RESENHA DA SEMANA
Nem sei por onde começar... esta é uma espécie de silly season que teima em sobreviver ao fim das férias, e as peripécias sucedem-se em catadupa.
1. O primeiro ministro decidiu encerrar a refinaria de Leça da Palmeira, e eu podia estar contente com o anúncio, mas não estou. Por duas razões: i) o destino de seiscentos trabalhadores é incerto, e ii) tenho quase a certeza que a especulação imobiliária vai atacar em força, estragando ainda mais aquele litoral. Quem, como eu, faz praia no Corgo há quinze anos, pôde ir notando a degradação ambiental, urbanística e visual a que aquela zona foi submetida ao longo dos anos. Conhecendo nós a gula dos construtores, e a maneira como os autarcas se vergam diante dos seus interesses, é de recear a proliferação obscena de imóveis inestéticos e caríssimos junto ao mar, contribuindo ainda mais para a erosão da costa.
2. Depois foi o saneamento dos directores gerais dos recursos humanos e da informática do Ministério da Educação. Encontraram dois bodes expiatórios, com a vantagem de terem sido nomeados por um dos governos do PS. Como é confortável – a culpa é toda daqueles dois. Não lhes bastava terem deixado o país de tanga, ainda se entretiveram a sabotar a colocação dos professores! Estes socialistas... Aprendi duas coisas: a) que são os directores gerais que tomam as decisões políticas nos ministérios, sobrando para a ministra o papel de inauguradora de escolas; b) que aqueles directores gerais decidiram tornar-se incompetentes de repente. Tudo tinha corrido mais ou menos bem até agora, mas logo este ano tinham de fazer asneira. Só para embaraçar o governo, claro! É uma conspiração! Uma cabala!
3. Houve ainda um debate parlamentar, a propósito da abertura do ano escolar, a que a senhora ministra decidiu faltar, enviando os seus secretários de estado. (Um deles é um tal Diogo Feio, que não percebe nada de educação mas é amigo de Paulo Portas.) O senhor primeiro ministro também achou por bem não aparecer. Foi tão lamentável que até Mota Amaral se viu obrigado a repreender o primeiro ministro, informando-o que, apesar de nada o obrigar a estar presente, é esta a tradição desde 1997.
4. O que Bagão Félix disse, nas entrelinhas da sua intervenção enfadonha, foi que vai haver despedimentos na função pública, vão mesmo haver portagens nas SCUT, que a inflação e a dívida pública vão aumentar mais do que o previsto (sem que lhes correspondam aumentos salariais) e que ninguém deve esperar que a crise acabe tão cedo. Preparemo-nos...
5. Mais um administrador para a Casa da Música. Desta vez é o famoso maestro, compositor e professor do Conservatório de Música do Porto, Couto dos Santos. Aqui no Puârto suomos mesmo assinhe: o hóme certo nu lugar certo, carago!
6. Em Trás-os-Montes, um homem comprou uma mulher de 22 anos pelo preço de quinze cabras e €2.500,00. Ainda dizem que a vida humana não tem preço!
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RESENHA DA SEMANA
Nem sei por onde começar... esta é uma espécie de silly season que teima em sobreviver ao fim das férias, e as peripécias sucedem-se em catadupa.
1. O primeiro ministro decidiu encerrar a refinaria de Leça da Palmeira, e eu podia estar contente com o anúncio, mas não estou. Por duas razões: i) o destino de seiscentos trabalhadores é incerto, e ii) tenho quase a certeza que a especulação imobiliária vai atacar em força, estragando ainda mais aquele litoral. Quem, como eu, faz praia no Corgo há quinze anos, pôde ir notando a degradação ambiental, urbanística e visual a que aquela zona foi submetida ao longo dos anos. Conhecendo nós a gula dos construtores, e a maneira como os autarcas se vergam diante dos seus interesses, é de recear a proliferação obscena de imóveis inestéticos e caríssimos junto ao mar, contribuindo ainda mais para a erosão da costa.
2. Depois foi o saneamento dos directores gerais dos recursos humanos e da informática do Ministério da Educação. Encontraram dois bodes expiatórios, com a vantagem de terem sido nomeados por um dos governos do PS. Como é confortável – a culpa é toda daqueles dois. Não lhes bastava terem deixado o país de tanga, ainda se entretiveram a sabotar a colocação dos professores! Estes socialistas... Aprendi duas coisas: a) que são os directores gerais que tomam as decisões políticas nos ministérios, sobrando para a ministra o papel de inauguradora de escolas; b) que aqueles directores gerais decidiram tornar-se incompetentes de repente. Tudo tinha corrido mais ou menos bem até agora, mas logo este ano tinham de fazer asneira. Só para embaraçar o governo, claro! É uma conspiração! Uma cabala!
3. Houve ainda um debate parlamentar, a propósito da abertura do ano escolar, a que a senhora ministra decidiu faltar, enviando os seus secretários de estado. (Um deles é um tal Diogo Feio, que não percebe nada de educação mas é amigo de Paulo Portas.) O senhor primeiro ministro também achou por bem não aparecer. Foi tão lamentável que até Mota Amaral se viu obrigado a repreender o primeiro ministro, informando-o que, apesar de nada o obrigar a estar presente, é esta a tradição desde 1997.
4. O que Bagão Félix disse, nas entrelinhas da sua intervenção enfadonha, foi que vai haver despedimentos na função pública, vão mesmo haver portagens nas SCUT, que a inflação e a dívida pública vão aumentar mais do que o previsto (sem que lhes correspondam aumentos salariais) e que ninguém deve esperar que a crise acabe tão cedo. Preparemo-nos...
5. Mais um administrador para a Casa da Música. Desta vez é o famoso maestro, compositor e professor do Conservatório de Música do Porto, Couto dos Santos. Aqui no Puârto suomos mesmo assinhe: o hóme certo nu lugar certo, carago!
6. Em Trás-os-Montes, um homem comprou uma mulher de 22 anos pelo preço de quinze cabras e €2.500,00. Ainda dizem que a vida humana não tem preço!