A Cinco Tons: A diferença entre um viajante e um caminhante

05-08-2010
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Neste tempo em que parece necessário repensar modelos, continuamos ainda a ser viajantes.O viajante é o que tem um ponto de partida e um ponto de chegada. Um projecto. Uma vez cumprido o projecto, o viajante fica esgotado. Através desta viagem, ou projecto de desenvolvimento, forma-se o bom liberal, o bom anarquista, o bom comunista, o bom sportinguista, o bom benfiquista, o bom cristão, etc. Para por fim o viajante morrer com a sua meta. Quando atingido o ponto previsto como objectivo, o viajante deixa de ter razão de ser. Resta-lhe a solidão e a deseperança, misturadas com a eventual ou nostálgica sensação do dever cumprido. Por saberem isto, os viajantes tudo fazem para alargar o tempo e o espaço da sua meta. Os políticos, findo o prazo do seu mandato, empenham-se no prolongamento do projecto que lhes renove o poder e a sua razão de ser. A qualquer preço, mesmo contra as regras que dizem defender. Alguns cargos de poder chegam mesmo a se auto-declararem vitalícios. Mas todos os viajantes desejam e temem simultâneamente a meta. Ela simboliza a sua glória mas também a sua extinção.O caminhante não é igual ao viajante. Experimenta o mundo como uma oferta de cada momento. Não tem pressa. Não é escravo do tempo. Os lugares são para apreciar e vivenciar. O caminhante olha-os como construções possíveis. O caminhante sabe que cada verdade é apenas "uma meia verdade" porque contem parte do olhar ou do sentir do outro. E por isso, não é susceptível de fazer rebentar uma guerra, nem pode levar à repressão do outro. Só pode levar à tentativa de compreender, ao desejo de conhecer. À tentativa do encontro.O caminhante sabe, tal como o poeta sevilhano António  Machado que
" Caminhante, são teus rastoso caminho, e nada mais;caminhante, não há caminho,faz-se caminho ao andar.Ao andar faz-se o caminho,e ao olhar-se para trásvê-se a senda que jamaisse há-de voltar a pisar.Caminhante, não há caminho,somente sulcos no mar ".


Neste tempo em que parece necessário repensar modelos, continuamos ainda a ser viajantes.O viajante é o que tem um ponto de partida e um ponto de chegada. Um projecto. Uma vez cumprido o projecto, o viajante fica esgotado. Através desta viagem, ou projecto de desenvolvimento, forma-se o bom liberal, o bom anarquista, o bom comunista, o bom sportinguista, o bom benfiquista, o bom cristão, etc. Para por fim o viajante morrer com a sua meta. Quando atingido o ponto previsto como objectivo, o viajante deixa de ter razão de ser. Resta-lhe a solidão e a deseperança, misturadas com a eventual ou nostálgica sensação do dever cumprido. Por saberem isto, os viajantes tudo fazem para alargar o tempo e o espaço da sua meta. Os políticos, findo o prazo do seu mandato, empenham-se no prolongamento do projecto que lhes renove o poder e a sua razão de ser. A qualquer preço, mesmo contra as regras que dizem defender. Alguns cargos de poder chegam mesmo a se auto-declararem vitalícios. Mas todos os viajantes desejam e temem simultâneamente a meta. Ela simboliza a sua glória mas também a sua extinção.O caminhante não é igual ao viajante. Experimenta o mundo como uma oferta de cada momento. Não tem pressa. Não é escravo do tempo. Os lugares são para apreciar e vivenciar. O caminhante olha-os como construções possíveis. O caminhante sabe que cada verdade é apenas "uma meia verdade" porque contem parte do olhar ou do sentir do outro. E por isso, não é susceptível de fazer rebentar uma guerra, nem pode levar à repressão do outro. Só pode levar à tentativa de compreender, ao desejo de conhecer. À tentativa do encontro.O caminhante sabe, tal como o poeta sevilhano António  Machado que
" Caminhante, são teus rastoso caminho, e nada mais;caminhante, não há caminho,faz-se caminho ao andar.Ao andar faz-se o caminho,e ao olhar-se para trásvê-se a senda que jamaisse há-de voltar a pisar.Caminhante, não há caminho,somente sulcos no mar ".

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