Fora de Tempo: Falta de chá

03-08-2010
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José Eduardo Martins e Afonso Candal, deputados do PSD e PS, respectivamente, envolveram-se numa conversa azeda durante o debate de ontem sobre o negócio dos painéis solares. Bem, até aqui nada de muito novo. Por vezes há discussões mais acaloradas e não vem grande mal ao mundo por isso. Mas acontece que o deputado do PSD, respondendo a uma provocação de Candal (que comete a proeza de ser mais irritante do que o seu papá), mandou o deputado do PS para o "caralho". Repetidamente. E assim o debate (?) parlamentar chega a um nível rasteiro, diria até, nojento, que pensei nunca ser possível de ocorrer.Neste vídeo não se percebe o palavrão, mas parece que a TVI passou imagens que dissipam todas as dúvidas (e aposto que a Manuela Moura Guedes fez o seu comentário da praxe que ninguém pediu).Pior ainda é que Eduardo Martins já tinha dado um ar da sua graça num recente debate com a presença do PM, ao qual chamou de... palhaço. Vendo os dois vídeos, podemos concluir que para além do insulto fácil, Eduardo Martins é um adepto do provérbio popular ("quem não se sente não é filho de boa gente", "quem não deve não teme"). Um homem do povo, com sangue na guelra, portanto. E que gosta de resolver as coisas "lá fora". Um portento de classe.Esquecendo agora a ironia: Eduardo Martins, ex-governante, advogado da nossa praça, deputado da nação, se tem plena consciência de todas as responsabilidades que essas funções acarretam e da conduta pública a que elas obrigam, nunca poderia dizer o que disse. Se não tem estofo para aguentar uma provocaçãozita reles, deveria ter. Se não consegue manter a postura que se lhe exige, então deveria reflectir sobre isso. E, obviamente, deveria deixar o cargo de deputado, pedindo desculpas aos portugueses que o elegeram como seu representante. Atitudes destas não podem passar impunes, como se nada fossem (aliás, estaremos aqui perante o cometimento de pelo menos dois crimes de injúria). Caso contrário, será mais um sinal do apodrecimento da nossa democracia.


José Eduardo Martins e Afonso Candal, deputados do PSD e PS, respectivamente, envolveram-se numa conversa azeda durante o debate de ontem sobre o negócio dos painéis solares. Bem, até aqui nada de muito novo. Por vezes há discussões mais acaloradas e não vem grande mal ao mundo por isso. Mas acontece que o deputado do PSD, respondendo a uma provocação de Candal (que comete a proeza de ser mais irritante do que o seu papá), mandou o deputado do PS para o "caralho". Repetidamente. E assim o debate (?) parlamentar chega a um nível rasteiro, diria até, nojento, que pensei nunca ser possível de ocorrer.Neste vídeo não se percebe o palavrão, mas parece que a TVI passou imagens que dissipam todas as dúvidas (e aposto que a Manuela Moura Guedes fez o seu comentário da praxe que ninguém pediu).Pior ainda é que Eduardo Martins já tinha dado um ar da sua graça num recente debate com a presença do PM, ao qual chamou de... palhaço. Vendo os dois vídeos, podemos concluir que para além do insulto fácil, Eduardo Martins é um adepto do provérbio popular ("quem não se sente não é filho de boa gente", "quem não deve não teme"). Um homem do povo, com sangue na guelra, portanto. E que gosta de resolver as coisas "lá fora". Um portento de classe.Esquecendo agora a ironia: Eduardo Martins, ex-governante, advogado da nossa praça, deputado da nação, se tem plena consciência de todas as responsabilidades que essas funções acarretam e da conduta pública a que elas obrigam, nunca poderia dizer o que disse. Se não tem estofo para aguentar uma provocaçãozita reles, deveria ter. Se não consegue manter a postura que se lhe exige, então deveria reflectir sobre isso. E, obviamente, deveria deixar o cargo de deputado, pedindo desculpas aos portugueses que o elegeram como seu representante. Atitudes destas não podem passar impunes, como se nada fossem (aliás, estaremos aqui perante o cometimento de pelo menos dois crimes de injúria). Caso contrário, será mais um sinal do apodrecimento da nossa democracia.

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