Não estive presente na blogtúlia, uma vez que ainda estou em Barcelona, mas acompanhei os trabalhos pela internet - webcasts, blogues e Facebook.Gostei de alguns comentários e de algumas perguntas, não gostei do que ouvi do candidato. Aquele que me parecia ser o menos mau dos que se apresentam a eleições acabou não só por defraudar as minhas expectativas como por deixar-me muito apreensivo. Discordo de muito do que disse, resumo a cinco pontos:###1. Que seja à "Europa" que devemos "a paz" é um raciocínio falacioso. Post hoc ergo propter hoc. Vindo de Rangel, e perante a audiência que era, fica muito mal.2. Dizer que 'a regulação aumenta a liberdade' é um jogo semântico infantil. Se o objectivo é impedir que os Estados-membros passem legislação proteccionista, então proíba-se. Coisa muito diferente é proceder à normalização por via burocrática de tudo o que se mexe, destruindo valor, sabotando o processo de descoberta de mercado. O euro-regulador não conhece limites, não gosta da 'anarquia' do mercado, e sem saber ler nem escrever, tudo quer 'disciplinar'. Esteve bem o RAF com o exemplo dos Apple e dos PC - e do Magalhães. Pela mesma lógica, talvez fosse bom passarmos a falar a mesma língua.3. Chamar o Papa para a discussão política europeia— enfim—, é não querer entender que a Santa Sé não se pronuncia sobre matérias prudenciais. Que o Papa João Paulo II tenha falado cobras e lagartos do capitalismo — algo muito sujeito a debate —, não quer dizer que tivesse subscrito a implementação de qualquer tipo de economia "mista" — sobretudo ele que sabia bem o que estava do outro lado do espectro político.4. Rangel diz-se federalista, porque tal define os "direitos" dos Estados. Isso é vago. O que interessa é se Rangel defende o Princípio da Subsidiaridade — não faça a Europa o que os Estados-membros são capazes de fazer por si — ou se acredita que é melhor suprimir a competição entre países em nome do 'aprofundamento da integração europeia'. Pela conversa — sobre a harmonização fiscal por exemplo, ou pela alusão a Soares — está claro que Rangel está mais próximo de um Governo Europeu que se substitua aos Estados.5. Rangel defende que os Estados protejam as pessoas dos "riscos sociais". Dito de outra forma, que se socializem riscos que caso contrário seriam individuais. Muito pouco liberal. E por concordar com o "modelo social europeu" suponho que queira dizer que nunca faltará dinheiro do contribuinte para políticas sociais socialistas.Dito isto, está de parabéns o PSD e de Paulo Rangel pelo encontro com bloggers. O convite estendeu-se a pessoas que não perderam oportunidade de atirar curve-balls. Rangel respondeu aberta e francamente, não fugiu ao essencial das questões. Foi um serão estimulante. E obrigado pelo webcast.
Não estive presente na blogtúlia, uma vez que ainda estou em Barcelona, mas acompanhei os trabalhos pela internet - webcasts, blogues e Facebook.Gostei de alguns comentários e de algumas perguntas, não gostei do que ouvi do candidato. Aquele que me parecia ser o menos mau dos que se apresentam a eleições acabou não só por defraudar as minhas expectativas como por deixar-me muito apreensivo. Discordo de muito do que disse, resumo a cinco pontos:###1. Que seja à "Europa" que devemos "a paz" é um raciocínio falacioso. Post hoc ergo propter hoc. Vindo de Rangel, e perante a audiência que era, fica muito mal.2. Dizer que 'a regulação aumenta a liberdade' é um jogo semântico infantil. Se o objectivo é impedir que os Estados-membros passem legislação proteccionista, então proíba-se. Coisa muito diferente é proceder à normalização por via burocrática de tudo o que se mexe, destruindo valor, sabotando o processo de descoberta de mercado. O euro-regulador não conhece limites, não gosta da 'anarquia' do mercado, e sem saber ler nem escrever, tudo quer 'disciplinar'. Esteve bem o RAF com o exemplo dos Apple e dos PC - e do Magalhães. Pela mesma lógica, talvez fosse bom passarmos a falar a mesma língua.3. Chamar o Papa para a discussão política europeia— enfim—, é não querer entender que a Santa Sé não se pronuncia sobre matérias prudenciais. Que o Papa João Paulo II tenha falado cobras e lagartos do capitalismo — algo muito sujeito a debate —, não quer dizer que tivesse subscrito a implementação de qualquer tipo de economia "mista" — sobretudo ele que sabia bem o que estava do outro lado do espectro político.4. Rangel diz-se federalista, porque tal define os "direitos" dos Estados. Isso é vago. O que interessa é se Rangel defende o Princípio da Subsidiaridade — não faça a Europa o que os Estados-membros são capazes de fazer por si — ou se acredita que é melhor suprimir a competição entre países em nome do 'aprofundamento da integração europeia'. Pela conversa — sobre a harmonização fiscal por exemplo, ou pela alusão a Soares — está claro que Rangel está mais próximo de um Governo Europeu que se substitua aos Estados.5. Rangel defende que os Estados protejam as pessoas dos "riscos sociais". Dito de outra forma, que se socializem riscos que caso contrário seriam individuais. Muito pouco liberal. E por concordar com o "modelo social europeu" suponho que queira dizer que nunca faltará dinheiro do contribuinte para políticas sociais socialistas.Dito isto, está de parabéns o PSD e de Paulo Rangel pelo encontro com bloggers. O convite estendeu-se a pessoas que não perderam oportunidade de atirar curve-balls. Rangel respondeu aberta e francamente, não fugiu ao essencial das questões. Foi um serão estimulante. E obrigado pelo webcast.
