Papéis de Alexandria*: "Les Quatre Cent Coups" e François Truffaut

16-07-2009
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fonte: wikipedia(português do Brasil não revisto) O inesquecível Antoine Doinel deLes Quatre Cent Coups, na espantosa representaçãode Jean-Pierre Leaud[veja aqui o filme-anúncio de Les Quatre Cents Coups ] François Truffaut (1932 - 1984) foi um cineasta francês, um dos fundadores do movimento nouvelle vague e um dos maiores ícones da história do cinema do século XX. Em quase 25 anos de carreira como director, Truffaut dirigiu 26 filmes. Conseguiu conciliar um grande sucesso de público e de crítica na maior parte deles. Os temas principais da sua obra foram as mulheres, a paixão e a infância. Além da direção cinematográfica, Truffaut foi também roteirista, produtor e actor.François Truffaut nasceu no início dos anos 30, filho de Roland Lévy e Jeanine de Montferrand. O garoto jamais conheceu o pai biológico e foi criado pelos avós maternos - já que a mãe o rejeitara. O avô era um homem rígido, enquanto a avó despertou no menino a paixão pela literatura e música. Com sete anos, François viu o primeiro filme no cinema, Paradis perdu, de Abel Gance. Dali em diante, interessou-se assiduamente pela sétima arte. Aos 10 anos, François perdeu a avó e foi morar com a mãe, que estava casada Roland Truffaut, um arquiteto católico. Este acabou registrando o garoto com o seu sobrenome. Foi o período mais difícil da infância de Truffaut. Rechaçado tanto pelo pai adotivo quanto pela mãe, seu espírito rebelde o tornou um mau aluno na escola e a cometer alguns atos de deliqüência, como pequenos furtos. Esta fase de convívio com os pais inspiraria Truffaut em seu primeiro trabalho cinematográfico, o autobiográfico Les Quatre Cent Coups. .Naquele tempo, François Truffaut costumava faltar às aulas para assistir a muitos filmes secretamente, muitas vezes com o colega de classe Robert Lachenay, seu grande amigo na infância. Aos 14, Truffaut abandonou a escola definitivamente e passou a viver de pequenos trabalhos e alguns furtos. A paixão pelo cinema fez o jovem Truffaut fundar, em 1947, um cine-clube, chamado "Cercle cinémane". Aquela era uma época de enorme efervencência cultural na França pós-II Guerra Mundial, e os cineclubes, lotados, era o local para se assistir às projeções e discuti-las depois. Mas o "Cercle" não teria vida longa, já que ele concorria com o"Travail et culture", cine-clube do escritor e crítico de cinema Andre Bazin. Bazin soube que o "Cercle" estava à beira da falência e foi conhecer Truffaut. Sensibilizado com o menino cinéfilo, o crítico tornaria-se uma espécie de "pai" para François.A influência de Bazin na vida de François Truffaut foi decisiva. O jovem tornou-se autodidata, esforçando-se para ver três filmes por dia e ler três livros por semana. Ele até chegou a fazer um acordo com o pai adotivo, que lhe custearia despesas derivadas de sua vida cinéfila. Em troca, Roland Truffaut exigiu que François arrumasse um emprego estável e abandonasse o seu cine-clube de vez. Mas o garoto descumpriu o acordo, e Roland Truffaut o internou em um reformatório juvenil de Villejuif, e passou sua custódia para a polícia. Os psicólogos do reformatório contactaram Andre Bazin, que prometeu dar um emprego a François no "Travail et culture". Sob liberdade condicional, Truffaut foi internado em um lar religioso de Versailles, mas seis meses depois foi expulso por mau comportamento.Secretário pessoal de Andre Bazin, aos 18 anos, François Truffaut obteve a emancipação legal dos país. Bazin continuou a lhe dar a formação adequada em cinema, introduzindo-o no "Objectif 49", um seleto grupo jovens estudiosos do novo cinema da época, como Orson Welles e Roberto Rossellini. Mais tarde, integrariam o "Objectif 49" nomes como Jean-Luc Godard, Suzanne Schiffman e Jean-Marie Straub. Truffaut também participava do "Ciné club du Quartier Latin", boletim sobre cinema coordenado por Eric Rohmer, em que ele daria seus primeiros passos como crítico da "sétima arte".O seu