O que era esperado oficializou-se ontem: Paulo Assunção rescindiu unilateralmente o contrato que o ligava ao FC Porto por mais uma época, fazendo uso da Lei Webster (ver peça nesta página). O médio tinha até ao próximo dia 2 para apresentar a carta de rescisão - podia fazê-lo até 15 dias depois do último jogo oficial (final da Taça de Portugal, no caso) -, mas nem sequer esperou pelo fim do prazo. O aviso chegou ontem ao FC Porto e o clube colocou um comunicado a dar conta da situação na página oficial na internet.A rescisão do contrato de Paulo Assunção significa para o FC Porto um encaixe estimado em 600 mil euros, ou seja, os valores que o jogador receberia se cumprisse o contrato até ao fim. É importante dizer também que com esta medida Paulo Assunção não pode jogar no imediato em Portugal, pelo menos até Janeiro, data em que o mercado reabre após o início da época. No final do clássico entre o FC Porto e o Benfica, Assunção foi visto a conversar com Rui Costa e houve quem sugerisse que as suas reticências em renovar contrato significavam que estaria a caminho do Benfica. O que, pelo menos para já, não é verdade. Esses comentários somados à suposta intimidação de que foi alvo por parte de alegados adeptos portistas à saída do Olival, recentemente, criaram desconforto .Desconforto que os responsáveis do FC Porto também sentiram quando se sentaram à mesa de negociações com o médio brasileiro, o que aconteceu algumas vezes nos últimos meses. Com 28 anos, a ideia do jogador era fazer um bom contrato, até porque seria o último, e os valores pedidos foram altos. O FC Porto foi subindo a parada até perceber que o jogador não estava inclinado a aceitar nenhuma proposta.Fiorentina, Roma e Atlético de Madrid já foram apontados como clubes interessados.Andy deu o primeiro passo ao mudar-se para o WiganAo abrigo do Artigo 17 do Regulamento de Transferências da FIFA, um jogador pode rescindir o contrato que o liga a um determinado clube e mudar-se para um emblema estrangeiro, bastando para isso que tenham passados três anos após a assinatura do vínculo ou apenas dois se tiver mais de 28 anos. A lei está em vigor desde 2001, mas coube ao escocês Andy Webster dar o primeiro passo, apenas em Agosto de 2006. Transferiu-se do Hearts, da Escócia, para o Wigan, de Inglaterra, pagando ao primeiro uma indemnização, se bem que o andamento do caso não tenha sido assim tão simples. Aliás, primeiro Webster foi condenado a pagar 842,5 mil euros, mas o Tribunal Arbitral do Desporto decidiu que tinha apenas que pagar ao Hearts os vencimentos até ao final do contrato. Webster é escocês, tem 25 anos e joga actualmente no Rangers. Adivinha-se uma batalha legal com Assunção também. Imprescindível, disseram Adriaanse e JesualdoTOMAZ ANDRADENa parte final da época que acabou foi perguntado a Lisandro quem era o melhor jogador da Bwin Liga e a resposta saiu pronta: "é o Pablo". O Pablo é Paulo Assunção e Lucho, minutos depois, concordou com o compatriota. Ambos disseram que se trata de um jogador invisível, que faz o trabalho sujo da equipa, libertando os médios com ideias criativas para a organização do jogo ofensivo. Pois bem, na próxima época não haverá Paulo Assunção e o futebol portista será necessariamente diferente. E sem Assunção é legítimo questionar se haverá margem para deixar sair mais algum médio.O brasileiro chegou ao FC Porto com 19 anos, oriundo do Palmeiras, e foi desviado para a equipa secundária. Em 2001, o jogador não entrou nos planos do FC Porto e regressou ao Palmeiras, voltando a Portugal em 2002/03 para jogar no Nacional. Fez duas boas épocas e o Sporting quis contratá-lo, mas Pinto da Costa resgatou-o no início da época de 2004/05 e foi emprestado ao AEK de Atenas. Voltou mais forte e Co Adriaanse fez uso dele em grande escala, sendo considerado crucial no título conquistado pelo holandês. A seguir, Jesualdo olhou para ele com os mesmos olhos e durante duas temporadas Paulo Assunção foi indiscutível. Correu quilómetros, recuperou bolas como nenhum outro, e errou poucas vezes o passe. Joga na posição que é considerada a mais inteligente do futebol e transmitiu aos companheiros uma segurança incrível. Toda a gente podia atacar porque Assunção guardava-lhes as costas.VersatilidadeQualquer treinador gosta de ter um jogador como Paulo Assunção no plantel. É que o brasileiro adapta-se a diferentes sistemas tácticos. Com Adriaanse jogou à frente dos três defesas, funcionando