Categorias
Entidades
Não estive presente na blogtúlia, uma vez que ainda estou em Barcelona, mas acompanhei os trabalhos pela internet - webcasts, blogues e Facebook.Gostei de alguns comentários e de algumas perguntas, não gostei do que ouvi do candidato. Aquele que me parecia ser o menos mau dos que se apresentam a eleições acabou não só por defraudar as minhas expectativas como por deixar-me muito apreensivo. Discordo de muito do que disse, resumo a cinco pontos:###1. Que seja à "Europa" que devemos "a paz" é um raciocínio falacioso. Post hoc ergo propter hoc. Vindo de Rangel, e perante a audiência que era, fica muito mal.2. Dizer que 'a regulação aumenta a liberdade' é um jogo semântico infantil. Se o objectivo é impedir que os Estados-membros passem legislação proteccionista, então proíba-se. Coisa muito diferente é proceder à normalização por via burocrática de tudo o que se mexe, destruindo valor, sabotando o processo de descoberta de mercado. O euro-regulador não conhece limites, não gosta da 'anarquia' do mercado, e sem saber ler nem escrever, tudo quer 'disciplinar'. Esteve bem o RAF com o exemplo dos Apple e dos PC - e do Magalhães. Pela mesma lógica, talvez fosse bom passarmos a falar a mesma língua.3. Chamar o Papa para a discussão política europeia— enfim—, é não querer entender que a Santa Sé não se pronuncia sobre matérias prudenciais. Que o Papa João Paulo II tenha falado cobras e lagartos do capitalismo — algo muito sujeito a debate —, não quer dizer que tivesse subscrito a implementação de qualquer tipo de economia "mista" — sobretudo ele que sabia bem o que estava do outro lado do espectro político.4. Rangel diz-se federalista, porque tal define os "direitos" dos Estados. Isso é vago. O que interessa é se Rangel defende o Princípio da Subsidiaridade — não faça a Europa o que os Estados-membros são capazes de fazer por si — ou se acredita que é melhor suprimir a competição entre países em nome do 'aprofundamento da integração europeia'. Pela conversa — sobre a harmonização fiscal por exemplo, ou pela alusão a Soares — está claro que Rangel está mais próximo de um Governo Europeu que se substitua aos Estados.5. Rangel defende que os Estados protejam as pessoas dos "riscos sociais". Dito de outra forma, que se socializem riscos que caso contrário seriam individuais. Muito pouco liberal. E por concordar com o "modelo social europeu" suponho que queira dizer que nunca faltará dinheiro do contribuinte para políticas sociais socialistas.Dito isto, está de parabéns o PSD e de Paulo Rangel pelo encontro com bloggers. O convite estendeu-se a pessoas que não perderam oportunidade de atirar curve-balls. Rangel respondeu aberta e francamente, não fugiu ao essencial das questões. Foi um serão estimulante. E obrigado pelo webcast.
Não estive presente na blogtúlia, uma vez que ainda estou em Barcelona, mas acompanhei os trabalhos pela internet - webcasts, blogues e Facebook.Gostei de alguns comentários e de algumas perguntas, não gostei do que ouvi do candidato. Aquele que me parecia ser o menos mau dos que se apresentam a eleições acabou não só por defraudar as minhas expectativas como por deixar-me muito apreensivo. Discordo de muito do que disse, resumo a cinco pontos:###1. Que seja à "Europa" que devemos "a paz" é um raciocínio falacioso. Post hoc ergo propter hoc. Vindo de Rangel, e perante a audiência que era, fica muito mal.2. Dizer que 'a regulação aumenta a liberdade' é um jogo semântico infantil. Se o objectivo é impedir que os Estados-membros passem legislação proteccionista, então proíba-se. Coisa muito diferente é proceder à normalização por via burocrática de tudo o que se mexe, destruindo valor, sabotando o processo de descoberta de mercado. O euro-regulador não conhece limites, não gosta da 'anarquia' do mercado, e sem saber ler nem escrever, tudo quer 'disciplinar'. Esteve bem o RAF com o exemplo dos Apple e dos PC - e do Magalhães. Pela mesma lógica, talvez fosse bom passarmos a falar a mesma língua.3. Chamar o Papa para a discussão política europeia— enfim—, é não querer entender que a Santa Sé não se pronuncia sobre matérias prudenciais. Que o Papa João Paulo II tenha falado cobras e lagartos do capitalismo — algo muito sujeito a debate —, não quer dizer que tivesse subscrito a implementação de qualquer tipo de economia "mista" — sobretudo ele que sabia bem o que estava do outro lado do espectro político.4. Rangel diz-se federalista, porque tal define os "direitos" dos Estados. Isso é vago. O que interessa é se Rangel defende o Princípio da Subsidiaridade — não faça a Europa o que os Estados-membros são capazes de fazer por si — ou se acredita que é melhor suprimir a competição entre países em nome do 'aprofundamento da integração europeia'. Pela conversa — sobre a harmonização fiscal por exemplo, ou pela alusão a Soares — está claro que Rangel está mais próximo de um Governo Europeu que se substitua aos Estados.5. Rangel defende que os Estados protejam as pessoas dos "riscos sociais". Dito de outra forma, que se socializem riscos que caso contrário seriam individuais. Muito pouco liberal. E por concordar com o "modelo social europeu" suponho que queira dizer que nunca faltará dinheiro do contribuinte para políticas sociais socialistas.Dito isto, está de parabéns o PSD e de Paulo Rangel pelo encontro com bloggers. O convite estendeu-se a pessoas que não perderam oportunidade de atirar curve-balls. Rangel respondeu aberta e francamente, não fugiu ao essencial das questões. Foi um serão estimulante. E obrigado pelo webcast.