Lembrei-me de um poema de António Gancho, há uns dias, e transcrevi-o no blog. Mas nada disse sobre a personagem. Um simpático comentador lembrou que o poeta era eborense. De facto, nasceu em Évora, em 1940, e aqui viveu até aos vinte anos, tendo colaborado com alguns jornais locais (onde parará tal colaboração? E como seria interessante resgatá-la ao pó dos arquivos…). O pai decidiu interná-lo no Júlio de Matos e em 1967 acaba por ir parar ao Telhal, em Sintra, onde viverá até 2006 (ano da sua morte). Comprei recentemente As Dioptrias de Elisa (Assírio & Alvim). Um livro erótico e surreal, passado em Évora. O Jardim Público, O templo de Diana, a Praça do Giraldo são cenário para as deambulações das personagens. Candura e sexo combinados de uma maneira muito especial. Só lendo. Começa assim:”Elisa não podia casar. As dioptrias de Elisa eram muito grandes. Na vista esquerda tinha 16 dioptrias e na direita 13. Não via bem. Tinha miopia e astigmatismo. Era míope. Mas esbelta, gorda, forte, no entanto engraçada.” Talvez por isso, acaba por casar-se e não constituirá nenhum modelo de fidelidade. Antes pelo contrário. O AG foi amigo de Álvaro Lapa, António Palolo, Joaquim Bravo e conheceu os surrealistas do grupo do Café Grelo, nos anos 50, em Lisboa, que perceberam imediatamente o ânimo álacre dos seus poemas. Por causa desta palavra, álacre, penso nos amarelos de outro extravagante, Van Gogh. Muito gostaria eu de saber que tipo de doidice ou doudice seria a de Gancho. Se bem calha poderíamos chamar-lhe genialidade. P.S. Tal como Elisa, sou míope.
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Lembrei-me de um poema de António Gancho, há uns dias, e transcrevi-o no blog. Mas nada disse sobre a personagem. Um simpático comentador lembrou que o poeta era eborense. De facto, nasceu em Évora, em 1940, e aqui viveu até aos vinte anos, tendo colaborado com alguns jornais locais (onde parará tal colaboração? E como seria interessante resgatá-la ao pó dos arquivos…). O pai decidiu interná-lo no Júlio de Matos e em 1967 acaba por ir parar ao Telhal, em Sintra, onde viverá até 2006 (ano da sua morte). Comprei recentemente As Dioptrias de Elisa (Assírio & Alvim). Um livro erótico e surreal, passado em Évora. O Jardim Público, O templo de Diana, a Praça do Giraldo são cenário para as deambulações das personagens. Candura e sexo combinados de uma maneira muito especial. Só lendo. Começa assim:”Elisa não podia casar. As dioptrias de Elisa eram muito grandes. Na vista esquerda tinha 16 dioptrias e na direita 13. Não via bem. Tinha miopia e astigmatismo. Era míope. Mas esbelta, gorda, forte, no entanto engraçada.” Talvez por isso, acaba por casar-se e não constituirá nenhum modelo de fidelidade. Antes pelo contrário. O AG foi amigo de Álvaro Lapa, António Palolo, Joaquim Bravo e conheceu os surrealistas do grupo do Café Grelo, nos anos 50, em Lisboa, que perceberam imediatamente o ânimo álacre dos seus poemas. Por causa desta palavra, álacre, penso nos amarelos de outro extravagante, Van Gogh. Muito gostaria eu de saber que tipo de doidice ou doudice seria a de Gancho. Se bem calha poderíamos chamar-lhe genialidade. P.S. Tal como Elisa, sou míope.