Anti Provinciano: Crítica ao comunismo (a Timóteo)

20-07-2009
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Em resposta ao comentário do Timshel, acerca do meu post anterior:Costumo dizer que o mercado é como uma fórmula matemática. Colocamos lá um input, e ele dá-nos o output correspondente resultante das escolhas individuais de cada um.Ao assegurarmos igualdade de oportunidades, cada um fica igualmente livre de colocar o input que entende para obter o output que pretende. Cada um é livre de prosseguir os seus fins. Se for mais materialista trabalhará mais. Caso contrário, trabalhará menos. Se fizer as opções correctas, irá ter a vida que pretende. Se escolher errado, irá sofrer as consequências das suas opções. Sendo certo que deverá haver um apoio social que assegure a dignidade humana de cada um. Isto é o que eu defendo.O Timóteo defende que, independentemente do que cada um fizer, o output está definido à partida. Pode trabalhar mais, estudar mais, encontrar formas mais eficientes de trabalhar, inventar algo importante - não importa, o resultado final já está definido. Pode ter o sonho de ter uma casa junto à praia. Não importa o que faça, esse sonho não é atingível. Talvez seja, mas só pelo acaso, nunca pela vontade.No seu mundo ideal, caro Timóteo, o mérito não conta. Pelo contrário, o demérito é incentivado - posso não fazer nenhum, o resultado é o mesmo. Experimente visitar uma empresa em que os maus empregados tem o mesmo reconhecimento (em particular o monetário) que os melhores. Ao fim de pouco tempo essa empresa está na falência. Porquê? Porque ou os bons decidiram sair, ou então "converteram-se" à mediocridade. Qual o resultado duma sociedade que não valoriza o mérito? Só pode ser um - a pobreza.Mas mais grave que a pobreza, é a desigualdade que essa sociedade contém. Porque todos somos diferentes, todos temos objectivos (mesmo monetários) diferentes, e todos procuramos caminhos diferentes. O seu "ponto de vista" nega tudo isto. Todos serão assepticamente iguais. Uma outra crítica que se pode fazer ao seu "ponto de vista" é a apropriação da sociedade do fruto do trabalho de cada um. A exploração do "capitalista" ao trabalhador não é legítima, mas se for a "sociedade" passa a ser legítima? Em nome de quê? Uma coisa são as responsabilidades de cada um perante a sociedade, e o dever de contribuir para a promoção da dignidade humana de todos. Para corrigir desigualdades de base entre as pessoas. Outra coisa, é a apropriação da totalidade do trabalho de alguém para dar a todos os outros. Na sua sociedade, o trabalho de cada um não lhe pertence - pertence à sociedade. Porquê? Porque motivo entende que é ilegítimo que uns sejam mais produtivos que outros? A isto, caro Timóteo, chama-se inveja.É curioso que Marx falava da propriedade dos meios de produção. Nunca lhe ocorreu sequer a ideia de igualdade de resultados, porque (a meu ver) é um profundo disparate.É mais que óbvio que o Timóteo tem problemas com o mercado. Se o resultado do mercado está definido à partida (todos ganham o mesmo), o mercado nunca funciona. Precisa mesmo de planeamento centralizado. Por um simples motivo: imagine um agricultor que pode cultivar batatas ou cenouras. Existe maior procura de cenouras. Numa situação de mercado livre, ele tem incentivo de cultivar cenouras. Numa situação de igualdade de resultados, é irrelevante para ele o que produz - vai ganhar o mesmo. Vai acabar a plantar laranjeiras porque dá menos trabalho e é mais bonito...Mas responda-me a três questões, caro Timóteo: 1 - Por que motivo é legitima essa apropriação da sociedade do trabalho de cada um?2- Por que motivo é essa situação desejável?3- Se a igualdade é um valor tão supremo e absoluto, não deveria ser extendida a outros campos que não o económico? Por forma a distribuir a felicidade de forma equitativa entre todos? (sei lá, o mesmo número de relações sexuais por ano, o mesmo "índice de beleza", a mesma roupa, o mesmo QI, ...) Porque não procurar eliminar todas as diferenças naturais, já que são estas que malevolamente causam todas as diferenças económicas posteriores. Porque não eliminar isto à partida? Poupava muita chatisse...Porque, muito sinceramente, sempre foi a intolerância à diferença que gerou sistemas totalitaristas - nazismo, fascismo, comunismo soviético, maoismo,...- aceitar a diversidade com tolerância talvez seja a melhor forma de atingir a igualdade que importa. A igualdade na dignidade humana.


