Cravo de Abril: POEMA

22-01-2011
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PRIMEIRO RETRATO DO NATURALEla queria perceber o que se passa.Queria?Passa a rua às risadas.«Uscumunistas?»Gritam flores da jarra.Estão inocentes?O telefone terrinta.É o destino?Na bandeja de prata, o sedativo.Por tomar?Na sala das porcelanas, a senhora.Por viver.*De sentinela à porcelanaestá Inês ou Teresa ou Ana(Maria, deixa-se ver).Tem à mão uma bengalapara o que der ou vier:«Se os bolchevistas entrarem,vão ver, vão ver!As porcelanas inteirasé que eles não hão-de ter!»*Porcelana imploraSenhora insiste.Até que a levam prà cama,pauzinho em riste, zangada.É uma terrina vaziaque em sonhos se suicidaà bengalada.Alexandre O'Neill


PRIMEIRO RETRATO DO NATURALEla queria perceber o que se passa.Queria?Passa a rua às risadas.«Uscumunistas?»Gritam flores da jarra.Estão inocentes?O telefone terrinta.É o destino?Na bandeja de prata, o sedativo.Por tomar?Na sala das porcelanas, a senhora.Por viver.*De sentinela à porcelanaestá Inês ou Teresa ou Ana(Maria, deixa-se ver).Tem à mão uma bengalapara o que der ou vier:«Se os bolchevistas entrarem,vão ver, vão ver!As porcelanas inteirasé que eles não hão-de ter!»*Porcelana imploraSenhora insiste.Até que a levam prà cama,pauzinho em riste, zangada.É uma terrina vaziaque em sonhos se suicidaà bengalada.Alexandre O'Neill

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