O Cachimbo de Magritte: Momento Goldwater

30-05-2010
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Não há muito mais a dizer sobre as eleições de Lisboa. Portas e Mendes já foram convenientemente zurzidos e merecem-no. É revelador de total desnorte (ou, no caso, de total dessul) que PSD e CDS tenham tido estes resultados - apenas uma semana depois de Sócrates ter sido vaiado pela multidão no Estádio da Luz. Péssima a estratégia de Mendes, que tomou a decisão certa sem ter um candidato credível. E péssima a estratégia de Portas, que anunciou um "grande partido de centro-direita" e acaba a disputar votos com o PND e o PNR.Pior era difícil.Há, no entanto, um aspecto essencial a que não se tem dado a devida atenção (peço desculpa pela solenidade, mas os comentadores falam assim). Todos os partidos estavam cheios de projectos, propostas, receitas e soluções para a cidade, e os que não estavam foram criticados por isso. Como em urbanismo não há milagres e nem todos os candidatos a hodiernos Pombais têm a benesse de um terramoto, os ditos projectos revelaram-se, afinal, mais ou menos parecidos.O que fez com que estas eleições não tenham sido um combate de ideias, mas uma luta de figuras.A esquerda venceu porque tinha melhores figuras.Em 2009, corremos o risco de a coisa se repetir.E se a direita começasse já a preocupar-se mais com ideias de direita, em vez de refugiar-se nas banalidades do centrão?Sarkozy mostrou que é possível ganhar eleições com uma mensagem polarizadora. Cameron, pelo contrário, está a ter enormes dificuldades em afirmar os tories como alternativa ao Labour precisamente porque está a construir um partido à imagem da terceira via: moderno, urbano, ecologista, fracturante, politicamente correcto. E atrás de Brown nas sondagens.Isto já parece um provérbio alentejano à moda de Lisboa: querem ser de direita e ganhar eleições ou parecer-se com a esquerda e perdê-las?Vá lá, não reflictam muito...


Não há muito mais a dizer sobre as eleições de Lisboa. Portas e Mendes já foram convenientemente zurzidos e merecem-no. É revelador de total desnorte (ou, no caso, de total dessul) que PSD e CDS tenham tido estes resultados - apenas uma semana depois de Sócrates ter sido vaiado pela multidão no Estádio da Luz. Péssima a estratégia de Mendes, que tomou a decisão certa sem ter um candidato credível. E péssima a estratégia de Portas, que anunciou um "grande partido de centro-direita" e acaba a disputar votos com o PND e o PNR.Pior era difícil.Há, no entanto, um aspecto essencial a que não se tem dado a devida atenção (peço desculpa pela solenidade, mas os comentadores falam assim). Todos os partidos estavam cheios de projectos, propostas, receitas e soluções para a cidade, e os que não estavam foram criticados por isso. Como em urbanismo não há milagres e nem todos os candidatos a hodiernos Pombais têm a benesse de um terramoto, os ditos projectos revelaram-se, afinal, mais ou menos parecidos.O que fez com que estas eleições não tenham sido um combate de ideias, mas uma luta de figuras.A esquerda venceu porque tinha melhores figuras.Em 2009, corremos o risco de a coisa se repetir.E se a direita começasse já a preocupar-se mais com ideias de direita, em vez de refugiar-se nas banalidades do centrão?Sarkozy mostrou que é possível ganhar eleições com uma mensagem polarizadora. Cameron, pelo contrário, está a ter enormes dificuldades em afirmar os tories como alternativa ao Labour precisamente porque está a construir um partido à imagem da terceira via: moderno, urbano, ecologista, fracturante, politicamente correcto. E atrás de Brown nas sondagens.Isto já parece um provérbio alentejano à moda de Lisboa: querem ser de direita e ganhar eleições ou parecer-se com a esquerda e perdê-las?Vá lá, não reflictam muito...

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