XimPi

28-06-2009
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A mulemba secou.No barro da rua,Pisadas, por toda a gente,Ficaram as folhasSecas, amareladasA estalar sob os pés de quem passava.Depois o vento as levou...Como as folhas da mulembaForam-se os sonhos gaiatosDos miúdos do meu bairro.(De dia,Espalhavam visgo nos ramosE apanhavam catituis,Viúvas, siripipisQue o Chiquito da MulembaIa vender no PalácioNuma gaiola de bimba.De noite,Faziam roda, sentados,A ouvir, de olhos esbugalhadosA velha Jaja a contarHistórias de arrepiarDo feitiçeiro Catimba.)Mas a mulemba secouE com ela,Secou tambem a alegriaDa miúdagem do bairro;O Macuto da XiminhaQue cantava todo o diaJá não canta.O Zé Camilo, coitado,Passa o dia deitadoA pensar em muitas coisas.E o velhote Camalundo,Quando passa por ali,Já ninguém o arrelia,Já mais ninguém lhe assobia,Já faz a vida em sossego.Como o meu bairro mudou,Como o meu bairro está tristePorque a mulemba secou...Só o velho CamalundoSorri ao passar por lá!...Aires Almeida dos Santos (1922-1991)Nasceu em 1922 no Chinguar, província do Bié. Passou a infância em Benguela e a adolescência no Huambo. Em Benguela fez os estudos primários e no Liceu do Lubango concluíu o 7º ano. Exerceu jornalismo em Luanda, tem colaboração literária dispersa nos vários jornais publicados em Angola, como Jornal de Benguela, Jornal de Angola e A Província de Angola. Morreu em 1991, na cidade de Benguela. Publicou: Meu Amor da Rua Onze (1987).Desenho de Neves e Sousa


A mulemba secou.No barro da rua,Pisadas, por toda a gente,Ficaram as folhasSecas, amareladasA estalar sob os pés de quem passava.Depois o vento as levou...Como as folhas da mulembaForam-se os sonhos gaiatosDos miúdos do meu bairro.(De dia,Espalhavam visgo nos ramosE apanhavam catituis,Viúvas, siripipisQue o Chiquito da MulembaIa vender no PalácioNuma gaiola de bimba.De noite,Faziam roda, sentados,A ouvir, de olhos esbugalhadosA velha Jaja a contarHistórias de arrepiarDo feitiçeiro Catimba.)Mas a mulemba secouE com ela,Secou tambem a alegriaDa miúdagem do bairro;O Macuto da XiminhaQue cantava todo o diaJá não canta.O Zé Camilo, coitado,Passa o dia deitadoA pensar em muitas coisas.E o velhote Camalundo,Quando passa por ali,Já ninguém o arrelia,Já mais ninguém lhe assobia,Já faz a vida em sossego.Como o meu bairro mudou,Como o meu bairro está tristePorque a mulemba secou...Só o velho CamalundoSorri ao passar por lá!...Aires Almeida dos Santos (1922-1991)Nasceu em 1922 no Chinguar, província do Bié. Passou a infância em Benguela e a adolescência no Huambo. Em Benguela fez os estudos primários e no Liceu do Lubango concluíu o 7º ano. Exerceu jornalismo em Luanda, tem colaboração literária dispersa nos vários jornais publicados em Angola, como Jornal de Benguela, Jornal de Angola e A Província de Angola. Morreu em 1991, na cidade de Benguela. Publicou: Meu Amor da Rua Onze (1987).Desenho de Neves e Sousa

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