PALAVROSSAVRVS REX: RELICÁRIO DE MEMÓRIAS

30-09-2009
marcar artigo


Todas as manhãs, levantas-te da nossa cama,preparas a filhinha e, na companhia da tua sogra, leva-la para o infantário. E é quando ambas tomais o pequeno-almoço, bem sentadinhas, lado a lado, no velho tasco de que ela gosta, rotina aldeã,é aí que bem sei ir tomar forma a vossa conspiração sobre o que me dizerde convincente e veemente por que me aconteça querer fazer urgentemente alguma outra coisa, como outrora, quando trabalhava naturalmente.Sair de este sepulcro vital, um quarto, a escrita! Voltar a respirar e a ser gente e a contar lá fora!lkj Ela, minha mãe, faz-te relicário das suas memórias, todos os dias repetidas,e redesenha nessa cumplicidade contigo todo um novo filão literário. Tu cooperas, escutas, apoias, auxilias.Depois, chegais. Irrompeis inspiradas pela casa, com o espírito da cafeína e o açúcar amoroso no sangue acesos por me confrontar.Disparais à queima-escreve sobre o meu corpo-letra defronte ao PC laborioso matutino,digitante, bebé ao colo embalado, pousado, beijado, levantado, pousado, choroso, embalado. E me emboscais no meu reduto, como quem cura de mim e ama curando: «Quando é, joshua, que vais...? E quando é, joshua, que fazes...?»E é então que eu, amarrado ao meu plano secreto de ser famoso e amado-caviar como um grande blogger de esquerda-sardinha, mergulhado na direita-lagosta,é então que eu com este plano secreto que são dois, um deles impossível de revelar e menos ainda de compreender se revelado,é então que eu, bem blindado na minha esperança de outra coisa, o Céu, a Fuga, a Sorte, o Fim do Mundo, um Convite,respondo sempre: «Depois. Amanhã. Mais tarde.»lkjEntretanto, chegou e partiu um dia e mais outro dia, mulher, e cresce-me dentro,num requinte fabuloso de artista de circo, palavreando angústias, fraseando causas, quixotescas talvez; e surde-me inteiro na verdade este Charlot sincero, andrajoso e cómico, um que posa nu em blogue, um que a si mesmo se renega e se impõe, implorando e rindo, itinerante, às portas fechadas e indolores de todo o Mundo!


Todas as manhãs, levantas-te da nossa cama,preparas a filhinha e, na companhia da tua sogra, leva-la para o infantário. E é quando ambas tomais o pequeno-almoço, bem sentadinhas, lado a lado, no velho tasco de que ela gosta, rotina aldeã,é aí que bem sei ir tomar forma a vossa conspiração sobre o que me dizerde convincente e veemente por que me aconteça querer fazer urgentemente alguma outra coisa, como outrora, quando trabalhava naturalmente.Sair de este sepulcro vital, um quarto, a escrita! Voltar a respirar e a ser gente e a contar lá fora!lkj Ela, minha mãe, faz-te relicário das suas memórias, todos os dias repetidas,e redesenha nessa cumplicidade contigo todo um novo filão literário. Tu cooperas, escutas, apoias, auxilias.Depois, chegais. Irrompeis inspiradas pela casa, com o espírito da cafeína e o açúcar amoroso no sangue acesos por me confrontar.Disparais à queima-escreve sobre o meu corpo-letra defronte ao PC laborioso matutino,digitante, bebé ao colo embalado, pousado, beijado, levantado, pousado, choroso, embalado. E me emboscais no meu reduto, como quem cura de mim e ama curando: «Quando é, joshua, que vais...? E quando é, joshua, que fazes...?»E é então que eu, amarrado ao meu plano secreto de ser famoso e amado-caviar como um grande blogger de esquerda-sardinha, mergulhado na direita-lagosta,é então que eu com este plano secreto que são dois, um deles impossível de revelar e menos ainda de compreender se revelado,é então que eu, bem blindado na minha esperança de outra coisa, o Céu, a Fuga, a Sorte, o Fim do Mundo, um Convite,respondo sempre: «Depois. Amanhã. Mais tarde.»lkjEntretanto, chegou e partiu um dia e mais outro dia, mulher, e cresce-me dentro,num requinte fabuloso de artista de circo, palavreando angústias, fraseando causas, quixotescas talvez; e surde-me inteiro na verdade este Charlot sincero, andrajoso e cómico, um que posa nu em blogue, um que a si mesmo se renega e se impõe, implorando e rindo, itinerante, às portas fechadas e indolores de todo o Mundo!

marcar artigo