PALAVROSSAVRVS REX: ANJO REFORMADO

23-05-2009
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Ser rejeitado pelos homens é um processo reincidentepara quem nasceu com a Marca: eu nasci com a Marca.Tive os meus transportes místicos muito cedoe quando esbocei falar a minha Língua - o Espirituês, provavelmente -,franziram-me as sobrancelhas e a comunicação faliu.Na altura não podia dar-me conta - tinha acabado de deslizar do ventre maduro da minha mãe -o Espirituês estava a extinguir-se. Por isso mesmo, tenho a clara impressão de que estou a mais e à parte no mundo dos homens:andar a apontar o Céu a Répteis e não em direcção ao Belo Azul Alienado, mas em direcção ao Fulgor das Faces, de todas as Faces humano-estelares,até parece inglório. E é.lkjA fricção de linguagens é grande, a minoria perde,e não é calor aquilo que resulta, ética pouca.O que resulta é uma enorme perplexidadecomo se os corpóreos-espíritos, quase toda a gente-rude, por um instinto insolente antigo, genética-inércia,se recusassem a parturizar-se plenosnuma Língua que é Porta e abre para cá, mas abre para Lá,acedendo nós, nela, à baça luminosidade macia que inculca Confiançano dolente labirinto que é cá.É isso: as pessoas julgam que já nasceram. Nada mais errado!Estão inteiramente por nascer e às vezes vão a enterrarsem sequer lhes terem rebentado as águas,a não ser que a Marca os bafeje antes de esse ponto.Aí a Língua Nova solta-se-lhes muda. Com ela abrem o Livro de não-Morrer, Morrendo.Eu sei que os bafeja porque essa enorme Hora de Trânsito,que parece tão ínfima, mesquinha mesmo, que nunca surpreende o que Passadá-lhe um arregalar de olhos que, na fracção do infrassegundo,compreende tudo.lkjÉ a Hora Signo da Marca Rubra.lkjQuem, porém, nasce com a Marca - vive sempre de olhos arregalados,compreende sempre tudo,mas fala uma Língua inacessível - o imortalês, provavelmente -, aos demais mortais.Em Portugal a extinção da minha Língua é um facto extraordinário, uma antítese dele.Lembra o advento desta era das ambulâncias que não terão rodas a medirpara acorrer aos que acumularam anos, quando acometidos do pânico da Hora,esses que ainda amam as manhãs frescas,o canto do galo, o silêncio ultrassónico dos amanhecer laranja-róseos.Também eles se estão a extinguir e a ser extintos,convertendo-se em números.Porque poucos velhos imaginaramque seriam para aqueles decisores o lastro que desfigura de desalinho os números.Porque poucos jovens suporiamque, para aqueles decisores, seriam a fatia de desempregoa varrer para sob o tapete asseado dos números.A minha Língua, a minha psique sabedora de haver Lá, admite ser Anjo. Pronto, admite.Confessa-se angélica, mas submete-se, sarcástica, à Reforma Estrutural de Nome,que está na moda ter de ser até para si, para mim. Só um Anjo Bipolar, mesmo,a quem passa muitas vezes o Sol pela Lua.É duro andar por aí sem convencionalismo de espécie nenhumae descalço nesta Língua de mais ninguém.


Ser rejeitado pelos homens é um processo reincidentepara quem nasceu com a Marca: eu nasci com a Marca.Tive os meus transportes místicos muito cedoe quando esbocei falar a minha Língua - o Espirituês, provavelmente -,franziram-me as sobrancelhas e a comunicação faliu.Na altura não podia dar-me conta - tinha acabado de deslizar do ventre maduro da minha mãe -o Espirituês estava a extinguir-se. Por isso mesmo, tenho a clara impressão de que estou a mais e à parte no mundo dos homens:andar a apontar o Céu a Répteis e não em direcção ao Belo Azul Alienado, mas em direcção ao Fulgor das Faces, de todas as Faces humano-estelares,até parece inglório. E é.lkjA fricção de linguagens é grande, a minoria perde,e não é calor aquilo que resulta, ética pouca.O que resulta é uma enorme perplexidadecomo se os corpóreos-espíritos, quase toda a gente-rude, por um instinto insolente antigo, genética-inércia,se recusassem a parturizar-se plenosnuma Língua que é Porta e abre para cá, mas abre para Lá,acedendo nós, nela, à baça luminosidade macia que inculca Confiançano dolente labirinto que é cá.É isso: as pessoas julgam que já nasceram. Nada mais errado!Estão inteiramente por nascer e às vezes vão a enterrarsem sequer lhes terem rebentado as águas,a não ser que a Marca os bafeje antes de esse ponto.Aí a Língua Nova solta-se-lhes muda. Com ela abrem o Livro de não-Morrer, Morrendo.Eu sei que os bafeja porque essa enorme Hora de Trânsito,que parece tão ínfima, mesquinha mesmo, que nunca surpreende o que Passadá-lhe um arregalar de olhos que, na fracção do infrassegundo,compreende tudo.lkjÉ a Hora Signo da Marca Rubra.lkjQuem, porém, nasce com a Marca - vive sempre de olhos arregalados,compreende sempre tudo,mas fala uma Língua inacessível - o imortalês, provavelmente -, aos demais mortais.Em Portugal a extinção da minha Língua é um facto extraordinário, uma antítese dele.Lembra o advento desta era das ambulâncias que não terão rodas a medirpara acorrer aos que acumularam anos, quando acometidos do pânico da Hora,esses que ainda amam as manhãs frescas,o canto do galo, o silêncio ultrassónico dos amanhecer laranja-róseos.Também eles se estão a extinguir e a ser extintos,convertendo-se em números.Porque poucos velhos imaginaramque seriam para aqueles decisores o lastro que desfigura de desalinho os números.Porque poucos jovens suporiamque, para aqueles decisores, seriam a fatia de desempregoa varrer para sob o tapete asseado dos números.A minha Língua, a minha psique sabedora de haver Lá, admite ser Anjo. Pronto, admite.Confessa-se angélica, mas submete-se, sarcástica, à Reforma Estrutural de Nome,que está na moda ter de ser até para si, para mim. Só um Anjo Bipolar, mesmo,a quem passa muitas vezes o Sol pela Lua.É duro andar por aí sem convencionalismo de espécie nenhumae descalço nesta Língua de mais ninguém.

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