Entre as brumas da memória: As histórias dos católicos progressistas num "passado [que] deixou marcas"

03-08-2010
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(Texto publicado aqui)A livraria Almedina Estádio apresenta “Entre as Brumas da Memória”, da autoria de Joana Lopes, numa sessão que terá lugar em Coimbra, no dia 31 de Maio (Quinta-feira), às 21h15, e contará com a apresentação de Rui Bebiano, professor na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e José Dias, presidente do Conselho da Cidade de Coimbra.“Entre as Brumas da Memória”, livro publicado pela Ambar este ano, retrata o papel que as elites católicas tiveram na luta contra o regime fascista vigente em Portugal, durante a década de 60. É indiscutível que a maioria dessas elites se identificou com os posicionamentos do salazarismo. Mas poucos sabem que foi crescendo na altura o número dos que, de dentro da Igreja, se opuseram ao regime e o afirmaram cada vez mais claramente. É sobre essa organização informal e as suas iniciativas que Joana Lopes escolheu escrever.Em 1963/1964, os efeitos do Concílio Vaticano II – um dos grandes motores da abertura da Igreja - começam a fazer-se sentir. O conservadorismo da Igreja portuguesa, a ausência de liberdades elementares e a manutenção da guerra colonial deixam parte dos Portugueses descontentes com o regime vigente. Movimentos de contestação aparecem. O dos “católicos progressistas” é um deles.Apesar de a acção dos católicos da oposição nas últimas décadas da ditadura já ter sido objecto de algumas publicações, Joana Lopes decidiu dar a essa luta uma abordagem mais aprofundada, dando conta da dimensão do movimento, em termos de número de iniciativas e de pessoas envolvidas. “Poucos dos que protagonizaram [essas iniciativas] têm parado para as descrever”, argumenta a autora. Resolveu então fixar no papel o que aconteceu. “(…) Cresceu em mim o desejo de contar algumas histórias, pouco conhecidas ou já esquecidas, de um vasto conjunto de pessoas (…), que viveram intensamente os últimos anos do salazarismo e o início do marcelismo acreditando que a pertença a uma comunidade de católicos e muitas iniciativas que foram tendo - em parte por causa dessa pertença - podiam ajudar a Igreja a renovar¬ se e Portugal a sair do fascismo. Muitas dessas pessoas, nas quais me incluo, há muito que deixaram a Igreja. Mas o passado deixou marcas”, explica Joana Lopes.Até ao fim da década de 60 – época em que se desenrolaram os acontecimentos abordados neste livro –, Joana Lopes participou activamente em várias organizações e iniciativas dos que ficaram conhecidos como «católicos progressistas». Contudo, “Entre as Brumas da Memória” não é uma autobiografia nem um livro de história, mas sim um “livro de histórias” para os que “ignoravam que alguns dos seus conterrâneos não se limitaram a viver tranquilamente sob o manto, protector e único, do Estado Novo e da Igreja portuguesa” e também “[para] os nossos filhos, que nasceram ou atingiram a idade adulta já em democracia, [e que] pouco sabem de tudo isto e têm talvez o direito de saber”, conclui a autora.Joana Lopes nasceu em 1938 em Lourenço Marques (actual Maputo, capital de Moçambique) e é licenciada em Filosofia pela Universidade de Lovaina (Bélgica), onde também se doutorou em Lógica Matemática.


(Texto publicado aqui)A livraria Almedina Estádio apresenta “Entre as Brumas da Memória”, da autoria de Joana Lopes, numa sessão que terá lugar em Coimbra, no dia 31 de Maio (Quinta-feira), às 21h15, e contará com a apresentação de Rui Bebiano, professor na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e José Dias, presidente do Conselho da Cidade de Coimbra.“Entre as Brumas da Memória”, livro publicado pela Ambar este ano, retrata o papel que as elites católicas tiveram na luta contra o regime fascista vigente em Portugal, durante a década de 60. É indiscutível que a maioria dessas elites se identificou com os posicionamentos do salazarismo. Mas poucos sabem que foi crescendo na altura o número dos que, de dentro da Igreja, se opuseram ao regime e o afirmaram cada vez mais claramente. É sobre essa organização informal e as suas iniciativas que Joana Lopes escolheu escrever.Em 1963/1964, os efeitos do Concílio Vaticano II – um dos grandes motores da abertura da Igreja - começam a fazer-se sentir. O conservadorismo da Igreja portuguesa, a ausência de liberdades elementares e a manutenção da guerra colonial deixam parte dos Portugueses descontentes com o regime vigente. Movimentos de contestação aparecem. O dos “católicos progressistas” é um deles.Apesar de a acção dos católicos da oposição nas últimas décadas da ditadura já ter sido objecto de algumas publicações, Joana Lopes decidiu dar a essa luta uma abordagem mais aprofundada, dando conta da dimensão do movimento, em termos de número de iniciativas e de pessoas envolvidas. “Poucos dos que protagonizaram [essas iniciativas] têm parado para as descrever”, argumenta a autora. Resolveu então fixar no papel o que aconteceu. “(…) Cresceu em mim o desejo de contar algumas histórias, pouco conhecidas ou já esquecidas, de um vasto conjunto de pessoas (…), que viveram intensamente os últimos anos do salazarismo e o início do marcelismo acreditando que a pertença a uma comunidade de católicos e muitas iniciativas que foram tendo - em parte por causa dessa pertença - podiam ajudar a Igreja a renovar¬ se e Portugal a sair do fascismo. Muitas dessas pessoas, nas quais me incluo, há muito que deixaram a Igreja. Mas o passado deixou marcas”, explica Joana Lopes.Até ao fim da década de 60 – época em que se desenrolaram os acontecimentos abordados neste livro –, Joana Lopes participou activamente em várias organizações e iniciativas dos que ficaram conhecidos como «católicos progressistas». Contudo, “Entre as Brumas da Memória” não é uma autobiografia nem um livro de história, mas sim um “livro de histórias” para os que “ignoravam que alguns dos seus conterrâneos não se limitaram a viver tranquilamente sob o manto, protector e único, do Estado Novo e da Igreja portuguesa” e também “[para] os nossos filhos, que nasceram ou atingiram a idade adulta já em democracia, [e que] pouco sabem de tudo isto e têm talvez o direito de saber”, conclui a autora.Joana Lopes nasceu em 1938 em Lourenço Marques (actual Maputo, capital de Moçambique) e é licenciada em Filosofia pela Universidade de Lovaina (Bélgica), onde também se doutorou em Lógica Matemática.

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