Cravo de Abril: VITAL, O PROPAGANDISTA

31-05-2010
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VELHAS RECEITASNão há espécie pior do que a dos trânsfugas - também conhecidos por «traidores», «vendidos»,«arrependidos», «rachados», etc.A partir do momento em que se passam, com armas e bagagens, para o outro lado da barricada - e passam a combater tudo o que antes defenderam e a defender tudo o que antes combateram - a sua ânsia de mostrar serviço de arrependimento e defidelidade canina à nova causa, transforma-os em criaturas repelentes, em répteis viscosos e nojentos, cujo cheiro putrefacto se faz sentir a léguas de distância.Vem este intróito a propósito do cheiro nauseabundo exalado no Público de hoje por um escrito de Vital Moreira no cumprimento da sua tarefa de propagandista de serviço ao Governo e ao primeiro-ministro - tarefa a que se vem entregando com o recurso, público e notório, ao tal «descaro de afirmar» que faltou ao Raposão no oratório da titi...Desta vez, o propagandista disparou contra a luta e os direitos dos professores.Três objectivos essenciais dominam o texto: em primeiro lugar, o de procurar dividir os professores e, assim, enfraquecer a sua luta; em segundo lugar, o de exibir o rastejante apoio a Sócrates e à sua ministra, incensando a postura avançada e plena de modernidade do Governo, patente na sua «reforma do ensino público», componente «essencial para a modernização do país»...Nesse sentido, o propagandista denuncia a «posição radicalmente conservadora» dos professores e repete as receitas da praxe, velhas de longas barbas brancas.Diz ele, do alto da sua milenar sapiência, que para realizar reformas essenciais é necessário enfrentar e vencer as resistências que se oponham a essas reformas.E fornece ao Governo a receita para vencer as ditas resistências - a típica, clássica, ancestral receita conhecida desde que há classes e luta de classes.Eis os ingredientes aconselhados pelo propagandista cozinheiro:«captar o apoio ou pelo menos a não hostilidade dos sectores moderados da profissão» - ou seja: dividir a classe dos professores;«ganhar o apoio» dos «cidadãos e dos contribuintes» - ou seja: virar as populações contra a luta dos professores;não hesitar nas medidas visando impor a «reforma do ensino público» - ou seja: não olhar a meios para alcançar os fins...(Entre parêntesis vos digo que este propagandista, mais dia menos dia, é nomeado chefe supremo das polícias do reino de Sócrates)O terceiro objectivo do texto do propagandista é enunciado em apenas nove palavras. Precisamente aquelas com que (quem sabe se a pensar na chefia das polícias...) denuncia «o radicalismo sindical da Fenprof, instrumento sindical do PCP».Trata-se de um tipo de denúncia que tresanda ao antigamente e à qual recorrem, com cada vez maior frequência, os executores da política de direita e, portanto, os seus propagandistas vitalícios.E também neste caso, o propagandista Vital nada de novo adianta: limita-se a copiar - sem ponta de criatividade - os seus antepassados de há meio século...Sublinhe-se, finalmente, a coincidência de, na mesma edição do Público em que o propagandista Vital cumpre a sua tarefa, vir propagandeada, em manchete de primeira página, a realização de um «comício de apoio ao Governo», dias depois da manifestação dos professores.É caso para dizer que há coincidências que... coincidem...


VELHAS RECEITASNão há espécie pior do que a dos trânsfugas - também conhecidos por «traidores», «vendidos»,«arrependidos», «rachados», etc.A partir do momento em que se passam, com armas e bagagens, para o outro lado da barricada - e passam a combater tudo o que antes defenderam e a defender tudo o que antes combateram - a sua ânsia de mostrar serviço de arrependimento e defidelidade canina à nova causa, transforma-os em criaturas repelentes, em répteis viscosos e nojentos, cujo cheiro putrefacto se faz sentir a léguas de distância.Vem este intróito a propósito do cheiro nauseabundo exalado no Público de hoje por um escrito de Vital Moreira no cumprimento da sua tarefa de propagandista de serviço ao Governo e ao primeiro-ministro - tarefa a que se vem entregando com o recurso, público e notório, ao tal «descaro de afirmar» que faltou ao Raposão no oratório da titi...Desta vez, o propagandista disparou contra a luta e os direitos dos professores.Três objectivos essenciais dominam o texto: em primeiro lugar, o de procurar dividir os professores e, assim, enfraquecer a sua luta; em segundo lugar, o de exibir o rastejante apoio a Sócrates e à sua ministra, incensando a postura avançada e plena de modernidade do Governo, patente na sua «reforma do ensino público», componente «essencial para a modernização do país»...Nesse sentido, o propagandista denuncia a «posição radicalmente conservadora» dos professores e repete as receitas da praxe, velhas de longas barbas brancas.Diz ele, do alto da sua milenar sapiência, que para realizar reformas essenciais é necessário enfrentar e vencer as resistências que se oponham a essas reformas.E fornece ao Governo a receita para vencer as ditas resistências - a típica, clássica, ancestral receita conhecida desde que há classes e luta de classes.Eis os ingredientes aconselhados pelo propagandista cozinheiro:«captar o apoio ou pelo menos a não hostilidade dos sectores moderados da profissão» - ou seja: dividir a classe dos professores;«ganhar o apoio» dos «cidadãos e dos contribuintes» - ou seja: virar as populações contra a luta dos professores;não hesitar nas medidas visando impor a «reforma do ensino público» - ou seja: não olhar a meios para alcançar os fins...(Entre parêntesis vos digo que este propagandista, mais dia menos dia, é nomeado chefe supremo das polícias do reino de Sócrates)O terceiro objectivo do texto do propagandista é enunciado em apenas nove palavras. Precisamente aquelas com que (quem sabe se a pensar na chefia das polícias...) denuncia «o radicalismo sindical da Fenprof, instrumento sindical do PCP».Trata-se de um tipo de denúncia que tresanda ao antigamente e à qual recorrem, com cada vez maior frequência, os executores da política de direita e, portanto, os seus propagandistas vitalícios.E também neste caso, o propagandista Vital nada de novo adianta: limita-se a copiar - sem ponta de criatividade - os seus antepassados de há meio século...Sublinhe-se, finalmente, a coincidência de, na mesma edição do Público em que o propagandista Vital cumpre a sua tarefa, vir propagandeada, em manchete de primeira página, a realização de um «comício de apoio ao Governo», dias depois da manifestação dos professores.É caso para dizer que há coincidências que... coincidem...

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