aforismos e afins: Being- IN -the-world ou Being- OUT -of-the-world?

20-01-2011
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Caro João: gostei muito dos exemplos da coca-cola e do filme«Os deuses devem estar loucos». Ilustram brilhantemente como o entendimento dum objecto não é independente do contexto e da nossa vivência. Agora, a citação de Heidegger - da qual destaco «A mood is not related to the psychical» - para mim só é aceitável se a tomar como definição/proposta de «mood». E isso, consequentemente, não traz qualquer contributo para a sua compreensão mas apenas para a sua delimitação. Para percebermos onde e/ou quando é que não há «mood», mais do que perceber o que isso realmente é - o que é a sua natureza. Ninguém disse neste debate que o amor ou a amizade são coisas simples nem muito menos que são puramente nem tão pouco preponderantemente neurológicos, isto é, que podem ser entendidos dum ponto de vista causal-mecanicista do género "toma um comprimido que ficas logo apaixonado". Apenas que também podem contribuir para a sua compreensão.O mais preocupante para mim, no entanto, é quando tu dizes "mas o amor não é uma questão médica e se alguma vez for significa que vivemos num mundo como aquele que Huxley descreveu", vais-me perdoar, mas isto significa que tu não estás preparado para uma busca honesta do conhecimento. Quem busca o conhecimento tem que estar disponível para aceitar que o amor pode ser X ou Y ou Z. E se isso for contra as suas hipóteses base, tem de ter a coragem de dizer "bolas, estava errado". E se isso for contra a sua moral e contra o que ele acha que o mundo deve ser, tem de ter a coragem de dizer "Este mundo é uma merda, já nem o amor escapa". E, a partir daí, eventualmente tentar mudar as coisas para viver num mundo melhor.Mas a compreensão do mundo é uma questao positiva e não normativa. A tua postura é tremendamente anti-científica. Um cientista tem que ser um destruidor impenetrável e alheio a considerações e implicações morais que poderão advir do seu estudo - isto na dimensão "científica" da pessoa. Claro que ele pode rejeitar estudar a bomba atómica por não querer sentir-se responsáavel por um eventual uso dela. Não pode é - enquanto cientista - ignorar ou falsificar quaisquer conclusões a que tenha chegado. Perante a tua intransigência em dar "alguma" importância que seja às ciências naturais, vejo-me obrigado a recorrer a um exemplo simplista para ver se pomos alguns pontos nos iiis:Facto 1: O Prozac é um químico.Facto 2: Tomar Prozac pode alterar a tua mood.Conclusão: Um químico pode alterar a tua mood.Corolário: A tua mood pode ser parcialmente explicada por agentes químicos e/ou factores meramente causais e/ou factores enquadráveis no framework das ditas "ciências naturais".E ainda digo mais, em jeito de prevenção dos teus previsíveis rasgos mais-ou-menos Heidegger-Wittgeinsteinianos:1. A conclusão não depende de tu teres ou não consciência do efeito. Se te meterem um prozac na sopa às escondidas o efeito é o mesmo (claro que estou a excluir o "efeito placebo"). Também não depende de estares mais-ou-menos-entrusado num certo mundo-que-te-rodeia. É uma questão de "facto". Uma questão "causal". Ou, melhor ainda, e para não te revoltares contra o dualismo "facto-valor" e o absolutismo da palavra "causal" - é passível de o ser. E é-o exactamente porque a ciência é - por definição - refutável. Isso de dizer que o "amor está para além do psíquico" pode ser muito bonito e coisa e tal mas é irrefutável porque se auto-define e auto-delimita em si-mesmo. A isso chama-se crença ou dogma ou axioma. Cada um pode ter os seus, e isso é respeitável. Não se pode é ter pretensões de as qualificar como ciência, nem de querer impô-las a outros;2. A conclusão também não depende da linguagem. Não depende de lhe chamarmos "mood", ou "efeito", ou "sentimento", ou o que quer que seja. Também não depende da interpretação que damos às coisas, nem depende de eu escrever isto ou não. Se eu der prozac a um macaco, ou a um surdo-mudo que não tem qualquer poder de linguagem, ele vai sentir o mesmo efeito. Pode não conseguir comunicá-lo, ou interpretá-lo, ou descrevê-lo, ou saber o que é um "efeito" - o que tu queiras. O ponto é que há fenómenos