É consensual que estamos num mundo em mudança; que agora tudo é muito diferente de ainda há pouco; que as mudanças são aceleradas.Mas, quando observamos o mundo das ideias percebemos que vivemos ainda profundamente influenciados pelo iluminismo, empenhados na procura do novo. A grande maioria das pessoas quer ainda ser moderna. Os discursos políticos falam de partidos modernos, e dizem querer um país, ou uma instituição moderna. Enquanto isto, teóricos e artistas dizem e escrevem, pelo menos desde os anos 70, que a modernidade foi suplantada. E discutem se este é o tempo da pós-modernidade, da hiper-modernidade, da modernidade tardia, ou outro ainda.Enquanto o discurso de uns poucos dobrou a modernidade - outra vez sem sem unanimidade sobre se este era mais um Cabo da Boa Esperança ou se das Tormentas – o quotidiano, esse continua impregnado das mais velhas marcas.Gilles Lipovetsky- (não, não é um perigoso comunista, mas antes um defensor das democracias liberais) publicou este ano entre nós (edições 70) um livro sobre a omnipresença dos ecrãs na sociedade contemporânea. Neste contexto, observou que entre os milhões de fotos que estão no facebook, a generalidade dos homens aparece em cenários exteriores, ou seja na praia, no surf, jogando à bola, numa esplanada, etc, enquanto a maioria das mulheres surge em cenários interiores, com marcas de sensualidade, ou erotização bem evidentes. É caso para dizer que apesar das mudanças, parece não haver descontinuidade na reprodução dos símbolos que vêm desde sempre.E que as mudanças, nomeadamente nos arquétipos do género, são afinal muito lentas.
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É consensual que estamos num mundo em mudança; que agora tudo é muito diferente de ainda há pouco; que as mudanças são aceleradas.Mas, quando observamos o mundo das ideias percebemos que vivemos ainda profundamente influenciados pelo iluminismo, empenhados na procura do novo. A grande maioria das pessoas quer ainda ser moderna. Os discursos políticos falam de partidos modernos, e dizem querer um país, ou uma instituição moderna. Enquanto isto, teóricos e artistas dizem e escrevem, pelo menos desde os anos 70, que a modernidade foi suplantada. E discutem se este é o tempo da pós-modernidade, da hiper-modernidade, da modernidade tardia, ou outro ainda.Enquanto o discurso de uns poucos dobrou a modernidade - outra vez sem sem unanimidade sobre se este era mais um Cabo da Boa Esperança ou se das Tormentas – o quotidiano, esse continua impregnado das mais velhas marcas.Gilles Lipovetsky- (não, não é um perigoso comunista, mas antes um defensor das democracias liberais) publicou este ano entre nós (edições 70) um livro sobre a omnipresença dos ecrãs na sociedade contemporânea. Neste contexto, observou que entre os milhões de fotos que estão no facebook, a generalidade dos homens aparece em cenários exteriores, ou seja na praia, no surf, jogando à bola, numa esplanada, etc, enquanto a maioria das mulheres surge em cenários interiores, com marcas de sensualidade, ou erotização bem evidentes. É caso para dizer que apesar das mudanças, parece não haver descontinuidade na reprodução dos símbolos que vêm desde sempre.E que as mudanças, nomeadamente nos arquétipos do género, são afinal muito lentas.