Há expressões do português de rua que me deixam pensativa: quando alguém manda outro “ir levar no cú” está a tentar ser mal-educado ou simpático? É que para muitas pessoas isso significa ir para casa e passar uns momentos em grande! Já o “vai pó' caralho”, pode tornar-se ofensivo? Há-de haver quem ache que sim, pois claro, mas não todos, olha, a mim se me mandarem, eu faço um “fixe” com o polegar e ainda mando um “com muito gosto!” Agora se disserem “vai pó' caralhinho” (que é uma variante também muito usada) eu já faço um ar intrigado sem saber bem se digo “porreiro pá!” ou se respondo “com esse podes ficar tu, mas obrigadinha na mesma” (convém sempre agradecer nestas coisas). Depois há uma que é particularmente parva devido à volta que lhe dão quando a intenção é ofender a mãe: “vai para a puta que te pariu” o que é que a pessoa pretende com isto? Ofender a mãe, claro, chamando-lhe o equivalente a uma senhora que recebe dinheiro em troca de préstimos sexuais, (ou no caso das acompanhantes, de horas a conversar e nada mais, aham pois) Bom, mas se assim é, porque não dizer antes e de forma directa “a tua mãe é puta!” Assim só, sem estar a dizer à pessoa para sair do seu caminho para o trabalho, meter carro à estrada e fazer quilómetros só para chegar perto da sua mãe! Quando não é isso que interessa, não é o ir para a mãe em si que interessa, mas sim chamar-lhe puta, pronto! Para quê tanta armação do ah e tal vai! Não é vai, é ela é! E mesmo assim está-se a recorrer a um terceiro para tentar ofender o próprio e que, nalguns casos pode até nem resultar pois toda a gente sabe que as putas também têm filhos, portanto é um recurso à tentativa de ofensa, à semelhança dos anteriores, falível. Depois há os redundantes, e esses acabam por ser um bocado tolos, senão veja-se, “seu paneleiro do caralho” cá está, havia de ser paneleiro do quê? Do pipi? “Seu paneleiro da vagina”, era? E os outros, os irracionais, “sua puta de merda” ora isto assim de repente pode significar que a merda é o material de que a puta é feita, sendo que toda a gente sabe que a merda, ao contrário do cimento e da plasticina, não faz propriamente nada, quer dizer também nunca experimentei moldá-la mas acho que ainda que fosse uma puta baixinha, de 1,60m, não se aguentava sendo só feita de merda...Os valores de ofensa estão trocados, acreditem em mim, imaginem a seguinte situação: trânsito, apita daqui, apita dali, muda de faixa, não puseste pisca e vai um e atira: “que é que estás a fazer ó seu vota-no-Sócrates!” E aí, aí sim encolham-se porque nos dias que correm, ofensa mesmo das gordas é chamar a alguém de “votante no Sócrates!”-quer dizer, a mim se chamassem, eu não gostava!
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Há expressões do português de rua que me deixam pensativa: quando alguém manda outro “ir levar no cú” está a tentar ser mal-educado ou simpático? É que para muitas pessoas isso significa ir para casa e passar uns momentos em grande! Já o “vai pó' caralho”, pode tornar-se ofensivo? Há-de haver quem ache que sim, pois claro, mas não todos, olha, a mim se me mandarem, eu faço um “fixe” com o polegar e ainda mando um “com muito gosto!” Agora se disserem “vai pó' caralhinho” (que é uma variante também muito usada) eu já faço um ar intrigado sem saber bem se digo “porreiro pá!” ou se respondo “com esse podes ficar tu, mas obrigadinha na mesma” (convém sempre agradecer nestas coisas). Depois há uma que é particularmente parva devido à volta que lhe dão quando a intenção é ofender a mãe: “vai para a puta que te pariu” o que é que a pessoa pretende com isto? Ofender a mãe, claro, chamando-lhe o equivalente a uma senhora que recebe dinheiro em troca de préstimos sexuais, (ou no caso das acompanhantes, de horas a conversar e nada mais, aham pois) Bom, mas se assim é, porque não dizer antes e de forma directa “a tua mãe é puta!” Assim só, sem estar a dizer à pessoa para sair do seu caminho para o trabalho, meter carro à estrada e fazer quilómetros só para chegar perto da sua mãe! Quando não é isso que interessa, não é o ir para a mãe em si que interessa, mas sim chamar-lhe puta, pronto! Para quê tanta armação do ah e tal vai! Não é vai, é ela é! E mesmo assim está-se a recorrer a um terceiro para tentar ofender o próprio e que, nalguns casos pode até nem resultar pois toda a gente sabe que as putas também têm filhos, portanto é um recurso à tentativa de ofensa, à semelhança dos anteriores, falível. Depois há os redundantes, e esses acabam por ser um bocado tolos, senão veja-se, “seu paneleiro do caralho” cá está, havia de ser paneleiro do quê? Do pipi? “Seu paneleiro da vagina”, era? E os outros, os irracionais, “sua puta de merda” ora isto assim de repente pode significar que a merda é o material de que a puta é feita, sendo que toda a gente sabe que a merda, ao contrário do cimento e da plasticina, não faz propriamente nada, quer dizer também nunca experimentei moldá-la mas acho que ainda que fosse uma puta baixinha, de 1,60m, não se aguentava sendo só feita de merda...Os valores de ofensa estão trocados, acreditem em mim, imaginem a seguinte situação: trânsito, apita daqui, apita dali, muda de faixa, não puseste pisca e vai um e atira: “que é que estás a fazer ó seu vota-no-Sócrates!” E aí, aí sim encolham-se porque nos dias que correm, ofensa mesmo das gordas é chamar a alguém de “votante no Sócrates!”-quer dizer, a mim se chamassem, eu não gostava!