Não deixa de ser um triste episódio o facto de José Sócrates ter andado a fumar no avião da comitiva oficial à Venezuela: não só por fumar num dos piores locais para o fazer, como também por tal ser proibido, nunca esquecendo que ele tem mais obrigações morais de dar o exemplo do que qualquer um de nós. O próprio só conseguiu retratar-se, ao fazer o papel de desentendido - disse que não sabia que tal era proibido - e a prometer à Nação que iria deixar de fumar. Se fico satisfeito quando familiares, amigos e conhecidos meus tomam tal decisão, não deixo de sentir tal sentimento com esta notícia, apesar de apenas me ter cruzado com o próprio meia-dúzia de vezes na rua.Com tudo, isto, ficamos todos a saber um pouco mais do feitio do Primeiro-Ministro, mas num país com tantos problemas, discutir os vícios de quem manda parece-me algo que foge um pouco ao essencial.Bloco de Esquerda e PSD pediram a autuação de José Sócrates. Se a lei o prevê, acho muitíssimo bem, ainda para mais tratando-se do Primeiro-Ministro, que deveria ainda levar uns calduços por fumar onde não devia e ainda armar-se em sonso. No caso do PSD, quem dá a cara pela indignação é José Eduardo Martins, ex-Secretário de Estado do Ambiente de Durão Barroso. Nem de propósito: ainda há umas semanas, vi o próprio Zé Eduardo a falar ao telemóvel enquanto conduzia, numa das mais movimentadas vias da cidade de Lisboa e ninguém me garante que não estaria a fazê-lo enquanto desempenhava trabalho político. Isto já de si mostra o nível deste tipo de discussões, com pessoas a assumirem-se paladinos de virtudes. Discussão sobre questões a sério é o que deseja. No fundo, só acho que políticos que lançam o debate para estes termos estão muito bem uns para os outros.
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Não deixa de ser um triste episódio o facto de José Sócrates ter andado a fumar no avião da comitiva oficial à Venezuela: não só por fumar num dos piores locais para o fazer, como também por tal ser proibido, nunca esquecendo que ele tem mais obrigações morais de dar o exemplo do que qualquer um de nós. O próprio só conseguiu retratar-se, ao fazer o papel de desentendido - disse que não sabia que tal era proibido - e a prometer à Nação que iria deixar de fumar. Se fico satisfeito quando familiares, amigos e conhecidos meus tomam tal decisão, não deixo de sentir tal sentimento com esta notícia, apesar de apenas me ter cruzado com o próprio meia-dúzia de vezes na rua.Com tudo, isto, ficamos todos a saber um pouco mais do feitio do Primeiro-Ministro, mas num país com tantos problemas, discutir os vícios de quem manda parece-me algo que foge um pouco ao essencial.Bloco de Esquerda e PSD pediram a autuação de José Sócrates. Se a lei o prevê, acho muitíssimo bem, ainda para mais tratando-se do Primeiro-Ministro, que deveria ainda levar uns calduços por fumar onde não devia e ainda armar-se em sonso. No caso do PSD, quem dá a cara pela indignação é José Eduardo Martins, ex-Secretário de Estado do Ambiente de Durão Barroso. Nem de propósito: ainda há umas semanas, vi o próprio Zé Eduardo a falar ao telemóvel enquanto conduzia, numa das mais movimentadas vias da cidade de Lisboa e ninguém me garante que não estaria a fazê-lo enquanto desempenhava trabalho político. Isto já de si mostra o nível deste tipo de discussões, com pessoas a assumirem-se paladinos de virtudes. Discussão sobre questões a sério é o que deseja. No fundo, só acho que políticos que lançam o debate para estes termos estão muito bem uns para os outros.