que estão para lá da linguagem. Antes do homem existir já havia mundo, já havia coisas a acontecer, já havia relações de causa-efeito e outras sem ser de causa-efeito. Nós humanos só as podemos entender se usarmos linguagem. Só posso falar contigo através da linguagem. Só posso entender o mundo através da linguagem. Excelente. Mas o "refúgio" de achar que nada tem sentido FORA da linguagem é mais outra construção que - por muito respeitável que seja - está para alem da ciência. A filosofia e a ciência são separáveis. Embora não sejam independentes. É preciso perceber esta diferença crítica.Podes substituir prozac por ectasy, chocolate, tabaco, cocaína; e susbtituir "mood" por "sensação", ou "sentimento", ou o que queiras - desde que seja algo impossível de "medir" na forma habitual que as ciências naturais usam. Esse algo que é fisicamente não mensurável ainda assim "existe". É algo que tu percepcionas - ou sentes, ou vives, ou experiências. O que importa é que tu dizeres que NENHUMA sensação (ou "mood", etc) pode ALGUMA vez depender, nem sequer PARCIALMENTE, de químicos ou demais reacções que sejam explicáveis pelas ciências naturais... sinceramente não me parece compatível com a hipótese de esse alguém "amar o conhecimento". O refúgio em teorias que são auto-construídas e por natureza irrefutáveis, que depois se defendem (e tentam impor) como sendo self-evident é, repito, inteiramente respeitável, mas não é ciência, nem, como tal, passível de ter autoridade para falar sobre ela.Dizes também - citando Heidegger - que, mais do que um mero "fenómeno psíquico", o amor é uma "categoria existencial" diferente. Não nego. Sobretudo não menosprezo a complxeidade da coisa. Aliás, desde sempre que o homem fala sobre isso. Mas se tu me queres convencer que todo e qualquer fenómeno que involva "sentimentos" ou "percepções" está numa categoria existencial diferente por causa do being-in-the-world e etc e tal, eu lembro-te isto: para uma declaração universal ser rejeitada basta um contra-exemplo. Bastante fácil, neste caso: pensa nos alucinogéneos e no efeito que eles têm. Estou seguro que a maior parte das pessoas que os experimentaram se refeririam a essa experiência exactamente como proporcionando uma "categoria existencial" diferente, nomeadamente - e isto roça fronteiras importantes - estados avançados de consciência.Se a tua aversão infinita às ciências naturais vem do facto de teres MEDO de vir a descobrir coisas que possam fazer ruir o teu mundo perfeito OU se vem do facto de teres MEDO que concepções demasiado "mecanicistas" - mesmo se verdadeiras - possam afectar o teu bem-estar e o mundo que te rodeia, o mais simpático que posso dizer quanto a isso é que é anti-científico duma forma pouco respeitável para tantos que morreram na fogueira em defesa das suas convicções e descobertas. Pensa em Galileu ou em Darwin, e no tempo que levou a que as suas teorias fossem aceites, APENAS porque na altura em que foram propostas desafiavam as concepções vigentes sobre o mundo, sobre o que somos e porque estamos aqui.A tua atitude é semelhante à dos inquisidores. Negas, rejeitas, abominas as ciências naturais e os seus métodos com medo que elas te demonstrem ou apontem para - por exemplo - uma coisa tão simples quanto perceber que "parte" do nosso comportamento que nos habituámos a designar por "ético" pode ter uma origem "parcial" na teoria evolucionista, e que os nossos genes possam ser "parcialmente" responsáveis por (ou "incentivadores" a) atitudes de cooperação e reciprocidade.O conhecimento do mundo e de nos próprios - como atitude - tem de estar para além da moral e do que desejamos. A moral e o contexto e tudo o resto têm que ser tidos em conta para analisar um determinado objecto (ou "sujeito", ou "realidade-em-si", ou "vivência", ou "experiência" - o que queiras). Mas a atitude tem de ser, por definição, positiva e não normativa. Um cientista pode rejeitar participar num projecto que se debruce sobre a bomba atómica por não querer ser responsável pelo seu uso eventual. Mas um cientista - enquanto cientista - não pode negar os resultados que eventualmente descobrisse nesse estudo. O cientista tem que ser aquele que por natureza é capaz de descobrir algo e o proclamar ao