A outra Varinha Mágica: Qimonda

20-05-2009
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José Sócrates entrou por um caminho sem retorno. Ao decidir "salvas as empresas que pudermos", o Primeiro-Ministro subverteu aquilo que andou a defender durante anos. Quando recursou intervir no mercado para equilibrar os indecorosos preços dos combustíveis, que ajudaram a falir empresas e depauperar famílias e empregos, tomou uma decisão política que foi, por si, gravemente violada, quando decidiu distribuir milhões por bancos, sector de produção automóvel, uma mina e uma empresa de chips electrónicos. Ao tomar essas medidas, Sócrates não apenas violou os seus próprios princípios políticos como tornou o Estado na entidade que escolhe arbitrariamente quem salva. Pior do que isso, decidiu salvar os maus gestores, as más empresas, as empresas que, apesar dos lucros e dos recordes de produção e vendas que sempre anunciaram, foram incapazes de sustetar-se após três ou quatro meses de quebras no mercado. O que levaria a crer que essas empresas suportariam outros quatro ou cinco meses? Sócrates escolheu, nessa altura, um caminho ruinoso do ponto de vista político, onde a intervenção do Estado (ainda há poucos meses tão puritano que não podia sequer "puxar as orelhas" às despudoradas petrolíferas) ultrapassou tudo o que poderia ser aceitável como regulador de mercado. Atirar pacotes de dinheiro para dentro de empresas falidas, de capitais estrangeiros e estupidamente mal geridas, a ponto de estarem na falência apesar dos resultados que, ano após ano, nos foram apresentados, é indecoroso e destrói tudo aquilo que andámos a construir depois do 25 de Abril de 1974. Mas, se não bastasse a violação de todos os nossos (e dos seus) princípios, Sócrates ainda cometeu outro erro: escolheu mal. Os milhões não resolveram, como era previsível, porque os maus gestores não ficaram bons e porque deitar um copo de água num incêndio não o apaga. O caso da Qimonda deveria, num País decente, fazer cair um Governo e fazer desaparecer no nevoeiro, que hoje esconde toda a cidade de Vila do Conde, quem irresponsavelmente esquece os que hoje dormem na rua e não têm dinheiro para uma refeição. Os milhões queimados na Qimonda em três meses alimentavam todos esses, até ao fim da crise.


José Sócrates entrou por um caminho sem retorno. Ao decidir "salvas as empresas que pudermos", o Primeiro-Ministro subverteu aquilo que andou a defender durante anos. Quando recursou intervir no mercado para equilibrar os indecorosos preços dos combustíveis, que ajudaram a falir empresas e depauperar famílias e empregos, tomou uma decisão política que foi, por si, gravemente violada, quando decidiu distribuir milhões por bancos, sector de produção automóvel, uma mina e uma empresa de chips electrónicos. Ao tomar essas medidas, Sócrates não apenas violou os seus próprios princípios políticos como tornou o Estado na entidade que escolhe arbitrariamente quem salva. Pior do que isso, decidiu salvar os maus gestores, as más empresas, as empresas que, apesar dos lucros e dos recordes de produção e vendas que sempre anunciaram, foram incapazes de sustetar-se após três ou quatro meses de quebras no mercado. O que levaria a crer que essas empresas suportariam outros quatro ou cinco meses? Sócrates escolheu, nessa altura, um caminho ruinoso do ponto de vista político, onde a intervenção do Estado (ainda há poucos meses tão puritano que não podia sequer "puxar as orelhas" às despudoradas petrolíferas) ultrapassou tudo o que poderia ser aceitável como regulador de mercado. Atirar pacotes de dinheiro para dentro de empresas falidas, de capitais estrangeiros e estupidamente mal geridas, a ponto de estarem na falência apesar dos resultados que, ano após ano, nos foram apresentados, é indecoroso e destrói tudo aquilo que andámos a construir depois do 25 de Abril de 1974. Mas, se não bastasse a violação de todos os nossos (e dos seus) princípios, Sócrates ainda cometeu outro erro: escolheu mal. Os milhões não resolveram, como era previsível, porque os maus gestores não ficaram bons e porque deitar um copo de água num incêndio não o apaga. O caso da Qimonda deveria, num País decente, fazer cair um Governo e fazer desaparecer no nevoeiro, que hoje esconde toda a cidade de Vila do Conde, quem irresponsavelmente esquece os que hoje dormem na rua e não têm dinheiro para uma refeição. Os milhões queimados na Qimonda em três meses alimentavam todos esses, até ao fim da crise.

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