O Carmo e a Trindade: As armadilhas do PUALZE

19-12-2009
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Para quem esteja pouco familiarizado com a nomenclatura camarária, a sigla PUALZE poderá não significar nada mais que o nome de um soporífero ou analgésico de proveniência desconhecida. Simplesmente, PUALZE significa "Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade e Zona Envolvente"; é da responsabilidade da CML e o seu autor é um arquitecto do Porto. Até aqui, apesar de estranho (chamar-se a um plano de revitalização "plano de urbanização"...), nada de novo. O pior, mesmo, é que o PAULZE é na verdade um soporífero que se destina a adormecer consciências e a distrair os mais incautos... quando a esmola é grande o pobre desconfia.Mais evidente isso se torna quando se pára para ler o dito cujo, ou se vai até à Avenida para imaginar o que o PUALZE vai ser na prática, isto se não houver ninguém por aí, claro, com aquilo que Alberto João referiu há tempos e que escandalizou meio Portugal, senão veja-se:O PUALZE, tendo em vista o seu propósito oficial, inclui termos perigosos como "regulamentar", "requalificar", "potenciar", "novos equipamentos e actividades estruturantes", etc., para justificar "apenas" o aumento das cérceas da Avenida, a demolição de alguns dos edifícios antigos que ainda sobram por lá, a construção de estacionamento subterrâneo, a demissão de toda e qualquer aposta na função habitação (a CML serve-se inclusive do argumento "nível de ruído" para só falar em serviços), a ausência de coragem em avançar com medidas efectivamente restritivas à circulação automóvel, etc.Puxando ainda um pouco mais pela cabeça, ao cidadão mais ou menos inteligente não poderá passar despercebida a gravíssima agressão que representará a hipotética construção de parques de estacionamento subterrâneo nos cruzamentos da Avenida da Liberdade!, efeitos que se farão sentir à primeira tempestade (de facto) que atinja Lisboa (cruzes canhoto!), tão fácil é aperceber-se do que isso irá afectar o curso das água subterrâneas. Tal como facilmente se imaginará o futuro negro que estará reservado a prédios como o Palácio Conceição e Silva (neo-mourisco), o edifício da Mme.Campos ou os celebérrimos prédios da esquina com a Alexandre Herculano (objecto de "obras coercivas" ao tempo de Santana Lopes) se a tal "requalificação" for levada por diante: vamos ficar com uma segunda versão Da Avenida da República. O mesmo acontecerá aos jardins, logradouros e quintais da Avenida e zona envolvente, a começar pelos da Rua do Salitre, cujos donos terão, enfim, luz verde para os esventrar a seu bel-prazer. Nesta fase, o PUALZE encontra-se ainda no papel, mas, nos moldes em que está, é esta a altura própria para o travar, porque quando a obra começar será já tarde demais. Ah, já me esquecia, o PUALZE esteve em cena no Teatro Variedades aqui há meses, com rufar de tambores e tudo...


Para quem esteja pouco familiarizado com a nomenclatura camarária, a sigla PUALZE poderá não significar nada mais que o nome de um soporífero ou analgésico de proveniência desconhecida. Simplesmente, PUALZE significa "Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade e Zona Envolvente"; é da responsabilidade da CML e o seu autor é um arquitecto do Porto. Até aqui, apesar de estranho (chamar-se a um plano de revitalização "plano de urbanização"...), nada de novo. O pior, mesmo, é que o PAULZE é na verdade um soporífero que se destina a adormecer consciências e a distrair os mais incautos... quando a esmola é grande o pobre desconfia.Mais evidente isso se torna quando se pára para ler o dito cujo, ou se vai até à Avenida para imaginar o que o PUALZE vai ser na prática, isto se não houver ninguém por aí, claro, com aquilo que Alberto João referiu há tempos e que escandalizou meio Portugal, senão veja-se:O PUALZE, tendo em vista o seu propósito oficial, inclui termos perigosos como "regulamentar", "requalificar", "potenciar", "novos equipamentos e actividades estruturantes", etc., para justificar "apenas" o aumento das cérceas da Avenida, a demolição de alguns dos edifícios antigos que ainda sobram por lá, a construção de estacionamento subterrâneo, a demissão de toda e qualquer aposta na função habitação (a CML serve-se inclusive do argumento "nível de ruído" para só falar em serviços), a ausência de coragem em avançar com medidas efectivamente restritivas à circulação automóvel, etc.Puxando ainda um pouco mais pela cabeça, ao cidadão mais ou menos inteligente não poderá passar despercebida a gravíssima agressão que representará a hipotética construção de parques de estacionamento subterrâneo nos cruzamentos da Avenida da Liberdade!, efeitos que se farão sentir à primeira tempestade (de facto) que atinja Lisboa (cruzes canhoto!), tão fácil é aperceber-se do que isso irá afectar o curso das água subterrâneas. Tal como facilmente se imaginará o futuro negro que estará reservado a prédios como o Palácio Conceição e Silva (neo-mourisco), o edifício da Mme.Campos ou os celebérrimos prédios da esquina com a Alexandre Herculano (objecto de "obras coercivas" ao tempo de Santana Lopes) se a tal "requalificação" for levada por diante: vamos ficar com uma segunda versão Da Avenida da República. O mesmo acontecerá aos jardins, logradouros e quintais da Avenida e zona envolvente, a começar pelos da Rua do Salitre, cujos donos terão, enfim, luz verde para os esventrar a seu bel-prazer. Nesta fase, o PUALZE encontra-se ainda no papel, mas, nos moldes em que está, é esta a altura própria para o travar, porque quando a obra começar será já tarde demais. Ah, já me esquecia, o PUALZE esteve em cena no Teatro Variedades aqui há meses, com rufar de tambores e tudo...

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