estar quietos e caladoscinquenta mil vezes, que se armam em tesas e generalícias até o tiro lhes sair pela culatra,que põem voz grossa e fazem as peixeiradas espalhafatosas que puderema fim de escaparem ilesas à doxa genérica de que são brutas, complicadas e, por isso mesmo, incompetentes no básico do básico;se me narram as batalhas campais nos corredores e espaços abertos das escolas,se me testemunham as pedras que voam entre putos e, muitas vezes,para os vidros; se me revelam os requintes de bloqueio das aulas, o pretexto da limpeza obediente que inunda a sala de amoníaco ou de lixívia, inviabilizando a aula, o amontoar das cadeiras por detrás da porta da sala,impedindo a entrada da docente, o perpétuo desafio e toreio a pé pelos alunos das pessoascuja profissão é ensinar o possível e inventar um 'ter tomates' venha quem vier;se me confessam que os escarros nem sempre acertam no puto rivalmas em cheio na cara do Presidente do Conselho Executivo que apareceu ali a apartarrivalidades com ossos partidos e maxilares deslocados;se me relatam que as medidas punitivas no lusco-fusco de uma sala fechada(Fodinhas de Galo ou de Touro, com entradas de leão e saídas de sendeiro)nem sempre correm bem: «Ó professor, o Presidente do Conselho Executivocaga-se todo comigo!» Não me digam! - exclamo eu. «É a sério, professor. Ele tem medo que se pela de mim. Ao outro dia, estava a descer a persianapara me zupar, mas quando me meteu a mão levou logo o troco. Eu disse-lhe: "Tira a puta da pata de cima senão leva!" E ele não fez nadinha. Ó professor, o meu irmão é que é rufia. Já é homem. Ao outro dia, acordou no hospital. Tinha tido um coma alcoólico.»;se me dizem dos vandalismos por esses infinitos Supermercados Modelo ou pelos nacional-McDonalds infinitos, com carrinhos de compras vazios deslizandoperigosamente por rampas e escadas e morra Sansão e quantos aqui estãoou McTelhas arrancadas e lançadas para onde McCalheaté à chegada tardia e lenta da Polícia, que não actua em dias de chuva - sublinham -,os melhores dias para tainas,o certo é que conseguem escapulir in extremis sobre as asas de toda a ganza que treze anos de vida podem albergar;se, portanto, tudo isto e é só uma síntese, é porque sentem que nunca terão em mimum docente bufo ou rígido e exigente como um cadáver antecipado,que os há por aí, sempre infelizes e azedos e com razão.Os colegas desumanamente profissionais, esses nunca desarmam para uma urgente naturalidade de mortais.lkjClaro que esta violência natural e naturalizadora, processo iniciático,sempre no passado, sempre imensamente pretérita em relação à data da narração,vai fazendo vítimas: todos os que a atalham frontalmente e a afrontam.Professores, naturalmente. Tudo está certo no errado que estáe o Ministério da Educação (este) nada sabe e nem sabe o que diz sobre a violência escolar.Limita-se a comprimir a vida docente na grande tenaz modernacom a qual se faz em papa a docência e se sonha com a racionalizaçãodos recursos humanos através de uma gestão desumana por desmoralizadora. E essa tenaz faz-se pela pressão papeliana, pela pressão parental,pela pressão da população discente com rédea solta para pressionar por boas notas,por bons indicadores, por bons resultados, por boas médias, boas estatísticas,população discente por sua vez cheia de pressões e contorções sociais e familiares.Este Ministério consuma, assim, uma condenação notória das pessoas que num iludido diaabraçaram isto que parecia uma profissão e hoje é um manicómio,uma fábrica de neuróticos, de torturados, um albergue de cérebros fundidos,alzeimerizadas mentes de impotência,afónicos de irrelevância, parkinsonianos de nulidade.Todo o professor quer ser mais teso que o outro.Todo o