BoaSociedade

20-05-2009
marcar artigo


Inquérito aos estudantes da Universidade de Coimbra:consumos culturais, participação associativa e orientações perante a vida Divulgam-se aqui alguns resultados finais de um estudo que acaba de ser concluído sobre a vida estudantil em Coimbra: «Culturas Juvenis e Participação Cívica: diferença, indiferença e novos desafios democráticos», no âmbito de um projecto desenvolvido no CES – Centro de Estudos Sociais, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, do Ministério da Ciência e do Ensino Superior, coordenado por mim e por Rui Bebiano. Estes dados vêm revelar alguns novos contornos acerca das práticas e atitudes dos estudantes da UC. Apresentam-se, para já, os que se referem aos hábitos de leitura, às atitudes perante a praxe, às «orientações perante a vida», e às práticas associativas e participação em acções públicas (designadamente as promovidas pela AAC – Associação Académica de Coimbra), ficando para mais tarde a interpretação sociológica dos mesmos.1. Leitura de jornais e livros: 33% dos inquiridos responderam que «raramente ou nunca» lêem jornais; e 18,3% Não leu qualquer livro fora do âmbito escolar ao longo do último ano. Na comparação entre os dois sexos as raparigas lêem mais livros que os rapazes (só cerca de 11% afirmou que não lê contra 33% de rapazes); no caso dos jornais elas lêem menos que eles (cerca de 36,8% de Ms nunca ou raramente os lê contra 25,8% de Hs). 32,8% de Hs contra apenas 14,8 de Ms afirmaram ler jornais «muitas vezes». 44% dos inquiridos revelou ler sobretudo os diários nacionais (entre estes, 23% indicou o jornal Público e 21% os jornais desportivos).2. Atitudes perante a Praxe: Apenas 15% dos inquiridos entende que a praxe «deve continuar como está» (21,2% Hs e 11,5% Ms; e apenas 6,0% dos estudantes das Repúblicas); 67,4% acham que a praxe «deve repudiar toda e qualquer espécie de violência, física ou simbólica» (72% Ms contra 58,7% Hs); 51,5% entende que a praxe «deve adaptar-se no sentido de receber melhor os novos alunos» (54,7% Ms, 45,7% Hs). 3. Participação associativa e em manifestações públicas:Quanto à regularidade com que participaram em diversas actividades ao longo do último ano, 66,5% respondeu «nunca» ter ido a uma assembleia magna; 54,2% nunca foram a um reunião de curso/ núcleo; 69,8% nunca foram a uma manifestação estudantil; 71% nunca foram a nenhum outro tipo de manifestação pública; 69% nunca participaram em iniciativas de ONGs ou outras associações culturais ou cívicas; Em todos estes itens as mulheres participaram em volumes ainda bem mais baixos do que os homens. 4. Opinião sobre a AAC: 39,8% dos inquiridos são de opinião que a AAC «representa e defende os interesses dos estudantes» (40,9% Ms, 37,7% Hs); 49% concordam que a AAC «é um organismo elitista que promove o acesso à política» (45% Ms, 56,3% Hs); 34% acha que «está um pouco distante dos interesses e dos problemas dos estudantes» (31,4% Ms, 38,7% Hs); e 23,2% entende que a AAC é «É uma estrutura centralizada e desligada das faculdades» (20,4% Ms, 28,4% Hs). Em todos estes itens as mulheres mostram-se claramente mais favoráveis em relação à AAC.5. Orientações perante a vida: foram cruzados 4 indicadores, que são os seguintes: Orientações centradas no Quotidiano = primazia das preocupações imediatas sobre as de médio/ longo prazo; Projecto = primazia das preocupações de médio/ longo prazo sobre o quotidiano; Orientações Autocentradas = primazia dos interesses individuais sobre os interesses colectivos e o desenvolvimento social mais vasto; Orientações Sociocentradas = primazia dos interesses colectivos e de desenvolvimento social mais vasto sobre os interesses individuais. Estes 2 eixos dicotómicos (quotidiano versus projecto; e atitudes autocentradas versus atitudes sociocentradas) foram cruzados dando lugar a quatro linhas de orientação subjectiva -- apresentadas aos nossos inquiridos sob a forma de afirmações direccionadas para essas diferentes atitudes --, dando lugar a uma tipologia de 4 orientações. Comparando os dados dos nossos dois últimos inquéritos (1999 e o último aplicado em 2005), é possível observar a evolução ocorrida nos últimos seis anos.Resultados comparados entre 1999 e 2005:Quotidiano autocentrado: aumentou no período de 9,3 para 14,1% (Ms 7,4 – 10,7%; Hs 13,1 – 20,5%);Projecto sociocentrado: reduziu no período de 33,4 para 28,1% (Ms 34,4 – 26,1%; Hs 31,4 – 31,7%, aqui os rapazes revelam, no entanto, uma subida residual);Projecto autocentrado: aumentou no período de 23,9 para 35,7% (Ms 22,0 – 38,4%; Hs 27,8 – 30,7%);Quotidiano sociocentrado: reduziu no período de 33,4 para 22,1% (Ms 36,2 – 24,9%; Hs 27,8 – 17,1%).Nota-se que as valências individualistas se reforçaram em prejuízo das colectivistas, sendo as raparigas mais sociocentradas do que os rapazes no quotidiano, mas mais autocentradas no projecto. O extraordinário aumento verificado no «projecto autocentrado» entre o sector feminino (de 22 para 38,4%) é elucidativo a este respeito.