como quarto elemento às vezes, e com Jesualdo foi um médio-defensivo clássico, o primeiro a entregar a bola.NÚMEROS123Número de jogos efectuados por Paulo Assunção no campeonato português, repartidos por sete temporadas. O brasileiro representou o FC Porto e o Nacional. Obviamente, a maior parte dos jogos foram com a camisola portista2Golos apontados pelo médio nas sete épocas que passou em Portugal. E nenhum deles foi com a camisola portista. Dos dois, merece a pena recordar um: na Mata Real embalou desde a defesa e fintou meia equipa do Paços de Ferreira até furar as redes. Uma raridade255Recuperações efectuadas durante a época de 2005/06, quando Co Adriaanse era o treinador. Foi a temporada em que recuperou mais bolas, dando uma média incrível de 10,20 por jogo. Na época passada fez 218 recuperações, com uma média de 9,080Paulo Assunção nunca foi expulso ao serviço do FC Porto e conseguiu diminuir progressivamente o número de cartões amarelos. Há três épocas viu dez, há duas viu nove e na anterior foi admoestado com cinco cartões amarelos. E logo naquela posição Bolatti perfila-se como sucessorTAQuando se pensa no FC Porto sem Paulo Assunção é o nome de Bolatti que primeiro vem à tona. O argentino que foi contratado ao Belgrano há cerca de um ano fez a primeira época no futebol europeu sem grande sucesso. Jogou pouco no campeonato, somando um total de 500 minutos, e foi mais utilizado na Taça de Portugal. Na Liga dos Campeões ainda jogou menos. O processo de adaptação a um novo país e cultura foi penoso e, no âmbito desportivo, não contava com Paulo Assunção, a quem teceu rasgados elogios, de resto. Ultrapassada essa fase, Bolatti vai começar a época em pé de igualdade com os companheiros, perfilando-se como o sucessor de Assunção. Assim deverá pensar Jesualdo Ferreira, até porque as alternativas, para já, resumem-se a Fernando. O médio brasileiro que esteve emprestado ao Estrela da Amadora na última época vai fazer a pré-temporada em Marienfeld, concorrendo a um lugar nos eleitos finais de Jesualdo Ferreira. A não ser que a SAD vá ao mercado, a responsabilidade de substituir Paulo Assunção deverá recair em Bolatti e Fernando.O Jogo 99/24 Sex, 30 Mai 2008
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O que era esperado oficializou-se ontem: Paulo Assunção rescindiu unilateralmente o contrato que o ligava ao FC Porto por mais uma época, fazendo uso da Lei Webster (ver peça nesta página). O médio tinha até ao próximo dia 2 para apresentar a carta de rescisão - podia fazê-lo até 15 dias depois do último jogo oficial (final da Taça de Portugal, no caso) -, mas nem sequer esperou pelo fim do prazo. O aviso chegou ontem ao FC Porto e o clube colocou um comunicado a dar conta da situação na página oficial na internet.A rescisão do contrato de Paulo Assunção significa para o FC Porto um encaixe estimado em 600 mil euros, ou seja, os valores que o jogador receberia se cumprisse o contrato até ao fim. É importante dizer também que com esta medida Paulo Assunção não pode jogar no imediato em Portugal, pelo menos até Janeiro, data em que o mercado reabre após o início da época. No final do clássico entre o FC Porto e o Benfica, Assunção foi visto a conversar com Rui Costa e houve quem sugerisse que as suas reticências em renovar contrato significavam que estaria a caminho do Benfica. O que, pelo menos para já, não é verdade. Esses comentários somados à suposta intimidação de que foi alvo por parte de alegados adeptos portistas à saída do Olival, recentemente, criaram desconforto .Desconforto que os responsáveis do FC Porto também sentiram quando se sentaram à mesa de negociações com o médio brasileiro, o que aconteceu algumas vezes nos últimos meses. Com 28 anos, a ideia do jogador era fazer um bom contrato, até porque seria o último, e os valores pedidos foram altos. O FC Porto foi subindo a parada até perceber que o jogador não estava inclinado a aceitar nenhuma proposta.Fiorentina, Roma e Atlético de Madrid já foram apontados como clubes interessados.Andy deu o primeiro passo ao mudar-se para o WiganAo abrigo do Artigo 17 do Regulamento de Transferências da FIFA, um jogador pode rescindir o contrato que o liga a um determinado clube e mudar-se para um emblema estrangeiro, bastando para isso que tenham passados três anos após a assinatura do vínculo ou apenas dois se tiver mais de 28 anos. A lei está em vigor desde 2001, mas coube ao escocês Andy Webster dar o