Cravo de Abril: HOMEM DE PALAVRA...

20-05-2011
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Num breve resumo da história dos «governos minoritários» desde 1976, o Diário de Notícias diz, a dada altura: « Foi Mário Soares quem primeiro tentou levar um executivo minoritário a bom termo. Tendo o PS vencido as eleições de 1976 (37,9 %) cumpriu a promessa de um Governo "só, só, só PS"».Ora, se a primeira parte da afirmação (que, aliás, não tem qualquer relevância) é verdadeira, o mesmo não se pode dizer da segunda parte.Pôr alguns pontos nalguns is, torna-se, por isso, necessário - sem a mínima ilusão de que a voz do Cravo de Abril possa chegar onde chegam as vozes que escrevem a história do poder dominante; mas com a consciência de que, mesmo assim, vale a pena ir relembrando aspectos da história desse tempo, desse primeiro Governo Soares/PS e do papel por ele desempenhado no processo de liquidação da Revolução de Abril.Recordemos, então, os factos: durante a campanha eleitoral de 1976, Mário Soares expressou repetidamente o seu objectivo e a sua convicção de que o PS iria alcançar «entre 40 e 42 % dos votos (...) o que permitirá obter a maioria absoluta na Assembleia da República e formar sozinho o governo».E tão certo estava de que assim seria que ousou, mesmo, afirmar: «se o PS tiver uma votação menor do que aquela que teve nas últimas eleições, portanto se ficar abaixo dos 38%, nós consideramos que o povo português não nos quer dar um mandato para governarmos».Contados os votos, constatou-se que o povo português não queria dar ao PS um mandato para governar.Com efeito, em relação às eleições anteriores, o PS perdeu quase 300 mil votos e desceu de 38% para 34,9% (não 37,9% como, certamente por lapso, diz o DN)E também ao contrário do que diz o DN, Soares não cumpriu promessa nenhuma: dando o dito por não dito - matéria em que é, desde há muito, o maior especialista nacional - formou governo: rejeitando as insistentes propostas do PCP para a formação de um governo de esquerda, avançou para a formação de um Governo... «só, só, só PS», como diz o DN? Não: um Governo dito do PS sozinho, mas, de facto, aliado à direita.(Recorde-se que Soares não se cansava de dizer que o PCP não era um partido «democrático» e que «democráticos», isso sim e de primeira, eram o PPD e o CDS...)Foi esse Governo PS/Soares aliado à direita que iniciou a brutal ofensiva contra os direitos dos trabalhadores; contra a Reforma Agrária e as Nacionalizações; contra a Constituição da República aprovada meses antes; contra a Revolução de Abril.Foi esse Governo PS/Soares aliado à direita que iniciou a política de recuperação capitalista, imperialista e latifundista e que iniciou a entrega da independência nacional ao imperialismo.Foi esse Governo PS/Mário Soares aliado à direita que iniciou a política de direita desde então levada à prática por todos os seus sucessores (Balsemão/Freitas, Cavaco, Guterres, Barroso/Santana, Sócrates).E foi assim que Soares - homem de palavra... - «cumpriu a promessa de um Governo "só, só, só PS"»...


Num breve resumo da história dos «governos minoritários» desde 1976, o Diário de Notícias diz, a dada altura: « Foi Mário Soares quem primeiro tentou levar um executivo minoritário a bom termo. Tendo o PS vencido as eleições de 1976 (37,9 %) cumpriu a promessa de um Governo "só, só, só PS"».Ora, se a primeira parte da afirmação (que, aliás, não tem qualquer relevância) é verdadeira, o mesmo não se pode dizer da segunda parte.Pôr alguns pontos nalguns is, torna-se, por isso, necessário - sem a mínima ilusão de que a voz do Cravo de Abril possa chegar onde chegam as vozes que escrevem a história do poder dominante; mas com a consciência de que, mesmo assim, vale a pena ir relembrando aspectos da história desse tempo, desse primeiro Governo Soares/PS e do papel por ele desempenhado no processo de liquidação da Revolução de Abril.Recordemos, então, os factos: durante a campanha eleitoral de 1976, Mário Soares expressou repetidamente o seu objectivo e a sua convicção de que o PS iria alcançar «entre 40 e 42 % dos votos (...) o que permitirá obter a maioria absoluta na Assembleia da República e formar sozinho o governo».E tão certo estava de que assim seria que ousou, mesmo, afirmar: «se o PS tiver uma votação menor do que aquela que teve nas últimas eleições, portanto se ficar abaixo dos 38%, nós consideramos que o povo português não nos quer dar um mandato para governarmos».Contados os votos, constatou-se que o povo português não queria dar ao PS um mandato para governar.Com efeito, em relação às eleições anteriores, o PS perdeu quase 300 mil votos e desceu de 38% para 34,9% (não 37,9% como, certamente por lapso, diz o DN)E também ao contrário do que diz o DN, Soares não cumpriu promessa nenhuma: dando o dito por não dito - matéria em que é, desde há muito, o maior especialista nacional - formou governo: rejeitando as insistentes propostas do PCP para a formação de um governo de esquerda, avançou para a formação de um Governo... «só, só, só PS», como diz o DN? Não: um Governo dito do PS sozinho, mas, de facto, aliado à direita.(Recorde-se que Soares não se cansava de dizer que o PCP não era um partido «democrático» e que «democráticos», isso sim e de primeira, eram o PPD e o CDS...)Foi esse Governo PS/Soares aliado à direita que iniciou a brutal ofensiva contra os direitos dos trabalhadores; contra a Reforma Agrária e as Nacionalizações; contra a Constituição da República aprovada meses antes; contra a Revolução de Abril.Foi esse Governo PS/Soares aliado à direita que iniciou a política de recuperação capitalista, imperialista e latifundista e que iniciou a entrega da independência nacional ao imperialismo.Foi esse Governo PS/Mário Soares aliado à direita que iniciou a política de direita desde então levada à prática por todos os seus sucessores (Balsemão/Freitas, Cavaco, Guterres, Barroso/Santana, Sócrates).E foi assim que Soares - homem de palavra... - «cumpriu a promessa de um Governo "só, só, só PS"»...

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