primeiro artigo foi sobre o clássico A regra do jogo (1939), de Jean Renoir. Em abril de 1950, François Truffaut foi contratado como jornalista pela revista Elle e passou a escrever seus primeiros textos. Também fazia contribuições regulares para outras publicações.Mas, em decisão inexplicável, Truffaut largou a profissão e alistou-se nas Forças Armadas francesas. Arrependido, tentou escapar, mas acabou preso por tentativa de deserção. Novamente, Andre Bazin intercedeu por ele e Truffaut livrou-se do serviço militar depois de dois anos, em fevereiro de 1952. Desempregado, aceitou morar com a família de Bazin e dedicou-se a ver filmes e escrever artigos como freelancer.Os Cahiers du cinémaEm abril de 1951 - época em que François Truffaut estava preso -, uma nova revista sobre cinema nascia. A "Cahiers du cinéma", fundada por André Bazin, Jacques Doniol-Valcroze e Joseph-Marie Lo Duca, tornaria-se a mais influente públicação sobre o assunto na França. Em 1953, Bazin ajudou Truffaut a entrar para a "Cahiers". E logo com seu primeiro artigo, "Une Certaine tendance du cinéma française" ("Uma certa tendência do cinema francês", em portugês) - um manifesto contra "a tradição da qualidade" do cinema francês -, Truffaut causou polêmica no meio cinematográfico, seja para defendê-lo ou criticá-lo.Além das críticas contundentes de François Truffaut, a "Cahiers" contava com outros jovens promissores, a saber, Claude Chabrol, Eric Rohmer, Jacques Rivette e Jean-Luc Godard. Ao longo de seis anos na revista, Truffaut publicou 170 artigos, a maioria deles críticas de filmes ou entrevistas com diretores, alguns dos quais se tornariam seus amigos, como Jean Renoir, Max Ophuls e Roberto Rossellini. Mais tarde, François Truffaut também publicou artigos pela revista "Arts-Lettres-Spectacles", reduto dos intelectuais de direita da época.Alvo constante de críticas de publicações de tendência esquerdista, como "L'Express" e "Les Temps modernes", Truffaut manteve sua postura de atacar aquilo que julgava ser um cinema obsoleto. Mas Truffaut sempre fez questão de evitar o engajamento político, embora tivesse militado em algumas ocasiões, como contra a guerra na Argélia.A Nouvelle VagueComo crítico, François Truffaut desenvolveu sua famosa "Politique des auteurs" (teoria autoral, em português). Neste conceito, o filme é considerado uma produção individual, como uma canção ou um livro. Truffaut defendia que a responsabilidade sobre um filme dependia quase que exclusivamente de uma única pessoa, em geral o diretor. Para ele, o grande representante de sua teoria era o diretor inglês Alfred Hitchcock.A "Politique des auteurs" foi a base para o surgimento de um movimento que revolucionaria o cinema francês. Criada por jovens cineastas franceses, a Nouvelle Vague defendia tanto a produção autoral, com também uma produção intimista e a baixo custo. Esta nova geração era formada principalmente por jovens críticos das publicações especializadas. E a dúvida que pairava era: será que um crítico é capaz de fazer um filme? François Truffaut foi um dos primeiros a tentar provar que era possível. Ele realizou três curtas-metragem. Ainda naquele ano, Truffaut publicou o conto "Antoine et l'Orpheline" na "La Parisienne" - onde também era colaborador - e fez sua primeira entrevista com Alfred Hitchcock, em Paris, para a "Cahiers".Em 1956, Truffaut foi assistente de produção de Rossellini e, no ano seguinte, fundou a sua própria companhia de cinema, a Les films du Carrosse. Em 1957, casou-se com Madeleine Morgenstern, filha do rico distribuidor Ignace Morgenstern (COCINOR). O casamento com Madaleine garantiu plena independência artística-financeira para os trabalhos de François Truffaut. Com ela, o cineasta teve duas filhas: Laura (1959) e Eva (1961).Durante a produção de "Les Quatre Cent Coups", Truffaut viu, em 11 de novembro, o "pai" Andre Bazin falecer, vitimado pela leucemia.Carreira consolidadaCom as gravações de "Jules et Jim", o cineasta teve um caso de amor com a atriz francesa Jeanne Moreau, casada na época com