Nunca havia pensado nele. Assim, azedo. Assim rancoroso e triste. Assim precipitado em julgamentos. Julgando-se, por isso, livre. Julgando-a a ela, por isso, menos livre. Nunca havia pensado nele, assim, azedo e fechado numa dor de que não compreende a razão. Nunca lhe havia prometido nada. Pensou, por momentos, nas conversas e nos gestos. Não houve promessa. Sim, De certeza que não lhe prometeu nada. Não? Então porquê este rancor que agora sentia dirigido a si? Talvez tenha sido pouco clara, pensou. Desde o início. Talvez quando tentou explicar-lhe as razões de como e porquê o queria e de como e porquê não podia quere-lo… talvez tivesse sido pouco clara. Foi de certeza isto. Agora recebe aquela carta e tenta perceber as razões dele para o azedume e as ofensas. As acusações e os julgamentos. Decide responder-lhe apenas: tudo como queiras.Não vale a pena, pensa, fomentar mais amarguras. Não vale a pena responder-lhe mais. Há música em toda a parte. Uma música nele que ela desconhecia. Uma música nela, descobre agora mesmo ligeiramente aterrada, que o inclina para a tristeza. Para a tristeza, também nela, por todas as danças que (já não) serão dançadas.* Marty Elhrich (5:04) in ‘Song’
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Nunca havia pensado nele. Assim, azedo. Assim rancoroso e triste. Assim precipitado em julgamentos. Julgando-se, por isso, livre. Julgando-a a ela, por isso, menos livre. Nunca havia pensado nele, assim, azedo e fechado numa dor de que não compreende a razão. Nunca lhe havia prometido nada. Pensou, por momentos, nas conversas e nos gestos. Não houve promessa. Sim, De certeza que não lhe prometeu nada. Não? Então porquê este rancor que agora sentia dirigido a si? Talvez tenha sido pouco clara, pensou. Desde o início. Talvez quando tentou explicar-lhe as razões de como e porquê o queria e de como e porquê não podia quere-lo… talvez tivesse sido pouco clara. Foi de certeza isto. Agora recebe aquela carta e tenta perceber as razões dele para o azedume e as ofensas. As acusações e os julgamentos. Decide responder-lhe apenas: tudo como queiras.Não vale a pena, pensa, fomentar mais amarguras. Não vale a pena responder-lhe mais. Há música em toda a parte. Uma música nele que ela desconhecia. Uma música nela, descobre agora mesmo ligeiramente aterrada, que o inclina para a tristeza. Para a tristeza, também nela, por todas as danças que (já não) serão dançadas.* Marty Elhrich (5:04) in ‘Song’