Primeiro-ministro irlandês marca eleições mas não estará no boletim de voto

06-02-2011
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O Fine Gael e o Irish Labour Party, da oposição, estão a acertar estratégias para a governação, já que a queda do Fianna Fáil é praticamente certa. Eleições vão decorrer a 25 de Fevereiro

O líder mais impopular da história recente irlandesa anunciou que não será candidato às próximas eleições antecipadas, marcadas ontem para 25 de Fevereiro. Deverá ser o fim da carreira política de Brian Cowen.

O primeiro-ministro não teve outro remédio senão pedir à Presidente Mary McAleese que dissolvesse o parlamento e antecipasse as legislativas, que já tinham sido antecipadas: deveriam decorrer em 2012, passaram para 11 de Março, mas agora, face à probabilidade de queda com uma moção de censura, o Governo aceitou a exigência dos seus opositores e marcou as eleições para 25 deste mês.

Antes disso, Cowen dirigiu-se aos deputados pela última vez, num discurso que soou como um adeus à carreira política de 27 anos, notou a AFP. "Eu sei que certas decisões do meu Governo não foram muito populares. Mas elas tiveram de ser tomadas".

Há três anos na chefia do executivo, já tinha perdido o apoio de vários membros do seu partido. Depois de, no mês passado, deixar a chefia do Fianna Fáil - que agora está com o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Michael Martin -, o primeiro-ministro concentrou-se na decisão de concorrer ou não às legislativas. Acabou por decidir passar a bola e anunciou que se iria retirar da política.

"Tendo considerado a situação com a minha família, os meus colegas e os meus amigos nos últimos dias, decidi não avançar com o meu nome como candidato às eleições", afirmou numa declaração divulgada segunda-feira. "O Fianna Fáil tem novos desafios pela frente. Iremos fazê-lo com um novo líder e uma nova equipa. Estou orgulhoso e grato por ter trabalhado com todos e cada um dos meus colegas de partido. Ofereço-lhes todo o meu apoio e desejo-lhes sorte".

A julgar pelas sondagens, não há sorte que valha aos colegas de partido de Cowen dando-lhes o Governo. Não ajudou à sua popularidade o facto de o executivo ter concordado em aprofundar os cortes da despesa e aumentar os impostos, como exigiram o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia, em troca de um empréstimo de 85 mil milhões de euros concedido no fim do ano (dos quais 17,5 teriam de sair dos cofres de Dublin, recorrendo ao fundo de pensões).

Por seu lado, a oposição já está a preparar-se para a sucessão. Prevê-se que se una para formar um Governo de coligação, já que é quase certo que o Fianna Fáil irá sofrer uma derrota avassaladora (algumas previsões apontam para 16 por cento dos votos).

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Ninguém tem dúvidas que a renegociação da dívida contraída pela Irlanda irá ocupar a agenda de um provável Governo de coligação entre o Fine Gael (centro-direita) e o Irish Labour Party (centro-esquerda), os favoritos nas sondagens. "Estou confiante de que isto será renegociado", comentou Enda Kenny, do Fine Gael. "Vamos renegociar na base da aceitação de uma redução [do défice] para três por cento [do PIB] até 2014/15 e a minha atenção estará no nível das taxas de juro e na estrutura bancária falhada que está na sua base", cita a Reuters.

Kenny reconhece que a Irlanda não está em posição de renegociar numa base bilateral, adianta a agência. Está de mãos atadas pelo estado frágil da economia e quaisquer alterações terão de ser decididas com o FMI, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu. Mas procurará prolongar os sete anos previstos para o pagamento da dívida (que será paga com juros de 5,8 por cento, considerados por muitos demasiado punitivos para o país).

Antes conhecido como Tigre Celta pela sua performance económica, a Irlanda foi um dos grandes protagonistas da bolha imobiliária. O próximo Governo terá de tentar inverter as previsões de crescimento de um por cento (e não 2,4, como se chegou a considerar) e uma taxa de desemprego de 13,4 por cento. E também com o sentimento de humilhação dos irlandeses, que passaram de modelo económico a exemplo a não seguir.