mundo, mesmo que isso implique a ruina na sua vida, quer na sua dimensão moral quer "real".Cito, a propósito, João Aldeia:Por outro lado, creio que deveríamos excluir daqui as questões ideológicas. Se há uns tipos ("neoliberais puros e duros do darwinismo social" ?) que pegam nesta hipótese para fundamentar um qualquer programa ou teoria económica, a nossa não aceitação duma tal insanidade não nos deve levar a rejeitar, só por isso, a hipótese que eles abusivamente extrapolaram.E termino referindo que: 1) os teus "medos" relativamente às consequências de certas descobertas; 2) a tua aversão a poder concordar com algo que os teus adversários (noutros campos) defendem (o ponto que João Aldeia faz); e 3) os teus argumentos que apelam a explicações que são única e exclusivamente possíveis "FORA" das ciências naturais e do seu método - todos têm nomes bem conhecidos no mundo da filosofia e da lógica argumentativa. Eles são, respectivamente:1) Falácia do Apelo às Consequências:O argumentador, para “mostrar” que uma crença é falsa, aponta consequências desagradáveis que advirão da sua defesa. 2) Falácia do Apelo a Preconceitos:Termos carregados e emotivos são usados para ligar valores morais à crença na verdade da proposição3) Falácia da Irrefutabilidade:A teoria que foi avançada para para explicar a ocorrência de algum fenómeno não pode ser testada. Convido a que leiam os exemplos referentes às falácias acima citadas, e de resto, a ler todas as outras lá descritas, para realizar o quanto elas estão recorrentemente presentes em tanto debate que se vê por aí, seja na política, ciência, ou filosofia.E acabo comentando o título do post: acho que essa tua (excessiva?) interpretação - e (obsessiva?) aplicação - do being-in-the-world de Heidegger a TODO o fenómeno passível de conhecimento te faz, sinceramente, estar mais out-of-the-world do que in-the-world. [O "being" felizmente não ponho em causa]. Não estás "fora" do mundo em si, claro. Mas parece-me que ficas, por escolha própria (não sei se consciente ou não), demasiado afastado do mundo do conhecimento e daqueles que o vivem de espírito aberto e honrando a tradição dos clásssicos.


Caro João: gostei muito dos exemplos da coca-cola e do filme«Os deuses devem estar loucos». Ilustram brilhantemente como o entendimento dum objecto não é independente do contexto e da nossa vivência. Agora, a citação de Heidegger - da qual destaco «A mood is not related to the psychical» - para mim só é aceitável se a tomar como definição/proposta de «mood». E isso, consequentemente, não traz qualquer contributo para a sua compreensão mas apenas para a sua delimitação. Para percebermos onde e/ou quando é que não há «mood», mais do que perceber o que isso realmente é - o que é a sua natureza. Ninguém disse neste debate que o amor ou a amizade são coisas simples nem muito menos que são puramente nem tão pouco preponderantemente neurológicos, isto é, que podem ser entendidos dum ponto de vista causal-mecanicista do género "toma um comprimido que ficas logo apaixonado". Apenas que também podem contribuir para a sua compreensão.O mais preocupante para mim, no entanto, é quando tu dizes "mas o amor não é uma questão médica e se alguma vez for significa que vivemos num mundo como aquele que Huxley descreveu", vais-me perdoar, mas isto significa que tu não estás preparado para uma busca honesta do conhecimento. Quem busca o conhecimento tem que estar disponível para aceitar que o amor pode ser X ou Y ou Z. E se isso for contra as suas hipóteses base, tem de ter a coragem de dizer "bolas, estava errado". E se isso for contra a sua moral e contra o que ele acha que o mundo deve ser, tem de ter a coragem de dizer "Este mundo é uma merda, já nem o amor escapa". E, a partir daí, eventualmente tentar mudar as coisas para viver num mundo melhor.Mas a compreensão do mundo é uma questao positiva e não normativa. A tua postura é tremendamente anti-científica. Um cientista tem que ser um destruidor impenetrável e alheio a considerações e implicações morais que poderão advir do seu estudo - isto na dimensão "científica" da pessoa. Claro que ele pode rejeitar estudar a bomba atómica por não querer sentir-se responsáavel por um eventual uso dela. Não pode é - enquanto