Acompanho as eleições francesas com mais entusiasmo com que acompanho as na Madeira. A verdade é que as primeiras têm sido, do ponto de vista das ideias, estimulantes. As segundas revelam o cacique e o nepótico no seu melhor. E excuso-me a comentar mais.Sarkozy é uma figura admirável, com um talento político reconhecido. E tem uma característica que simpatizo, o pragmatismo (na acepção da teoria segundo a qual a verdade de uma ideia reside na sua utilidade).Ségolene Royal é contudo muito mais interessante. A começar não cultiva o dogma do aparelho partidário, o que faz dela uma pessoa independente e objectiva. O facto de ser mulher também a favorece. Acredito que o papel da mulher na sociedade (inclui política e poder) só pode ser enriquecedor. Respeito a coragem e determinação das mulheres que conheço e que são obrigadas a provar duplamente que merecem a mesma confiança que um homem. Sublinho duplamente.Acredito na sua sensibilidade e na diferença com que abordam os problemas. Não sou paternalista, respeito-as ponto.Mas é no plano das ideias que mais admiro Ségolene. Apesar da simpatia ao pragmático não deixo de ser idealista. Olho para a ideia como uma moldura do quadro humano. A ideia é para mim um elemento estrutural e estruturante. O pragmatismo pode ser, segundo o meu ponto de vista, a estratégia para a resolução dos problemas do quotidiano das pessoas. Mas o que as move é a ideia, a ideia de um futuro tranquilo, confortável e seguro. Bem sei que o verbo é fácil mas fazer sem explicar o porquê não funciona. Aí reside a grande diferença: achar que se sabe o que os outros precisam e agir em função ou mobilizar os outros através de referências (as ideias) e fazê-los participar na acção.Para os que a apelidam de não socialista (é pragmática o quanto baste) responde: a tarefa dos socialistas do século XXI é enfrentar as questões novas. A verdadeira fidelidade não é a repetição.Intrigante?Boa sorte França.
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Acompanho as eleições francesas com mais entusiasmo com que acompanho as na Madeira. A verdade é que as primeiras têm sido, do ponto de vista das ideias, estimulantes. As segundas revelam o cacique e o nepótico no seu melhor. E excuso-me a comentar mais.Sarkozy é uma figura admirável, com um talento político reconhecido. E tem uma característica que simpatizo, o pragmatismo (na acepção da teoria segundo a qual a verdade de uma ideia reside na sua utilidade).Ségolene Royal é contudo muito mais interessante. A começar não cultiva o dogma do aparelho partidário, o que faz dela uma pessoa independente e objectiva. O facto de ser mulher também a favorece. Acredito que o papel da mulher na sociedade (inclui política e poder) só pode ser enriquecedor. Respeito a coragem e determinação das mulheres que conheço e que são obrigadas a provar duplamente que merecem a mesma confiança que um homem. Sublinho duplamente.Acredito na sua sensibilidade e na diferença com que abordam os problemas. Não sou paternalista, respeito-as ponto.Mas é no plano das ideias que mais admiro Ségolene. Apesar da simpatia ao pragmático não deixo de ser idealista. Olho para a ideia como uma moldura do quadro humano. A ideia é para mim um elemento estrutural e estruturante. O pragmatismo pode ser, segundo o meu ponto de vista, a estratégia para a resolução dos problemas do quotidiano das pessoas. Mas o que as move é a ideia, a ideia de um futuro tranquilo, confortável e seguro. Bem sei que o verbo é fácil mas fazer sem explicar o porquê não funciona. Aí reside a grande diferença: achar que se sabe o que os outros precisam e agir em função ou mobilizar os outros através de referências (as ideias) e fazê-los participar na acção.Para os que a apelidam de não socialista (é pragmática o quanto baste) responde: a tarefa dos socialistas do século XXI é enfrentar as questões novas. A verdadeira fidelidade não é a repetição.Intrigante?Boa sorte França.