primeiro passo, apenas em Agosto de 2006. Transferiu-se do Hearts, da Escócia, para o Wigan, de Inglaterra, pagando ao primeiro uma indemnização, se bem que o andamento do caso não tenha sido assim tão simples. Aliás, primeiro Webster foi condenado a pagar 842,5 mil euros, mas o Tribunal Arbitral do Desporto decidiu que tinha apenas que pagar ao Hearts os vencimentos até ao final do contrato. Webster é escocês, tem 25 anos e joga actualmente no Rangers. Adivinha-se uma batalha legal com Assunção também. Imprescindível, disseram Adriaanse e JesualdoTOMAZ ANDRADENa parte final da época que acabou foi perguntado a Lisandro quem era o melhor jogador da Bwin Liga e a resposta saiu pronta: "é o Pablo". O Pablo é Paulo Assunção e Lucho, minutos depois, concordou com o compatriota. Ambos disseram que se trata de um jogador invisível, que faz o trabalho sujo da equipa, libertando os médios com ideias criativas para a organização do jogo ofensivo. Pois bem, na próxima época não haverá Paulo Assunção e o futebol portista será necessariamente diferente. E sem Assunção é legítimo questionar se haverá margem para deixar sair mais algum médio.O brasileiro chegou ao FC Porto com 19 anos, oriundo do Palmeiras, e foi desviado para a equipa secundária. Em 2001, o jogador não entrou nos planos do FC Porto e regressou ao Palmeiras, voltando a Portugal em 2002/03 para jogar no Nacional. Fez duas boas épocas e o Sporting quis contratá-lo, mas Pinto da Costa resgatou-o no início da época de 2004/05 e foi emprestado ao AEK de Atenas. Voltou mais forte e Co Adriaanse fez uso dele em grande escala, sendo considerado crucial no título conquistado pelo holandês. A seguir, Jesualdo olhou para ele com os mesmos olhos e durante duas temporadas Paulo Assunção foi indiscutível. Correu quilómetros, recuperou bolas como nenhum outro, e errou poucas vezes o passe. Joga na posição que é considerada a mais inteligente do futebol e transmitiu aos companheiros uma segurança incrível. Toda a gente podia atacar porque Assunção guardava-lhes as costas.VersatilidadeQualquer treinador gosta de ter um jogador como Paulo Assunção no plantel. É que o brasileiro adapta-se a diferentes sistemas tácticos. Com Adriaanse jogou à frente dos três defesas, funcionando como quarto elemento às vezes, e com Jesualdo foi um médio-defensivo clássico, o primeiro a entregar a bola.NÚMEROS123Número de jogos efectuados por Paulo Assunção no campeonato português, repartidos por sete temporadas. O brasileiro representou o FC Porto e o Nacional. Obviamente, a maior parte dos jogos foram com a camisola portista2Golos apontados pelo médio nas sete épocas que passou em Portugal. E nenhum deles foi com a camisola portista. Dos dois, merece a pena recordar um: na Mata Real embalou desde a defesa e fintou meia equipa do Paços de Ferreira até furar as redes. Uma raridade255Recuperações efectuadas durante a época de 2005/06, quando Co Adriaanse era o treinador. Foi a temporada em que recuperou mais bolas, dando uma média incrível de 10,20 por jogo. Na época passada fez 218 recuperações, com uma média de 9,080Paulo Assunção nunca foi expulso ao serviço do FC Porto e conseguiu diminuir progressivamente o número de cartões amarelos. Há três épocas viu dez, há duas viu nove e na anterior foi admoestado com cinco cartões amarelos. E logo naquela posição Bolatti perfila-se como sucessorTAQuando se pensa no FC Porto sem Paulo Assunção é o nome de Bolatti que primeiro vem à tona. O argentino que foi contratado ao Belgrano há cerca de um ano fez a primeira época no futebol europeu sem grande sucesso. Jogou pouco no campeonato, somando um total de 500 minutos, e foi mais utilizado na Taça de Portugal. Na Liga dos Campeões ainda jogou menos. O processo de adaptação a um novo país e cultura foi penoso e, no âmbito desportivo, não contava com Paulo Assunção, a quem teceu rasgados elogios, de resto. Ultrapassada essa fase, Bolatti vai começar a época em pé de igualdade com os companheiros, perfilando-se como o sucessor de Assunção. Assim deverá pensar Jesualdo Ferreira, até porque as alternativas, para já, resumem-se a Fernando. O médio brasileiro que esteve emprestado ao Estrela da Amadora na última época vai fazer a pré-temporada em Marienfeld, concorrendo a um lugar nos eleitos finais de Jesualdo Ferreira. A não ser que a SAD vá ao mercado, a responsabilidade de substituir Paulo Assunção deverá recair em Bolatti e Fernando.O Jogo 99/24 Sex, 30 Mai 2008