o costureiro Pierre Cardin. O casamento de Truffaut já havai sofrido um sério abalo, quando ele teve um curto relacionamento com uma atriz de 17 anos, Maria-France Pisier, protagonista de "Antoine et Colette". Em 1964, Truffaut decidiu romper seu casamento com Madeleine Morgenstern, e manteve o romance com Moreau, recém-separada de Cardin.O prestígio de Truffaut o levou a ser cogitado para dirigir Bonnie & Clide(1967). Um ano depois, François Truffaut fez parte, como tesoureiro, da comitê de defesa da "Cinémathèque Française", que tinha como presidente de honra Jean Renoir. O diretor militou activamente pela instituição, inclusivé chegou a assinar panfletos ao lado do filósofo Jean-Paul Sartre. Com Beijos Proibidos, Truffaut se apaixonou por Claude Jade e os dois chegaram a ficar noivos, mas romperam logo. No fim dos anos 60, o diretor e Godard rompem uma longa amizade, iniciada na redação da "Cahiers du Cinéma". A ruptura seria para sempre, embora Godard tentasse uma reconciliação nos anos 80.Em , depois do sucesso com A Noite Americana, com o qual ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro, François Truffaut recusou proposta da Warner Brothers para refilmar Casablanca. Quatro anos depois, o cineasta actuou em Contatos Imediatos do Terceiro Grau, do diretor norte-americano Steven Spielberg. Em outubro de 1979, François Truffaut aceitou o cargo de presidente da "Federação International dos Cine-clubes".A morteTruffaut apoiou a eleição do socialista François Mitterrand para a presidência francesa. No poder, Mitterrand quis condecorá-lo com a "Legião de Honra". Em 1983, nasceu a terceira filha do cineasta, Joséphine Truffaut. Na época, Truffaut queixava-se de intensas dores de cabeça. Descobriu mais tarde que estava com cancro no cérebro. Pensava em fazer sua autobiografia, com o amigo Claude de Givray, mas os problemas de saúde o impediram de finalizá-la. Em 21 de outubro de 1984, François Truffaut faleceu, no Hospital Americano de Neuilly-sur-Seine, vítima de um tumor cerebral, causado pelo vício do cigarro.filmografia1954 : Une visite1957 : Les Mistons1958 : Une histoire d'eau co-autoria com Jean-Luc Godard1959 : Les Quatre Cents Coups - Os quatrocentos golpes1960 : Tirez sur le pianiste - Disparem sobre o pianista1961 : Tire-au-flanc co-realizado com Claude de Givray1962 : Antoine et Colette (média metragem do flme em episódios « L'Amour à 20 ans »)- Anor aos 20 anos1962 : Jules et Jim - Jules e Jim1964 : La Peau douce - Um só pecado1966 : Fahrenheit 451 - Fahrenheit 4511968 : La mariée était en noir - A noiva estva de negro1968 : Baisers volés- Beijos roubados1969 : La Sirène du Mississippi - A sereia do Mississipi1969 : L'Enfant sauvage - O garoto selvagem1970 : Domicile conjugal - Domícilio conjugal1971 : Les Deux Anglaises et le continent - Duas inglesas e o continente1972 : Une belle fille comme moi - Uma jovem tão bela como eu1973 : La Nuit américaine - A noite americana1975 : L'Histoire d'Adèle H. .-A história de Adele H.1976 : L'Argent de poche - Na idade da inocência1977 : L'Homme qui aimait les femmes - O homem que amava as mulheres1978 : La Chambre verte - O quarto verde1979 : L'Amour en fuite - Amor em fuga1980 : Le Dernier Métro - O último metro1981 : La Femme d'à côté - A mulher do lado1983 : Vivement dimanche ! - Finalmente, domingo!Prémios e NomeaçõesRecebeu 1 nomeação ao Óscar, na categoria de Melhor Realizador, por "La nuit américaine" (1973).Recebeu ainda outras 2 nomeações, na categoria de Melhor Argumento Original, por "Les 400 coups" (1959) e "La nuit américaine" (1973).Ganhou o prémio de Melhor Realizador no Festival de Cannes, por "Les 400 coups" (1959).Ganhou o César de Melhor Realizador e Melhor Argumento, por "Le dernier métro" (1980).Foi ainda nomeado na categoria de Melhor Realizador em 1983, por "Vivement Dimanche!" Ganhou o Prémio OCIC, no Festival de Berlim, por "L'Argent de Poche" (1976) François Truffaut dirigindo Fanny ArdantJean-Pierre Leaud, Jacqueline Bisset e François Truffaut Isabelle Adjani em A História de Ádele C.


