A esquerda portuguesa tem síndrome de abstinência intelectual. É mesquinha, é egoista, não sabe quem é Rawls e aprendeu da vulgata de Marx, não é totalitária porque não tem nada, é embrutecida pela inveja e pela repetição apócrifa de conceitos emocionalmente apelativos: deconstrução, luta de classes, dialética.Está convencida que decorar cinquenta nomes de realizadores resolve o complexo de inferioridade da primeira geração sem raízes, que coreografar reacções é agir, que decorando sentimentos poderão fingir-se glazé, bléssê rálê.Tem os piores tiques que se associam à direita: elitismo, superficialidade, prepotência. A igualdade não é um mecanismo para a equidade, mas para a mediocridade. Se a modéstia, por exemplo, foi criada pela aristocracia para brincar às igualdades, é aproveitada pela esquerda como instrumento politicamente correcto e compulsório para o mesmo fim – mas a começar de baixo: passamos dos ricos a fingirem-se pobres para ignorantes a fingir que não existe gente culta. Uns queriam fingir que não havia desigualdade, os outros querem fingir que a igualdade é fatal.A esquerda portuguesa não é seguramente a culpada do atraso português, mas é a sua filha mais degradada. O pior é que por mais mesquinha que seja a esquerda, tenho uma tendência para a preferir a qualquer direita. Eu, como a maioria dos portugueses médios (e, por extensão de moda política, dos europeus continentais). E é essa a grande ratoeira. A esquerda está errada pelas razões certas (querem fazer o bem, mas apenas porque não nasceram ricos) e a direita está certa pelas razões erradas (assim como assim, os ricos não sofrem com as medidas que sugerem). No final, não há direita nem esquerda em Portugal, mas hipocrisia do berço e hipocrisia do azar. Desprezo ambas. E prefiro eternamente o PCP, honesto, repetitivo, falando de justiça para além da injustiça, ao IURDismo da esquerda BE que é mais conservador, arrogante e vazio que a direita PP.
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A esquerda portuguesa tem síndrome de abstinência intelectual. É mesquinha, é egoista, não sabe quem é Rawls e aprendeu da vulgata de Marx, não é totalitária porque não tem nada, é embrutecida pela inveja e pela repetição apócrifa de conceitos emocionalmente apelativos: deconstrução, luta de classes, dialética.Está convencida que decorar cinquenta nomes de realizadores resolve o complexo de inferioridade da primeira geração sem raízes, que coreografar reacções é agir, que decorando sentimentos poderão fingir-se glazé, bléssê rálê.Tem os piores tiques que se associam à direita: elitismo, superficialidade, prepotência. A igualdade não é um mecanismo para a equidade, mas para a mediocridade. Se a modéstia, por exemplo, foi criada pela aristocracia para brincar às igualdades, é aproveitada pela esquerda como instrumento politicamente correcto e compulsório para o mesmo fim – mas a começar de baixo: passamos dos ricos a fingirem-se pobres para ignorantes a fingir que não existe gente culta. Uns queriam fingir que não havia desigualdade, os outros querem fingir que a igualdade é fatal.A esquerda portuguesa não é seguramente a culpada do atraso português, mas é a sua filha mais degradada. O pior é que por mais mesquinha que seja a esquerda, tenho uma tendência para a preferir a qualquer direita. Eu, como a maioria dos portugueses médios (e, por extensão de moda política, dos europeus continentais). E é essa a grande ratoeira. A esquerda está errada pelas razões certas (querem fazer o bem, mas apenas porque não nasceram ricos) e a direita está certa pelas razões erradas (assim como assim, os ricos não sofrem com as medidas que sugerem). No final, não há direita nem esquerda em Portugal, mas hipocrisia do berço e hipocrisia do azar. Desprezo ambas. E prefiro eternamente o PCP, honesto, repetitivo, falando de justiça para além da injustiça, ao IURDismo da esquerda BE que é mais conservador, arrogante e vazio que a direita PP.