Em resposta ao comentário do Timshel, acerca do meu post anterior:Costumo dizer que o mercado é como uma fórmula matemática. Colocamos lá um input, e ele dá-nos o output correspondente resultante das escolhas individuais de cada um.Ao assegurarmos igualdade de oportunidades, cada um fica igualmente livre de colocar o input que entende para obter o output que pretende. Cada um é livre de prosseguir os seus fins. Se for mais materialista trabalhará mais. Caso contrário, trabalhará menos. Se fizer as opções correctas, irá ter a vida que pretende. Se escolher errado, irá sofrer as consequências das suas opções. Sendo certo que deverá haver um apoio social que assegure a dignidade humana de cada um. Isto é o que eu defendo.O Timóteo defende que, independentemente do que cada um fizer, o output está definido à partida. Pode trabalhar mais, estudar mais, encontrar formas mais eficientes de trabalhar, inventar algo importante - não importa, o resultado final já está definido. Pode ter o sonho de ter uma casa junto à praia. Não importa o que faça, esse sonho não é atingível. Talvez seja, mas só pelo acaso, nunca pela vontade.No seu mundo ideal, caro Timóteo, o mérito não conta. Pelo contrário, o demérito é incentivado - posso não fazer nenhum, o resultado é o mesmo. Experimente visitar uma empresa em que os maus empregados tem o mesmo reconhecimento (em particular o monetário) que os melhores. Ao fim de pouco tempo essa empresa está na falência. Porquê? Porque ou os bons decidiram sair, ou então "converteram-se" à mediocridade. Qual o resultado duma sociedade que não valoriza o mérito? Só pode ser um - a pobreza.Mas mais grave que a pobreza, é a desigualdade que essa sociedade contém. Porque todos somos diferentes, todos temos objectivos (mesmo monetários) diferentes, e todos procuramos caminhos diferentes. O seu "ponto de vista" nega tudo isto. Todos serão assepticamente iguais. Uma outra crítica que se pode fazer ao seu "ponto de vista" é a apropriação da sociedade do fruto do trabalho de cada um. A exploração do "capitalista" ao trabalhador não é legítima, mas se for a "sociedade" passa a ser legítima? Em nome de quê? Uma coisa são as responsabilidades de cada um perante a sociedade, e o dever de contribuir para a promoção da dignidade humana de todos. Para corrigir desigualdades de base entre as pessoas. Outra coisa, é a apropriação da totalidade do trabalho de alguém para dar a todos os outros. Na sua sociedade, o trabalho de cada um não lhe pertence - pertence à sociedade. Porquê? Porque motivo entende que é ilegítimo que uns sejam mais produtivos que outros? A isto, caro Timóteo, chama-se inveja.É curioso que Marx falava da propriedade dos meios de produção. Nunca lhe ocorreu sequer a ideia de igualdade de resultados, porque (a meu ver) é um profundo disparate.É mais que óbvio que o Timóteo tem problemas com o mercado. Se o resultado do mercado está definido à partida (todos ganham o mesmo), o mercado nunca funciona. Precisa mesmo de planeamento centralizado. Por um simples motivo: imagine um agricultor que pode cultivar batatas ou cenouras. Existe maior procura de cenouras. Numa situação de mercado livre, ele tem incentivo de cultivar cenouras. Numa situação de igualdade de resultados, é irrelevante para ele o que produz - vai ganhar o mesmo. Vai acabar a plantar laranjeiras porque dá menos trabalho e é mais bonito...Mas responda-me a três questões, caro Timóteo: 1 - Por que motivo é legitima essa apropriação da sociedade do trabalho de cada um?2- Por que motivo é essa situação desejável?3- Se a igualdade é um valor tão supremo e absoluto, não deveria ser extendida a outros campos que não o económico? Por forma a distribuir a felicidade de forma equitativa entre todos? (sei lá, o mesmo número de relações sexuais por ano, o mesmo "índice de beleza", a mesma roupa, o mesmo QI, ...) Porque não procurar eliminar todas as diferenças naturais, já que são estas que malevolamente causam todas as diferenças económicas posteriores. Porque não eliminar isto à partida? Poupava muita chatisse...Porque, muito sinceramente, sempre foi a intolerância à diferença que gerou sistemas totalitaristas - nazismo, fascismo, comunismo soviético, maoismo,...- aceitar a diversidade com tolerância talvez seja a melhor forma de atingir a igualdade que importa. A igualdade na dignidade humana.

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