O Fine Gael e o Irish Labour Party, da oposição, estão a acertar estratégias para a governação, já que a queda do Fianna Fáil é praticamente certa. Eleições vão decorrer a 25 de Fevereiro

O líder mais impopular da história recente irlandesa anunciou que não será candidato às próximas eleições antecipadas, marcadas ontem para 25 de Fevereiro. Deverá ser o fim da carreira política de Brian Cowen.

O primeiro-ministro não teve outro remédio senão pedir à Presidente Mary McAleese que dissolvesse o parlamento e antecipasse as legislativas, que já tinham sido antecipadas: deveriam decorrer em 2012, passaram para 11 de Março, mas agora, face à probabilidade de queda com uma moção de censura, o Governo aceitou a exigência dos seus opositores e marcou as eleições para 25 deste mês.

Antes disso, Cowen dirigiu-se aos deputados pela última vez, num discurso que soou como um adeus à carreira política de 27 anos, notou a AFP. "Eu sei que certas decisões do meu Governo não foram muito populares. Mas elas tiveram de ser tomadas".

Há três anos na chefia do executivo, já tinha perdido o apoio de vários membros do seu partido. Depois de, no mês passado, deixar a chefia do Fianna Fáil - que agora está com o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Michael Martin -, o primeiro-ministro concentrou-se na decisão de concorrer ou não às legislativas. Acabou por decidir passar a bola e anunciou que se iria retirar da política.

"Tendo considerado a situação com a minha família, os meus colegas e os meus amigos nos últimos dias, decidi não avançar com o meu nome como candidato às eleições", afirmou numa declaração divulgada segunda-feira. "O Fianna Fáil tem novos desafios pela frente. Iremos fazê-lo com um novo líder e uma nova equipa. Estou orgulhoso e grato por ter trabalhado com todos e cada um dos meus colegas de partido. Ofereço-lhes todo o meu apoio e desejo-lhes sorte".

A julgar pelas sondagens, não há sorte que valha aos colegas de partido de Cowen dando-lhes o Governo. Não ajudou à sua popularidade o facto de o executivo ter concordado em aprofundar os cortes da despesa e aumentar os impostos, como exigiram o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia, em troca de um empréstimo de 85 mil milhões de euros concedido no fim do ano (dos quais 17,5 teriam de sair dos cofres de Dublin, recorrendo ao fundo de pensões).

Por seu lado, a oposição já está a preparar-se para a sucessão. Prevê-se que se una para formar um Governo de coligação, já que é quase certo que o Fianna Fáil irá sofrer uma derrota avassaladora (algumas previsões apontam para 16 por cento dos votos).

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Ninguém tem dúvidas que a renegociação da dívida contraída pela Irlanda irá ocupar a agenda de um provável Governo de coligação entre o Fine Gael (centro-direita) e o Irish Labour Party (centro-esquerda), os favoritos nas sondagens. "Estou confiante de que isto será renegociado", comentou Enda Kenny, do Fine Gael. "Vamos renegociar na base da aceitação de uma redução [do défice] para três por cento [do PIB] até 2014/15 e a minha atenção estará no nível das taxas de juro e na estrutura bancária falhada que está na sua base", cita a Reuters.

Kenny reconhece que a Irlanda não está em posição de renegociar numa base bilateral, adianta a agência. Está de mãos atadas pelo estado frágil da economia e quaisquer alterações terão de ser decididas com o FMI, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu. Mas procurará prolongar os sete anos previstos para o pagamento da dívida (que será paga com juros de 5,8 por cento, considerados por muitos demasiado punitivos para o país).

Antes conhecido como Tigre Celta pela sua performance económica, a Irlanda foi um dos grandes protagonistas da bolha imobiliária. O próximo Governo terá de tentar inverter as previsões de crescimento de um por cento (e não 2,4, como se chegou a considerar) e uma taxa de desemprego de 13,4 por cento. E também com o sentimento de humilhação dos irlandeses, que passaram de modelo económico a exemplo a não seguir.

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