professor quer ter mais tomates que o outro.Todo o professor quer ter mais pulso e autoridade que o outro.No processo, fode a voz, fode a mente, fode o corpo,desgasta-se a olhos vistos, caso não tenha alguns oásis de reconhecimento e de sincero afecto no processo.Perante aquilo que sei e que observo, sinto que ambientalmente são tempos piores que maus os que se vivem nas escolas e se ontem mesmoaquela funcionária AdaAE (Auxiliar da Acção Educativa), notoriamente embriagada,que me dizia: «Tem de ser assim, sôtôr, é preciso ser duro com eles,senão eles comem a gente...» era também um símbolo acabado de tudo isto,com o seu hálito etílico que me magoavacom aquele cambalear e aquele olhar dançante nas órbitas, ao desabar de lado,por pouco falhava!, sobre a cadeira de vigilância do Sector,a verdade é que todos caminhamos nos nossos limites físicos e psicológicos,cambaleando também ou de cansaço ou de perplexidade ou de esta imponderável derrota dentro da cegueira obstinada do Sistema kafka-lurdesiano.lkjNão cheguei a dizer porquê, mas digo-o agora, oito dias depois, que um dia de estes também eu bebi de mais dentro de tal espírito de exaustão em facede uma vida difícil e violenta, exigente fisicamente, exigente psiquicamente,exigente animicamente, uma vida tão sem tempo, tão sem lazer, tão sem dinheiro,de onde se desaba fragorosamente no momentâneo escapismo de uma garrafa de maduro tinto mais à mão.Ou verde. Ou branco. Pode ser Whisky. Pode ser Vodka-Laranja-Limão. Cachaça Caribé. Tequilla.lkjNessa noite agonizei as minhas dores, mas também as exorcizei.No dia seguinte, estava na Escola como se nada fosse. Nunca tenho ressacas!A ressaca da minha vida, tal como ela é, chega e sobra!lkjAinda nos aguardam as cotas avaliativas de 'excelente' e as de 'não satisfaz',o grande alea iacta est está predeterminado, sendo que a vida é assim:turmas que abusam o mais que podem de um professor de cada vez,turmas onde a quantidade é boa gestão embora esmague e oprima a docência qualitativa,turmas onde o desrespeito dos alunos e a afonia dos docentesé um cenário de Céu inspirado a partir das altas instâncias incompetentes e burocráticas Lemos e quejandos secretários de estado. Há erros de casting deliberados que só convêm à chamada gestão na Educação. Quem Governo recua nas novas taxas sobre os saquinhos de compras já taxados,que recua de esses cinco cêntimos tão poderosos e rendáveis, ainda que mal-vistos,por que não recua de se permitir a brutalizar e imolar gente em nome não se sabe que Totem gestionário? É só multiplicar os exemplos de não-recuo disto.lkj[Oiço acerca da república das bananas-para-alguns em que se converteu o BCPe dá vontade de rir e de chorar e de voltar a rir e voltar a chorar:este país é o infantário da Alta Finança e o Jardim-Escola de todas as coisas sérias.Roda-se ainda por cá, casting ilimitado, Voando Sobre um Ninho de Cucos.Faz-se pouco dos portugueses de todas as formas imagináveisa cada abuso de monta, a cada excesso a que certos Buracos-do-Cu sem ética se dão! É Millennium! É Jardim! É o limite da vergonha!Também por isso dá vontade de enlouquecer de bebida e de caos. Se não são vocês, leitores e não-sei-se-amigos!Aguentai-me, que lhes vou às fuças, aos adminstroberdamerdas imorais!]lkjMuito a propósito, se querem ler uma síntese excelente do CAVAQUISMO, do seu halo de oco com o presente ramificado nódulo socretino, ela está aqui!Quando se olha para trás, compreende-se com que bacalhau seco nos presidenciamos.Os vazios adoram os vazios.Os autoritários adoram os autoritários. Amam rever-se em alguém como eles e também os Lurdes apadrinham.lkjMerda de vida! Tudo isto é tão aborto! Vida de merda!

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