Podemos parar por aqui?Não bastou que o género humano apurasse a tortura com que se arrancam unhas, e dentes e dedos se cortam e línguaspara que a verdade jorre numa confissão rubra e negra? Terá de cantar-se a melodia do hematoma outra vez? Já não bastou a experiência da pele com que manufacturámos abajours?Não chegaram as mortes por fuzilamento, por gaseamento, por confinação em espaços menos dignos que esgotos?Teremos de aturar as cirurgias bombistas também?O que é que falta ao género humano em malfeitorias?O quê, não se trata do género humano, são só judeus e árabes engalfinhados, só um exemplo, só uma amostra que não traduz o Havai-humanidade predominante?Mas que se passa convosco e com essa gente? Vós, que tendes toda a passividade do mundo, que tendes tempo, e só vos recostais na caridadesinha assistencial e no mudar de assunto...Eles, que amam mais o ódio filho da puta com que odeiam, que a glória de um filho e uma mãe vivos? A condição humana passou ao lado destes que insistem na brincadeira da guerra, tão imaginativos a reverdescer desertos e a plantar bananeiras e mangais na areia secamas sem ideias no jogo diplomático! Como lhes é inconveniente vizinhos prósperos!Os miseráveis vêem como única resposta a prosperidade de fazer mais filhos que o inimigo!Ó campeonato ridículo de partos e de baixas! Ó género humano nenhum! Peixe estragado com que fedes até ao inferno!Se só ali se ressuscitaram mortos, se só ali se curaram surdos e mudos e cegos de nascença, se só ali se disse do amor, do perdão, do pecado, da imortalidade o que se disse,está visto que era por ser especialmente impossível qualquer paz radical, duradoura.Ali, onde o mundo só poderá ser inviável assim como a humanidade.E a Europa o que é que afinal quer ser, depois de triplamente esventrada no século XX? Somente a ética luxuosa e refinada que se arrota de Paris e Berlim a todo o orbe subdesenvolvido, mas sem compromissos com o próprio corpo.Flácidos líderes! Flácido tempo! Entre o asco ao sangue necessário (este futebol em fragmentação de esforços)e a incrível abundância de tudo:até das insolações e inundações inauditasque asfixiam de taquicardia e desidratação os que as guerras pouparam.Joaquim Santos
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Podemos parar por aqui?Não bastou que o género humano apurasse a tortura com que se arrancam unhas, e dentes e dedos se cortam e línguaspara que a verdade jorre numa confissão rubra e negra? Terá de cantar-se a melodia do hematoma outra vez? Já não bastou a experiência da pele com que manufacturámos abajours?Não chegaram as mortes por fuzilamento, por gaseamento, por confinação em espaços menos dignos que esgotos?Teremos de aturar as cirurgias bombistas também?O que é que falta ao género humano em malfeitorias?O quê, não se trata do género humano, são só judeus e árabes engalfinhados, só um exemplo, só uma amostra que não traduz o Havai-humanidade predominante?Mas que se passa convosco e com essa gente? Vós, que tendes toda a passividade do mundo, que tendes tempo, e só vos recostais na caridadesinha assistencial e no mudar de assunto...Eles, que amam mais o ódio filho da puta com que odeiam, que a glória de um filho e uma mãe vivos? A condição humana passou ao lado destes que insistem na brincadeira da guerra, tão imaginativos a reverdescer desertos e a plantar bananeiras e mangais na areia secamas sem ideias no jogo diplomático! Como lhes é inconveniente vizinhos prósperos!Os miseráveis vêem como única resposta a prosperidade de fazer mais filhos que o inimigo!Ó campeonato ridículo de partos e de baixas! Ó género humano nenhum! Peixe estragado com que fedes até ao inferno!Se só ali se ressuscitaram mortos, se só ali se curaram surdos e mudos e cegos de nascença, se só ali se disse do amor, do perdão, do pecado, da imortalidade o que se disse,está visto que era por ser especialmente impossível qualquer paz radical, duradoura.Ali, onde o mundo só poderá ser inviável assim como a humanidade.E a Europa o que é que afinal quer ser, depois de triplamente esventrada no século XX? Somente a ética luxuosa e refinada que se arrota de Paris e Berlim a todo o orbe subdesenvolvido, mas sem compromissos com o próprio corpo.Flácidos líderes! Flácido tempo! Entre o asco ao sangue necessário (este futebol em fragmentação de esforços)e a incrível abundância de tudo:até das insolações e inundações inauditasque asfixiam de taquicardia e desidratação os que as guerras pouparam.Joaquim Santos