cientista - ignorar ou falsificar quaisquer conclusões a que tenha chegado. Perante a tua intransigência em dar "alguma" importância que seja às ciências naturais, vejo-me obrigado a recorrer a um exemplo simplista para ver se pomos alguns pontos nos iiis:Facto 1: O Prozac é um químico.Facto 2: Tomar Prozac pode alterar a tua mood.Conclusão: Um químico pode alterar a tua mood.Corolário: A tua mood pode ser parcialmente explicada por agentes químicos e/ou factores meramente causais e/ou factores enquadráveis no framework das ditas "ciências naturais".E ainda digo mais, em jeito de prevenção dos teus previsíveis rasgos mais-ou-menos Heidegger-Wittgeinsteinianos:1. A conclusão não depende de tu teres ou não consciência do efeito. Se te meterem um prozac na sopa às escondidas o efeito é o mesmo (claro que estou a excluir o "efeito placebo"). Também não depende de estares mais-ou-menos-entrusado num certo mundo-que-te-rodeia. É uma questão de "facto". Uma questão "causal". Ou, melhor ainda, e para não te revoltares contra o dualismo "facto-valor" e o absolutismo da palavra "causal" - é passível de o ser. E é-o exactamente porque a ciência é - por definição - refutável. Isso de dizer que o "amor está para além do psíquico" pode ser muito bonito e coisa e tal mas é irrefutável porque se auto-define e auto-delimita em si-mesmo. A isso chama-se crença ou dogma ou axioma. Cada um pode ter os seus, e isso é respeitável. Não se pode é ter pretensões de as qualificar como ciência, nem de querer impô-las a outros;2. A conclusão também não depende da linguagem. Não depende de lhe chamarmos "mood", ou "efeito", ou "sentimento", ou o que quer que seja. Também não depende da interpretação que damos às coisas, nem depende de eu escrever isto ou não. Se eu der prozac a um macaco, ou a um surdo-mudo que não tem qualquer poder de linguagem, ele vai sentir o mesmo efeito. Pode não conseguir comunicá-lo, ou interpretá-lo, ou descrevê-lo, ou saber o que é um "efeito" - o que tu queiras. O ponto é que há fenómenos que estão para lá da linguagem. Antes do homem existir já havia mundo, já havia coisas a acontecer, já havia relações de causa-efeito e outras sem ser de causa-efeito. Nós humanos só as podemos entender se usarmos linguagem. Só posso falar contigo através da linguagem. Só posso entender o mundo através da linguagem. Excelente. Mas o "refúgio" de achar que nada tem sentido FORA da linguagem é mais outra construção que - por muito respeitável que seja - está para alem da ciência. A filosofia e a ciência são separáveis. Embora não sejam independentes. É preciso perceber esta diferença crítica.Podes substituir prozac por ectasy, chocolate, tabaco, cocaína; e susbtituir "mood" por "sensação", ou "sentimento", ou o que queiras - desde que seja algo impossível de "medir" na forma habitual que as ciências naturais usam. Esse algo que é fisicamente não mensurável ainda assim "existe". É algo que tu percepcionas - ou sentes, ou vives, ou experiências. O que importa é que tu dizeres que NENHUMA sensação (ou "mood", etc) pode ALGUMA vez depender, nem sequer PARCIALMENTE, de químicos ou demais reacções que sejam explicáveis pelas ciências naturais... sinceramente não me parece compatível com a hipótese de esse alguém "amar o conhecimento". O refúgio em teorias que são auto-construídas e por natureza irrefutáveis, que depois se defendem (e tentam impor) como sendo self-evident é, repito, inteiramente respeitável, mas não é ciência, nem, como tal, passível de ter autoridade para falar sobre ela.Dizes também - citando Heidegger - que, mais do que um mero "fenómeno psíquico", o amor é uma "categoria existencial" diferente. Não nego. Sobretudo não menosprezo a complxeidade da coisa. Aliás, desde sempre que o homem fala sobre isso. Mas se tu me queres convencer que todo e qualquer fenómeno que involva "sentimentos" ou "percepções" está numa categoria existencial diferente por causa do being-in-the-world e etc e tal, eu lembro-te isto: para uma declaração universal ser rejeitada basta um contra-exemplo. Bastante fácil, neste caso: pensa nos alucinogéneos e no efeito que eles têm. Estou seguro que a maior parte das pessoas que os experimentaram se refeririam a essa experiência exactamente como