Inquérito aos estudantes da Universidade de Coimbra:consumos culturais, participação associativa e orientações perante a vida Divulgam-se aqui alguns resultados finais de um estudo que acaba de ser concluído sobre a vida estudantil em Coimbra: «Culturas Juvenis e Participação Cívica: diferença, indiferença e novos desafios democráticos», no âmbito de um projecto desenvolvido no CES – Centro de Estudos Sociais, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, do Ministério da Ciência e do Ensino Superior, coordenado por mim e por Rui Bebiano. Estes dados vêm revelar alguns novos contornos acerca das práticas e atitudes dos estudantes da UC. Apresentam-se, para já, os que se referem aos hábitos de leitura, às atitudes perante a praxe, às «orientações perante a vida», e às práticas associativas e participação em acções públicas (designadamente as promovidas pela AAC – Associação Académica de Coimbra), ficando para mais tarde a interpretação sociológica dos mesmos.1. Leitura de jornais e livros: 33% dos inquiridos responderam que «raramente ou nunca» lêem jornais; e 18,3% Não leu qualquer livro fora do âmbito escolar ao longo do último ano. Na comparação entre os dois sexos as raparigas lêem mais livros que os rapazes (só cerca de 11% afirmou que não lê contra 33% de rapazes); no caso dos jornais elas lêem menos que eles (cerca de 36,8% de Ms nunca ou raramente os lê contra 25,8% de Hs). 32,8% de Hs contra apenas 14,8 de Ms afirmaram ler jornais «muitas vezes». 44% dos inquiridos revelou ler sobretudo os diários nacionais (entre estes, 23% indicou o jornal Público e 21% os jornais desportivos).2. Atitudes perante a Praxe: Apenas 15% dos inquiridos entende que a praxe «deve continuar como está» (21,2% Hs e 11,5% Ms; e apenas 6,0% dos estudantes das Repúblicas); 67,4% acham que a praxe «deve repudiar toda e qualquer espécie de violência, física ou simbólica» (72% Ms contra 58,7% Hs); 51,5% entende que a praxe «deve adaptar-se no sentido de receber melhor os novos alunos» (54,7% Ms, 45,7% Hs). 3. Participação associativa e em manifestações públicas:Quanto à regularidade com que participaram em diversas actividades ao longo do último ano, 66,5% respondeu «nunca» ter ido a uma assembleia magna; 54,2% nunca foram a um reunião de curso/ núcleo; 69,8% nunca foram a uma manifestação estudantil; 71% nunca foram a nenhum outro tipo de manifestação pública; 69% nunca participaram em iniciativas de ONGs ou outras associações culturais ou cívicas; Em todos estes itens as mulheres participaram em volumes ainda bem mais baixos do que os homens. 4. Opinião sobre a AAC: 39,8% dos inquiridos são de opinião que a AAC «representa e defende os interesses dos estudantes» (40,9% Ms, 37,7% Hs); 49% concordam que a AAC «é um organismo elitista que promove o acesso à política» (45% Ms, 56,3% Hs); 34% acha que «está um pouco distante dos interesses e dos problemas dos estudantes» (31,4% Ms, 38,7% Hs); e 23,2% entende que a AAC é «É uma estrutura centralizada e desligada das faculdades» (20,4% Ms, 28,4% Hs). Em todos estes itens as mulheres mostram-se claramente mais favoráveis em relação à AAC.5. Orientações perante a vida: foram cruzados 4 indicadores, que são os seguintes: Orientações centradas no Quotidiano = primazia das preocupações imediatas sobre as de médio/ longo prazo; Projecto = primazia das preocupações de médio/ longo prazo sobre o quotidiano; Orientações Autocentradas = primazia dos interesses individuais sobre os interesses colectivos e o desenvolvimento social mais vasto; Orientações Sociocentradas = primazia dos interesses colectivos e de desenvolvimento social mais vasto sobre os interesses individuais. Estes 2 eixos dicotómicos (quotidiano versus projecto; e atitudes autocentradas versus atitudes sociocentradas) foram cruzados dando lugar a quatro linhas de orientação subjectiva -- apresentadas aos nossos inquiridos sob a forma de afirmações direccionadas para essas diferentes atitudes --, dando lugar a uma tipologia de 4 orientações. Comparando os dados dos nossos dois últimos inquéritos (1999 e o último aplicado em 2005), é possível observar a evolução ocorrida nos últimos seis anos.Resultados comparados entre 1999 e 2005:Quotidiano autocentrado: aumentou no período de 9,3 para 14,1% (Ms 7,4 – 10,7%; Hs 13,1 – 20,5%);Projecto sociocentrado: reduziu no período de 33,4 para 28,1% (Ms 34,4 – 26,1%; Hs 31,4 – 31,7%, aqui os rapazes revelam, no entanto, uma subida residual);Projecto autocentrado: aumentou no período de 23,9 para 35,7% (Ms 22,0 – 38,4%; Hs 27,8 – 30,7%);Quotidiano sociocentrado: reduziu no período de 33,4 para 22,1% (Ms 36,2 – 24,9%; Hs 27,8 – 17,1%).Nota-se que as valências individualistas se reforçaram em prejuízo das colectivistas, sendo as raparigas mais sociocentradas do que os rapazes no quotidiano, mas mais autocentradas no projecto. O extraordinário aumento verificado no «projecto autocentrado» entre o sector feminino (de 22 para 38,4%) é elucidativo a este respeito.

marcar artigo