VELHAS RECEITASNão há espécie pior do que a dos trânsfugas - também conhecidos por «traidores», «vendidos»,«arrependidos», «rachados», etc.A partir do momento em que se passam, com armas e bagagens, para o outro lado da barricada - e passam a combater tudo o que antes defenderam e a defender tudo o que antes combateram - a sua ânsia de mostrar serviço de arrependimento e defidelidade canina à nova causa, transforma-os em criaturas repelentes, em répteis viscosos e nojentos, cujo cheiro putrefacto se faz sentir a léguas de distância.Vem este intróito a propósito do cheiro nauseabundo exalado no Público de hoje por um escrito de Vital Moreira no cumprimento da sua tarefa de propagandista de serviço ao Governo e ao primeiro-ministro - tarefa a que se vem entregando com o recurso, público e notório, ao tal «descaro de afirmar» que faltou ao Raposão no oratório da titi...Desta vez, o propagandista disparou contra a luta e os direitos dos professores.Três objectivos essenciais dominam o texto: em primeiro lugar, o de procurar dividir os professores e, assim, enfraquecer a sua luta; em segundo lugar, o de exibir o rastejante apoio a Sócrates e à sua ministra, incensando a postura avançada e plena de modernidade do Governo, patente na sua «reforma do ensino público», componente «essencial para a modernização do país»...Nesse sentido, o propagandista denuncia a «posição radicalmente conservadora» dos professores e repete as receitas da praxe, velhas de longas barbas brancas.Diz ele, do alto da sua milenar sapiência, que para realizar reformas essenciais é necessário enfrentar e vencer as resistências que se oponham a essas reformas.E fornece ao Governo a receita para vencer as ditas resistências - a típica, clássica, ancestral receita conhecida desde que há classes e luta de classes.Eis os ingredientes aconselhados pelo propagandista cozinheiro:«captar o apoio ou pelo menos a não hostilidade dos sectores moderados da profissão» - ou seja: dividir a classe dos professores;«ganhar o apoio» dos «cidadãos e dos contribuintes» - ou seja: virar as populações contra a luta dos professores;não hesitar nas medidas visando impor a «reforma do ensino público» - ou seja: não olhar a meios para alcançar os fins...(Entre parêntesis vos digo que este propagandista, mais dia menos dia, é nomeado chefe supremo das polícias do reino de Sócrates)O terceiro objectivo do texto do propagandista é enunciado em apenas nove palavras. Precisamente aquelas com que (quem sabe se a pensar na chefia das polícias...) denuncia «o radicalismo sindical da Fenprof, instrumento sindical do PCP».Trata-se de um tipo de denúncia que tresanda ao antigamente e à qual recorrem, com cada vez maior frequência, os executores da política de direita e, portanto, os seus propagandistas vitalícios.E também neste caso, o propagandista Vital nada de novo adianta: limita-se a copiar - sem ponta de criatividade - os seus antepassados de há meio século...Sublinhe-se, finalmente, a coincidência de, na mesma edição do Público em que o propagandista Vital cumpre a sua tarefa, vir propagandeada, em manchete de primeira página, a realização de um «comício de apoio ao Governo», dias depois da manifestação dos professores.É caso para dizer que há coincidências que... coincidem...
Categorias
Entidades
VELHAS RECEITASNão há espécie pior do que a dos trânsfugas - também conhecidos por «traidores», «vendidos»,«arrependidos», «rachados», etc.A partir do momento em que se passam, com armas e bagagens, para o outro lado da barricada - e passam a combater tudo o que antes defenderam e a defender tudo o que antes combateram - a sua ânsia de mostrar serviço de arrependimento e defidelidade canina à nova causa, transforma-os em criaturas repelentes, em répteis viscosos e nojentos, cujo cheiro putrefacto se faz sentir a léguas de distância.Vem este intróito a propósito do cheiro nauseabundo exalado no Público de hoje por um escrito de Vital Moreira no cumprimento da sua tarefa de propagandista de serviço ao Governo e ao primeiro-ministro - tarefa a que se vem entregando com o recurso, público e notório, ao tal «descaro de afirmar» que faltou ao Raposão no oratório da titi...Desta vez, o propagandista disparou contra a luta e os direitos dos professores.Três objectivos essenciais dominam o texto: em primeiro lugar, o de procurar dividir os professores e, assim, enfraquecer a sua luta; em segundo lugar, o de exibir o rastejante apoio a Sócrates e à sua ministra, incensando a postura avançada e plena de modernidade do Governo, patente na sua «reforma do ensino público», componente «essencial para a modernização do país»...Nesse sentido, o propagandista denuncia a «posição radicalmente conservadora» dos professores e repete as receitas da praxe, velhas de longas barbas brancas.Diz ele, do alto da sua milenar sapiência, que para realizar reformas essenciais é necessário enfrentar e vencer as resistências que se oponham a essas reformas.E fornece ao Governo a receita para vencer as ditas resistências - a típica, clássica, ancestral receita conhecida desde que há classes e luta de classes.Eis os ingredientes aconselhados pelo propagandista cozinheiro:«captar o apoio ou pelo menos a não hostilidade dos sectores moderados da profissão» - ou seja: dividir a classe dos professores;«ganhar o apoio» dos «cidadãos e dos contribuintes» - ou seja: virar as populações contra a luta dos professores;não hesitar nas medidas visando impor a «reforma do ensino público» - ou seja: não olhar a meios para alcançar os fins...(Entre parêntesis vos digo que este propagandista, mais dia menos dia, é nomeado chefe supremo das polícias do reino de Sócrates)O terceiro objectivo do texto do propagandista é enunciado em apenas nove palavras. Precisamente aquelas com que (quem sabe se a pensar na chefia das polícias...) denuncia «o radicalismo sindical da Fenprof, instrumento sindical do PCP».Trata-se de um tipo de denúncia que tresanda ao antigamente e à qual recorrem, com cada vez maior frequência, os executores da política de direita e, portanto, os seus propagandistas vitalícios.E também neste caso, o propagandista Vital nada de novo adianta: limita-se a copiar - sem ponta de criatividade - os seus antepassados de há meio século...Sublinhe-se, finalmente, a coincidência de, na mesma edição do Público em que o propagandista Vital cumpre a sua tarefa, vir propagandeada, em manchete de primeira página, a realização de um «comício de apoio ao Governo», dias depois da manifestação dos professores.É caso para dizer que há coincidências que... coincidem...