proporcionando uma "categoria existencial" diferente, nomeadamente - e isto roça fronteiras importantes - estados avançados de consciência.Se a tua aversão infinita às ciências naturais vem do facto de teres MEDO de vir a descobrir coisas que possam fazer ruir o teu mundo perfeito OU se vem do facto de teres MEDO que concepções demasiado "mecanicistas" - mesmo se verdadeiras - possam afectar o teu bem-estar e o mundo que te rodeia, o mais simpático que posso dizer quanto a isso é que é anti-científico duma forma pouco respeitável para tantos que morreram na fogueira em defesa das suas convicções e descobertas. Pensa em Galileu ou em Darwin, e no tempo que levou a que as suas teorias fossem aceites, APENAS porque na altura em que foram propostas desafiavam as concepções vigentes sobre o mundo, sobre o que somos e porque estamos aqui.A tua atitude é semelhante à dos inquisidores. Negas, rejeitas, abominas as ciências naturais e os seus métodos com medo que elas te demonstrem ou apontem para - por exemplo - uma coisa tão simples quanto perceber que "parte" do nosso comportamento que nos habituámos a designar por "ético" pode ter uma origem "parcial" na teoria evolucionista, e que os nossos genes possam ser "parcialmente" responsáveis por (ou "incentivadores" a) atitudes de cooperação e reciprocidade.O conhecimento do mundo e de nos próprios - como atitude - tem de estar para além da moral e do que desejamos. A moral e o contexto e tudo o resto têm que ser tidos em conta para analisar um determinado objecto (ou "sujeito", ou "realidade-em-si", ou "vivência", ou "experiência" - o que queiras). Mas a atitude tem de ser, por definição, positiva e não normativa. Um cientista pode rejeitar participar num projecto que se debruce sobre a bomba atómica por não querer ser responsável pelo seu uso eventual. Mas um cientista - enquanto cientista - não pode negar os resultados que eventualmente descobrisse nesse estudo. O cientista tem que ser aquele que por natureza é capaz de descobrir algo e o proclamar ao mundo, mesmo que isso implique a ruina na sua vida, quer na sua dimensão moral quer "real".Cito, a propósito, João Aldeia:Por outro lado, creio que deveríamos excluir daqui as questões ideológicas. Se há uns tipos ("neoliberais puros e duros do darwinismo social" ?) que pegam nesta hipótese para fundamentar um qualquer programa ou teoria económica, a nossa não aceitação duma tal insanidade não nos deve levar a rejeitar, só por isso, a hipótese que eles abusivamente extrapolaram.E termino referindo que: 1) os teus "medos" relativamente às consequências de certas descobertas; 2) a tua aversão a poder concordar com algo que os teus adversários (noutros campos) defendem (o ponto que João Aldeia faz); e 3) os teus argumentos que apelam a explicações que são única e exclusivamente possíveis "FORA" das ciências naturais e do seu método - todos têm nomes bem conhecidos no mundo da filosofia e da lógica argumentativa. Eles são, respectivamente:1) Falácia do Apelo às Consequências:O argumentador, para “mostrar” que uma crença é falsa, aponta consequências desagradáveis que advirão da sua defesa. 2) Falácia do Apelo a Preconceitos:Termos carregados e emotivos são usados para ligar valores morais à crença na verdade da proposição3) Falácia da Irrefutabilidade:A teoria que foi avançada para para explicar a ocorrência de algum fenómeno não pode ser testada. Convido a que leiam os exemplos referentes às falácias acima citadas, e de resto, a ler todas as outras lá descritas, para realizar o quanto elas estão recorrentemente presentes em tanto debate que se vê por aí, seja na política, ciência, ou filosofia.E acabo comentando o título do post: acho que essa tua (excessiva?) interpretação - e (obsessiva?) aplicação - do being-in-the-world de Heidegger a TODO o fenómeno passível de conhecimento te faz, sinceramente, estar mais out-of-the-world do que in-the-world. [O "being" felizmente não ponho em causa]. Não estás "fora" do mundo em si, claro. Mas parece-me que ficas, por escolha própria (não sei se consciente ou não), demasiado afastado do mundo do conhecimento e daqueles que o vivem de espírito aberto e honrando a tradição dos clásssicos.

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