fonte: wikipedia(português do Brasil não revisto) O inesquecível Antoine Doinel deLes Quatre Cent Coups, na espantosa representaçãode Jean-Pierre Leaud[veja aqui o filme-anúncio de Les Quatre Cents Coups ] François Truffaut (1932 - 1984) foi um cineasta francês, um dos fundadores do movimento nouvelle vague e um dos maiores ícones da história do cinema do século XX. Em quase 25 anos de carreira como director, Truffaut dirigiu 26 filmes. Conseguiu conciliar um grande sucesso de público e de crítica na maior parte deles. Os temas principais da sua obra foram as mulheres, a paixão e a infância. Além da direção cinematográfica, Truffaut foi também roteirista, produtor e actor.François Truffaut nasceu no início dos anos 30, filho de Roland Lévy e Jeanine de Montferrand. O garoto jamais conheceu o pai biológico e foi criado pelos avós maternos - já que a mãe o rejeitara. O avô era um homem rígido, enquanto a avó despertou no menino a paixão pela literatura e música. Com sete anos, François viu o primeiro filme no cinema, Paradis perdu, de Abel Gance. Dali em diante, interessou-se assiduamente pela sétima arte. Aos 10 anos, François perdeu a avó e foi morar com a mãe, que estava casada Roland Truffaut, um arquiteto católico. Este acabou registrando o garoto com o seu sobrenome. Foi o período mais difícil da infância de Truffaut. Rechaçado tanto pelo pai adotivo quanto pela mãe, seu espírito rebelde o tornou um mau aluno na escola e a cometer alguns atos de deliqüência, como pequenos furtos. Esta fase de convívio com os pais inspiraria Truffaut em seu primeiro trabalho cinematográfico, o autobiográfico Les Quatre Cent Coups. .Naquele tempo, François Truffaut costumava faltar às aulas para assistir a muitos filmes secretamente, muitas vezes com o colega de classe Robert Lachenay, seu grande amigo na infância. Aos 14, Truffaut abandonou a escola definitivamente e passou a viver de pequenos trabalhos e alguns furtos. A paixão pelo cinema fez o jovem Truffaut fundar, em 1947, um cine-clube, chamado "Cercle cinémane". Aquela era uma época de enorme efervencência cultural na França pós-II Guerra Mundial, e os cineclubes, lotados, era o local para se assistir às projeções e discuti-las depois. Mas o "Cercle" não teria vida longa, já que ele concorria com o"Travail et culture", cine-clube do escritor e crítico de cinema Andre Bazin. Bazin soube que o "Cercle" estava à beira da falência e foi conhecer Truffaut. Sensibilizado com o menino cinéfilo, o crítico tornaria-se uma espécie de "pai" para François.A influência de Bazin na vida de François Truffaut foi decisiva. O jovem tornou-se autodidata, esforçando-se para ver três filmes por dia e ler três livros por semana. Ele até chegou a fazer um acordo com o pai adotivo, que lhe custearia despesas derivadas de sua vida cinéfila. Em troca, Roland Truffaut exigiu que François arrumasse um emprego estável e abandonasse o seu cine-clube de vez. Mas o garoto descumpriu o acordo, e Roland Truffaut o internou em um reformatório juvenil de Villejuif, e passou sua custódia para a polícia. Os psicólogos do reformatório contactaram Andre Bazin, que prometeu dar um emprego a François no "Travail et culture". Sob liberdade condicional, Truffaut foi internado em um lar religioso de Versailles, mas seis meses depois foi expulso por mau comportamento.Secretário pessoal de Andre Bazin, aos 18 anos, François Truffaut obteve a emancipação legal dos país. Bazin continuou a lhe dar a formação adequada em cinema, introduzindo-o no "Objectif 49", um seleto grupo jovens estudiosos do novo cinema da época, como Orson Welles e Roberto Rossellini. Mais tarde, integrariam o "Objectif 49" nomes como Jean-Luc Godard, Suzanne Schiffman e Jean-Marie Straub. Truffaut também participava do "Ciné club du Quartier Latin", boletim sobre cinema coordenado por Eric Rohmer, em que ele daria seus primeiros passos como crítico da "sétima arte".O seu primeiro artigo foi sobre o clássico A regra do jogo (1939), de Jean Renoir. Em abril de 1950, François