Nos anos 50 e princípios dos 60 o grande combate "anti-colonialista" travou-se na Argélia, antes - e, por muito pouco tempo, durante - a nossa Guerra do Ultramar. A resistência de Portugal em África perdurou, e venceu, por mais de dez anos depois da capitulação da França. Acabou por quebrar, já se sabe, mas talvez tenha "morrido na praia", como se costuma dizer.A "Argélia Francesa" foi uma causa "nossa". Detestámos então, intensamente, o General De Gaulle, o "maquiavel" pomposo, sem nobreza e sem verdadeira grandeza, que se começara a revelar como jovem oficial desleal e astuto na Grande Guerra e depois de cavalgar o patriotismo francês durante a II Grande Guerra consentira na imolação dos patriotas da Resistência às ambições e manobras do Partido Comunista do desertor e "colaboracionista" avant la lettre Maurice Thorez. Um nojo. Fazíamos nossas as dores de Maurice Bardèche, cunhado do Robert Brasillach "assassinado legalmente", por despeito. Em 58 e nos anos seguinte voltava a trair: enganava os camaradas de armas que o tinham alcandorado ao poder, e os pieds-noirs e os harkis, cuja história e tragédia uma nova geração traz de novo à actualidade, em livros (veja-se, entre muitos outros e só como exemplo, Un mensonge français - Retours sur la guerre d'Algérie, de Georges-Marc Benamou, 2003), debates de televisão, etc. Sempre ele, Lui qui les juge, como diz o título de um dos livros que nesse tempo publicou o advogado Jacques Isorni. Líamos com indignação esses livros e com gáudio o panfleto de Jacques Laurent Mauriac sous De Gaulle e quantas diatribes se publicavam sobre o oráculo de Colombey-les-Deux Églises. Nunca perdoámos ao homem.Foi, inesperadamente, o Boletim da Ordem dos Advogados ali ao Largo de S. Domingos a vir relembrar-me essas velhas histórias: o número 47 (Maio-Agosto de 2007) da OA inclui um artigo de Carlos Pinto de Abreu, sobre o julgamento, condenação e execução do "último francês fuzilado", o Tenente Coronel Bastien Thiry, que comandou o célebre atentado dito do Petit-Clamart contra De Gaulle. Já li coisas mais bem escritas e não traz novidades, mas não deixa de ser interessante.
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Nos anos 50 e princípios dos 60 o grande combate "anti-colonialista" travou-se na Argélia, antes - e, por muito pouco tempo, durante - a nossa Guerra do Ultramar. A resistência de Portugal em África perdurou, e venceu, por mais de dez anos depois da capitulação da França. Acabou por quebrar, já se sabe, mas talvez tenha "morrido na praia", como se costuma dizer.A "Argélia Francesa" foi uma causa "nossa". Detestámos então, intensamente, o General De Gaulle, o "maquiavel" pomposo, sem nobreza e sem verdadeira grandeza, que se começara a revelar como jovem oficial desleal e astuto na Grande Guerra e depois de cavalgar o patriotismo francês durante a II Grande Guerra consentira na imolação dos patriotas da Resistência às ambições e manobras do Partido Comunista do desertor e "colaboracionista" avant la lettre Maurice Thorez. Um nojo. Fazíamos nossas as dores de Maurice Bardèche, cunhado do Robert Brasillach "assassinado legalmente", por despeito. Em 58 e nos anos seguinte voltava a trair: enganava os camaradas de armas que o tinham alcandorado ao poder, e os pieds-noirs e os harkis, cuja história e tragédia uma nova geração traz de novo à actualidade, em livros (veja-se, entre muitos outros e só como exemplo, Un mensonge français - Retours sur la guerre d'Algérie, de Georges-Marc Benamou, 2003), debates de televisão, etc. Sempre ele, Lui qui les juge, como diz o título de um dos livros que nesse tempo publicou o advogado Jacques Isorni. Líamos com indignação esses livros e com gáudio o panfleto de Jacques Laurent Mauriac sous De Gaulle e quantas diatribes se publicavam sobre o oráculo de Colombey-les-Deux Églises. Nunca perdoámos ao homem.Foi, inesperadamente, o Boletim da Ordem dos Advogados ali ao Largo de S. Domingos a vir relembrar-me essas velhas histórias: o número 47 (Maio-Agosto de 2007) da OA inclui um artigo de Carlos Pinto de Abreu, sobre o julgamento, condenação e execução do "último francês fuzilado", o Tenente Coronel Bastien Thiry, que comandou o célebre atentado dito do Petit-Clamart contra De Gaulle. Já li coisas mais bem escritas e não traz novidades, mas não deixa de ser interessante.