O Carmo e a Trindade: Pesadelo

28-05-2010
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Os tempos que estamos a viver (e os que vamos viver), aproximam-se muito de um pesadelo, com a diferença de que estamos de olhos abertos: aumento de impostos, urgências em risco, 730 mil desempregados (sendo mais de metade de desempregados de longa duração), só para referir as questões mais relevantes. Ler Krugman, Nobel da Economia, a defender que os salários em Portugal, na Grécia ou na Espanha deviam ser reduzidos entre 20% a 30%, relativamente aos da Alemanha, e que vão ser "anos de sofrimento até se restaurar a competitividade" é aterrador. Há que fazer tudo para sair de onde nos encontramos e para não chegarmos ao que nos profetizam. Cortar na despesa é essencial.Precisamos urgentemente de restaurar sectores produtivos e não apenas de estancar a actual situação. Para que existam objectivos de crescimento sustentado. Para que os sacrifícios que viermos a suportar não sejam em vão. Não vão ser anos fáceis.O Governo está a revelar-se manifestamente incapaz de aceitar e compreender a extensão da crise económico-financeira, quanto mais de tomar as rédeas do País em tal situação. As declarações contraditórias de vários responsáveis governamentais só agravam o problema (por revelarem um desnorte evidente), e a maquilhagem posta nas contas públicas também não ajuda a credibilizar o País, para além de ter outras consequências a nível interno e externo.Mas Sócrates parece viver num outro mundo.A afirmação recente do Primeiro-Ministro de que não pede desculpas por cumprir o seu dever revela uma de duas coisas: ou a persistência na política de marketing que o tem caracterizado (e o Primeiro-Ministro tem grande capacidade de manipulação política), ou o Primeiro-Ministro não percebe mesmo que, justamente, não está a cumprir o seu dever, nem se responsabiliza pela forma como conduziu o País, podendo os sacrifícios que se anunciam terem sido evitados. Mas não: foram anos de puro despesismo inconsequente.Alguns olham para as possíveis intervenções do FMI e da União Europeia como soluções – no limite – mas como soluções.Mas se o FMI e a União Europeia recusarem ajuda a Portugal? Não é um cenário académico, com o recuo da Alemanha na criação dos meios financeiros para manter o euro, a reclamar o direito de veto nos resgates da Zona Euro e o direito de o Parlamento alemão rejeitar a ajuda a um Estado-membro. A isto junta-se o Senado americano a reclamar condições para as ajudas do FMI.In Correio da Manhã


Os tempos que estamos a viver (e os que vamos viver), aproximam-se muito de um pesadelo, com a diferença de que estamos de olhos abertos: aumento de impostos, urgências em risco, 730 mil desempregados (sendo mais de metade de desempregados de longa duração), só para referir as questões mais relevantes. Ler Krugman, Nobel da Economia, a defender que os salários em Portugal, na Grécia ou na Espanha deviam ser reduzidos entre 20% a 30%, relativamente aos da Alemanha, e que vão ser "anos de sofrimento até se restaurar a competitividade" é aterrador. Há que fazer tudo para sair de onde nos encontramos e para não chegarmos ao que nos profetizam. Cortar na despesa é essencial.Precisamos urgentemente de restaurar sectores produtivos e não apenas de estancar a actual situação. Para que existam objectivos de crescimento sustentado. Para que os sacrifícios que viermos a suportar não sejam em vão. Não vão ser anos fáceis.O Governo está a revelar-se manifestamente incapaz de aceitar e compreender a extensão da crise económico-financeira, quanto mais de tomar as rédeas do País em tal situação. As declarações contraditórias de vários responsáveis governamentais só agravam o problema (por revelarem um desnorte evidente), e a maquilhagem posta nas contas públicas também não ajuda a credibilizar o País, para além de ter outras consequências a nível interno e externo.Mas Sócrates parece viver num outro mundo.A afirmação recente do Primeiro-Ministro de que não pede desculpas por cumprir o seu dever revela uma de duas coisas: ou a persistência na política de marketing que o tem caracterizado (e o Primeiro-Ministro tem grande capacidade de manipulação política), ou o Primeiro-Ministro não percebe mesmo que, justamente, não está a cumprir o seu dever, nem se responsabiliza pela forma como conduziu o País, podendo os sacrifícios que se anunciam terem sido evitados. Mas não: foram anos de puro despesismo inconsequente.Alguns olham para as possíveis intervenções do FMI e da União Europeia como soluções – no limite – mas como soluções.Mas se o FMI e a União Europeia recusarem ajuda a Portugal? Não é um cenário académico, com o recuo da Alemanha na criação dos meios financeiros para manter o euro, a reclamar o direito de veto nos resgates da Zona Euro e o direito de o Parlamento alemão rejeitar a ajuda a um Estado-membro. A isto junta-se o Senado americano a reclamar condições para as ajudas do FMI.In Correio da Manhã

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