Truffaut foi contratado como jornalista pela revista Elle e passou a escrever seus primeiros textos. Também fazia contribuições regulares para outras publicações.Mas, em decisão inexplicável, Truffaut largou a profissão e alistou-se nas Forças Armadas francesas. Arrependido, tentou escapar, mas acabou preso por tentativa de deserção. Novamente, Andre Bazin intercedeu por ele e Truffaut livrou-se do serviço militar depois de dois anos, em fevereiro de 1952. Desempregado, aceitou morar com a família de Bazin e dedicou-se a ver filmes e escrever artigos como freelancer.Os Cahiers du cinémaEm abril de 1951 - época em que François Truffaut estava preso -, uma nova revista sobre cinema nascia. A "Cahiers du cinéma", fundada por André Bazin, Jacques Doniol-Valcroze e Joseph-Marie Lo Duca, tornaria-se a mais influente públicação sobre o assunto na França. Em 1953, Bazin ajudou Truffaut a entrar para a "Cahiers". E logo com seu primeiro artigo, "Une Certaine tendance du cinéma française" ("Uma certa tendência do cinema francês", em portugês) - um manifesto contra "a tradição da qualidade" do cinema francês -, Truffaut causou polêmica no meio cinematográfico, seja para defendê-lo ou criticá-lo.Além das críticas contundentes de François Truffaut, a "Cahiers" contava com outros jovens promissores, a saber, Claude Chabrol, Eric Rohmer, Jacques Rivette e Jean-Luc Godard. Ao longo de seis anos na revista, Truffaut publicou 170 artigos, a maioria deles críticas de filmes ou entrevistas com diretores, alguns dos quais se tornariam seus amigos, como Jean Renoir, Max Ophuls e Roberto Rossellini. Mais tarde, François Truffaut também publicou artigos pela revista "Arts-Lettres-Spectacles", reduto dos intelectuais de direita da época.Alvo constante de críticas de publicações de tendência esquerdista, como "L'Express" e "Les Temps modernes", Truffaut manteve sua postura de atacar aquilo que julgava ser um cinema obsoleto. Mas Truffaut sempre fez questão de evitar o engajamento político, embora tivesse militado em algumas ocasiões, como contra a guerra na Argélia.A Nouvelle VagueComo crítico, François Truffaut desenvolveu sua famosa "Politique des auteurs" (teoria autoral, em português). Neste conceito, o filme é considerado uma produção individual, como uma canção ou um livro. Truffaut defendia que a responsabilidade sobre um filme dependia quase que exclusivamente de uma única pessoa, em geral o diretor. Para ele, o grande representante de sua teoria era o diretor inglês Alfred Hitchcock.A "Politique des auteurs" foi a base para o surgimento de um movimento que revolucionaria o cinema francês. Criada por jovens cineastas franceses, a Nouvelle Vague defendia tanto a produção autoral, com também uma produção intimista e a baixo custo. Esta nova geração era formada principalmente por jovens críticos das publicações especializadas. E a dúvida que pairava era: será que um crítico é capaz de fazer um filme? François Truffaut foi um dos primeiros a tentar provar que era possível. Ele realizou três curtas-metragem. Ainda naquele ano, Truffaut publicou o conto "Antoine et l'Orpheline" na "La Parisienne" - onde também era colaborador - e fez sua primeira entrevista com Alfred Hitchcock, em Paris, para a "Cahiers".Em 1956, Truffaut foi assistente de produção de Rossellini e, no ano seguinte, fundou a sua própria companhia de cinema, a Les films du Carrosse. Em 1957, casou-se com Madeleine Morgenstern, filha do rico distribuidor Ignace Morgenstern (COCINOR). O casamento com Madaleine garantiu plena independência artística-financeira para os trabalhos de François Truffaut. Com ela, o cineasta teve duas filhas: Laura (1959) e Eva (1961).Durante a produção de "Les Quatre Cent Coups", Truffaut viu, em 11 de novembro, o "pai" Andre Bazin falecer, vitimado pela leucemia.Carreira consolidadaCom as gravações de "Jules et Jim", o cineasta teve um caso de amor com a atriz francesa Jeanne Moreau, casada na época com o costureiro Pierre Cardin. O casamento de Truffaut já havai sofrido um sério