Vou pôr aqui ao princípio umas banalidades que convém ter sempre à mão de semear. Para pensarmos bem sobre um assunto temos de ser imparciais. Num conhecido texto de Kant, “O que é o Iluminismo?”, ficamos a saber que as causas da menoridade intelectual não são vitais (todos temos mais ou menos as mesmas capacidades cognitivas), mas sim éticas: falta de coragem e preguiça de pensarmos com independência de espírito. Sapere Aude, Ousa Saber, é a pedra de toque dos espíritos livres, que poderemos ser todos nós. Há temas a que estamos tão ligados emocionalmente que nos fazem disparar primeiro e pensar depois. Ódios e amores de estimação não são bons conselheiros. Não se dão bem com o pensamento descomprometido e com a argumentação. Os palavrões, por si só, não são o problema maior das caixas de comentários dos blogues, mas sim aquilo de que são o sintoma: desprezo pelo pensamento.Poderemos até fazer um esforço para compreender uma pessoa descontrolada que manda outra levar no cu (é preferível dizer, provavelmente, levar nas nalgas, é mais elegante e sofisticado), desde que, a seguir, justifique muito bem porque o faz, argumentando, porra.
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Vou pôr aqui ao princípio umas banalidades que convém ter sempre à mão de semear. Para pensarmos bem sobre um assunto temos de ser imparciais. Num conhecido texto de Kant, “O que é o Iluminismo?”, ficamos a saber que as causas da menoridade intelectual não são vitais (todos temos mais ou menos as mesmas capacidades cognitivas), mas sim éticas: falta de coragem e preguiça de pensarmos com independência de espírito. Sapere Aude, Ousa Saber, é a pedra de toque dos espíritos livres, que poderemos ser todos nós. Há temas a que estamos tão ligados emocionalmente que nos fazem disparar primeiro e pensar depois. Ódios e amores de estimação não são bons conselheiros. Não se dão bem com o pensamento descomprometido e com a argumentação. Os palavrões, por si só, não são o problema maior das caixas de comentários dos blogues, mas sim aquilo de que são o sintoma: desprezo pelo pensamento.Poderemos até fazer um esforço para compreender uma pessoa descontrolada que manda outra levar no cu (é preferível dizer, provavelmente, levar nas nalgas, é mais elegante e sofisticado), desde que, a seguir, justifique muito bem porque o faz, argumentando, porra.