Papéis de Alexandria*: Perguntemos antes

16-07-2009
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"Avante!"Não vale a pena fingir que não vimos e não vale a pena ignorar os efeitos negativos daquilo que vimos. Melhor é mesmo enfrentar a coisa de frente.Estamos a falar da manchete do «Público» de sábado passado que, revelando os resultados de uma sondagem sobre o referendo de 8 de Novembro, gritava «Não 60,9% Sim 39,1%».E estamos igualmente a falar da manchete do «Diário de Notícias» de segunda-feira que, também sobre uma sondagem similar, gritava «não 44% sim 36%».Assumidos os factos, poderíamos agora partir para uma digressão onde pedíssemos aos defensores do sim que reparassem que a própria diferença de resultados ( entre estas duas sondagens e entre estas e outras anteriores) mostra a precariedade e incerteza relativa destas consultas e que nada está antecipadamente decidido..Poderíamos lembrar que o «Público», se não tivesse querido insistir no truque de fazer desaparecer da manchete os que «não sabem/não respondem» e de repartir matematicamente os «indecisos» pela proporção de sins e nãos registados ( assim pondo a falar quem a única coisa que disse na sondagem foi que não abria a boca), o que deveria ter levado para a manchete era «Não 42,4%, Sim 27,2%, Indecisos 30,3%». Poderíamos lembrar que, no caso da manchete do «Público», e ao contrário do que poderá parecer, o sim para ganhar não precisaria de recuperar 20 pontos mas cerca de 11, porque num universo percentual em que só entram duas posições, os pontos que um lado ganhar são automaticamente os mesmos pontos perdidos pelo outro lado.Também poderíamos lembrar que, ainda há pouco tempo, nos passou diante dos olhos uma sondagem com 6.500 inquiridos (dez vezes mais que a amostra do «DN» e cinco vezes mais que a do «Público») em que, pelo critério agora usado pelo «Público», o resultado seria «Sim 50,6% Não 49,4%» e, pelo critério agora usado pelo «DN», seria «Sim 30,9% Não 30,1%».E sobretudo poderíamos lembrar que o resultados das sondagens sobre referendos padecem, de forma acrescida, de uma incerteza e insegurança básicas que advém dos diferenciais que se podem verificar entre uma intenção de ir votar que comodamente se declara perante os inquiridores e a concreto acto de ir mesmo votar.Escrevemos todas estas sensatas palavras, mas entretanto somos os primeiros a saber quão desigual é o combate entre manchetes e títulos sobre sondagens e a capacidade de reflexão, de autonomia, de distanciação e de espírito crítico dos cidadãos. E talvez ainda esteja para nascer alguém que, podendo saber tudo isto e muito mais, possa garantir sinceramente que não se deixa influenciar, ainda que momentaneamente, pelas manchetes e títulos sobre sondagens.Mas mesmo sabendo isso, continua a ser justo observar, numa adaptação livre de uma conhecida frase de John Fitzgerald Kennedy, que o melhor será que não perguntemos o que as sondagens podem fazer por nós, e perguntemos antes o que podemos nós fazer pelas sondagens, isto é, que podemos e devemos nós fazer para que as sondagens e sobretudo o resultado final em 8 de Novembro seja o contrário dos vaticínios pessimistas com que alguns esperam amolecer a nossa vontade e entorpecer o trabalho que nos cumpre desenvolver para a vitória do «sim».


"Avante!"Não vale a pena fingir que não vimos e não vale a pena ignorar os efeitos negativos daquilo que vimos. Melhor é mesmo enfrentar a coisa de frente.Estamos a falar da manchete do «Público» de sábado passado que, revelando os resultados de uma sondagem sobre o referendo de 8 de Novembro, gritava «Não 60,9% Sim 39,1%».E estamos igualmente a falar da manchete do «Diário de Notícias» de segunda-feira que, também sobre uma sondagem similar, gritava «não 44% sim 36%».Assumidos os factos, poderíamos agora partir para uma digressão onde pedíssemos aos defensores do sim que reparassem que a própria diferença de resultados ( entre estas duas sondagens e entre estas e outras anteriores) mostra a precariedade e incerteza relativa destas consultas e que nada está antecipadamente decidido..Poderíamos lembrar que o «Público», se não tivesse querido insistir no truque de fazer desaparecer da manchete os que «não sabem/não respondem» e de repartir matematicamente os «indecisos» pela proporção de sins e nãos registados ( assim pondo a falar quem a única coisa que disse na sondagem foi que não abria a boca), o que deveria ter levado para a manchete era «Não 42,4%, Sim 27,2%, Indecisos 30,3%». Poderíamos lembrar que, no caso da manchete do «Público», e ao contrário do que poderá parecer, o sim para ganhar não precisaria de recuperar 20 pontos mas cerca de 11, porque num universo percentual em que só entram duas posições, os pontos que um lado ganhar são automaticamente os mesmos pontos perdidos pelo outro lado.Também poderíamos lembrar que, ainda há pouco tempo, nos passou diante dos olhos uma sondagem com 6.500 inquiridos (dez vezes mais que a amostra do «DN» e cinco vezes mais que a do «Público») em que, pelo critério agora usado pelo «Público», o resultado seria «Sim 50,6% Não 49,4%» e, pelo critério agora usado pelo «DN», seria «Sim 30,9% Não 30,1%».E sobretudo poderíamos lembrar que o resultados das sondagens sobre referendos padecem, de forma acrescida, de uma incerteza e insegurança básicas que advém dos diferenciais que se podem verificar entre uma intenção de ir votar que comodamente se declara perante os inquiridores e a concreto acto de ir mesmo votar.Escrevemos todas estas sensatas palavras, mas entretanto somos os primeiros a saber quão desigual é o combate entre manchetes e títulos sobre sondagens e a capacidade de reflexão, de autonomia, de distanciação e de espírito crítico dos cidadãos. E talvez ainda esteja para nascer alguém que, podendo saber tudo isto e muito mais, possa garantir sinceramente que não se deixa influenciar, ainda que momentaneamente, pelas manchetes e títulos sobre sondagens.Mas mesmo sabendo isso, continua a ser justo observar, numa adaptação livre de uma conhecida frase de John Fitzgerald Kennedy, que o melhor será que não perguntemos o que as sondagens podem fazer por nós, e perguntemos antes o que podemos nós fazer pelas sondagens, isto é, que podemos e devemos nós fazer para que as sondagens e sobretudo o resultado final em 8 de Novembro seja o contrário dos vaticínios pessimistas com que alguns esperam amolecer a nossa vontade e entorpecer o trabalho que nos cumpre desenvolver para a vitória do «sim».

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