A LIRA E A ESPADA(Tríptico)A Miguel de UnamunoIEu te saúdo! austero pensadordas místicas planuras castelhanas,eu te saúdo pelo teu amoràs líricas paisagens lusitanas!Aqui na amenidade destas veigastua alma se deixou lenificarsob o efeito de elegias meigasao nosso jeito escritas... a chorar!Filosoficamente atormentadopela obsessão de dissecar a fundoo génio de Castela frente ao mundo,foi neste alfobre "à beira-mar plantado",viveiro de poetas, que enxergastea sua vera essência... por contraste!IIMais que as vetustas grandes catedrais,palácios e castelos, não me estranhaque para ti os ícones de Espanhafossem os mausoléus imperiais.Nada mais espanhol, por castelhano,que a arca tumular dos Reis Católicos,o mais palpável dos padrões simbólicosde um trágico destino soberano.De igual maneira, em solo português,foi nas tumbas reais de Pedro e Inêsque nos tentaste a alma surpreender:sujeitos aos ditames da paixão,pusemos sempre acima do podera incontornável voz do coração!IIIFace à tua maneira de pensar,paredes meias com o teu sentir,se houvesse forma de reproduzirgraficamente o chão peninsular,talvez eu me atrevesse a sugeriruma espada cruzada, a flamejar,com uma lira, ou seja, par a par,Castela e Portugal... por se cumprir.Vejo na espada o plano de Isabelde, livre a Espanha, dar à filha insanao azo de uma Europa... castalhana;na lira, a terna voz de um menestrellembrando o Rei que, envolto em nevoeiro,um dia há-de voltar... do cativeiro!JOÃO DE CASTRO NUNES
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A LIRA E A ESPADA(Tríptico)A Miguel de UnamunoIEu te saúdo! austero pensadordas místicas planuras castelhanas,eu te saúdo pelo teu amoràs líricas paisagens lusitanas!Aqui na amenidade destas veigastua alma se deixou lenificarsob o efeito de elegias meigasao nosso jeito escritas... a chorar!Filosoficamente atormentadopela obsessão de dissecar a fundoo génio de Castela frente ao mundo,foi neste alfobre "à beira-mar plantado",viveiro de poetas, que enxergastea sua vera essência... por contraste!IIMais que as vetustas grandes catedrais,palácios e castelos, não me estranhaque para ti os ícones de Espanhafossem os mausoléus imperiais.Nada mais espanhol, por castelhano,que a arca tumular dos Reis Católicos,o mais palpável dos padrões simbólicosde um trágico destino soberano.De igual maneira, em solo português,foi nas tumbas reais de Pedro e Inêsque nos tentaste a alma surpreender:sujeitos aos ditames da paixão,pusemos sempre acima do podera incontornável voz do coração!IIIFace à tua maneira de pensar,paredes meias com o teu sentir,se houvesse forma de reproduzirgraficamente o chão peninsular,talvez eu me atrevesse a sugeriruma espada cruzada, a flamejar,com uma lira, ou seja, par a par,Castela e Portugal... por se cumprir.Vejo na espada o plano de Isabelde, livre a Espanha, dar à filha insanao azo de uma Europa... castalhana;na lira, a terna voz de um menestrellembrando o Rei que, envolto em nevoeiro,um dia há-de voltar... do cativeiro!JOÃO DE CASTRO NUNES