abalo, quando ele teve um curto relacionamento com uma atriz de 17 anos, Maria-France Pisier, protagonista de "Antoine et Colette". Em 1964, Truffaut decidiu romper seu casamento com Madeleine Morgenstern, e manteve o romance com Moreau, recém-separada de Cardin.O prestígio de Truffaut o levou a ser cogitado para dirigir Bonnie & Clide(1967). Um ano depois, François Truffaut fez parte, como tesoureiro, da comitê de defesa da "Cinémathèque Française", que tinha como presidente de honra Jean Renoir. O diretor militou activamente pela instituição, inclusivé chegou a assinar panfletos ao lado do filósofo Jean-Paul Sartre. Com Beijos Proibidos, Truffaut se apaixonou por Claude Jade e os dois chegaram a ficar noivos, mas romperam logo. No fim dos anos 60, o diretor e Godard rompem uma longa amizade, iniciada na redação da "Cahiers du Cinéma". A ruptura seria para sempre, embora Godard tentasse uma reconciliação nos anos 80.Em , depois do sucesso com A Noite Americana, com o qual ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro, François Truffaut recusou proposta da Warner Brothers para refilmar Casablanca. Quatro anos depois, o cineasta actuou em Contatos Imediatos do Terceiro Grau, do diretor norte-americano Steven Spielberg. Em outubro de 1979, François Truffaut aceitou o cargo de presidente da "Federação International dos Cine-clubes".A morteTruffaut apoiou a eleição do socialista François Mitterrand para a presidência francesa. No poder, Mitterrand quis condecorá-lo com a "Legião de Honra". Em 1983, nasceu a terceira filha do cineasta, Joséphine Truffaut. Na época, Truffaut queixava-se de intensas dores de cabeça. Descobriu mais tarde que estava com cancro no cérebro. Pensava em fazer sua autobiografia, com o amigo Claude de Givray, mas os problemas de saúde o impediram de finalizá-la. Em 21 de outubro de 1984, François Truffaut faleceu, no Hospital Americano de Neuilly-sur-Seine, vítima de um tumor cerebral, causado pelo vício do cigarro.filmografia1954 : Une visite1957 : Les Mistons1958 : Une histoire d'eau co-autoria com Jean-Luc Godard1959 : Les Quatre Cents Coups - Os quatrocentos golpes1960 : Tirez sur le pianiste - Disparem sobre o pianista1961 : Tire-au-flanc co-realizado com Claude de Givray1962 : Antoine et Colette (média metragem do flme em episódios « L'Amour à 20 ans »)- Anor aos 20 anos1962 : Jules et Jim - Jules e Jim1964 : La Peau douce - Um só pecado1966 : Fahrenheit 451 - Fahrenheit 4511968 : La mariée était en noir - A noiva estva de negro1968 : Baisers volés- Beijos roubados1969 : La Sirène du Mississippi - A sereia do Mississipi1969 : L'Enfant sauvage - O garoto selvagem1970 : Domicile conjugal - Domícilio conjugal1971 : Les Deux Anglaises et le continent - Duas inglesas e o continente1972 : Une belle fille comme moi - Uma jovem tão bela como eu1973 : La Nuit américaine - A noite americana1975 : L'Histoire d'Adèle H. .-A história de Adele H.1976 : L'Argent de poche - Na idade da inocência1977 : L'Homme qui aimait les femmes - O homem que amava as mulheres1978 : La Chambre verte - O quarto verde1979 : L'Amour en fuite - Amor em fuga1980 : Le Dernier Métro - O último metro1981 : La Femme d'à côté - A mulher do lado1983 : Vivement dimanche ! - Finalmente, domingo!Prémios e NomeaçõesRecebeu 1 nomeação ao Óscar, na categoria de Melhor Realizador, por "La nuit américaine" (1973).Recebeu ainda outras 2 nomeações, na categoria de Melhor Argumento Original, por "Les 400 coups" (1959) e "La nuit américaine" (1973).Ganhou o prémio de Melhor Realizador no Festival de Cannes, por "Les 400 coups" (1959).Ganhou o César de Melhor Realizador e Melhor Argumento, por "Le dernier métro" (1980).Foi ainda nomeado na categoria de Melhor Realizador em 1983, por "Vivement Dimanche!" Ganhou o Prémio OCIC, no Festival de Berlim, por "L'Argent de Poche" (1976) François Truffaut dirigindo Fanny ArdantJean-Pierre Leaud, Jacqueline Bisset e François Truffaut Isabelle Adjani em A História de Ádele C.

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