3 ... 2 ... 1 ...: O teatro da governação

23-01-2011
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Quando hoje de manhã pensava no texto que havia de escrever para cumprir o meu compromisso, perante os leitores e colegas de escrita deste espaço, veio ao meu pensamento o seguinte ditado: "Quem semeia ventos, colhe tempestades." Fiquei a pensar o que me quereria dizer tal provérbio no contexto da actual situação de Portugal e assim aqui deixo as minhas cogitações.Sente-se a sociedade portuguesa, para além de desanimada, irritada, conflituosa, em permanente confronto uns com os outros pelas razões mais espúrias, e descrente, claro está. Costuma dizer-se que os exemplos vêm de cima e então pensei um pouco no modo como temos sido governados. Este é um Governo que tem governado no permanente confronto, na arrogância, na falta de sentido de Estado no que ele representa de servir o povo, na pesporrência como responde normalmente à oposição, nas atitudes de falta de unidade e até lealdade entre as instituições mais importantes da Nação.Este modo de agir e de actuar tem, quanto a mim, muito a ver com falta de preparação profissional e política para governar, e cheira a actuação de “chico-esperto”, ou seja, como não domino bem os assuntos, como não sei bem que volta lhes hei-de dar, vou fazendo umas medidas avulsas (que parecem reformas), vou-me servindo de tudo e de todos, com distribuição de benesses ou “avisos”, vou partindo para o confronto que sempre distrai da incompetência, vou criando ilusões, dizendo “inverdades”, e no diálogo sou sempre agressivo ou utilizo um humor de caserna, grosseiro, desviando assim a atenção das pessoas, do que é mais importante.Mas este modo de agir e de actuar, transmite-se obviamente a todos os outros intervenientes na vida da Nação, e assim temos também uma oposição truculenta, que se agarra aos detalhes em vez de criar alternativas, que perante a falta de acordos, mesmo pontuais, parte para a assunção de que tudo o governo faz está mal feito, e que ela própria se vai atacando e minando a si própria por dentro, imitando o partido do governo.Por outro lado, os governados (mas pouco) reflectem também este estado de espírito, e as relações entre as pessoas extremam-se e partem para o confronto e para a violência com incrível facilidade e como atrás dizia, por razões que nem sequer são razão, a maior parte das vezes.Mas há mais, pois não há dúvidas, parece-me a mim, que este afrontar do Presidente da República foi uma tentativa nítida de tentar que o mesmo dissolvesse a Assembleia da República, (basta ler as mensagens do Presidente para se perceber como esteve perto este cenário), para num teatro de vitimização tentar alcançar nova maioria em eleições que seriam convocadas.E quando recebem avisos mais ou menos perigosos, como receberam das Forças Armadas, correm a concertar os erros, para pacificado esse sector, poderem continuar o afrontamento noutras frentes.Ou seja, governa-se representado, em teatro permanente, ou como disse o Presidente da República, em ilusão. Governa-se pelo poder e não pelo interesse superior de Portugal, ou muito melhor dizendo, dos portugueses.A continuarmos assim, e não descortino qualquer sinal de mudança, porque a autoridade e firmeza é confundida com pura e simples teimosia, caminhamos para o impensável, ou seja, uma revolta dos governados, (olhemos para a Grécia), que pode ser mais ou menos violenta conforme o estado de saturação a que o povo se deixe chegar.Por isso mesmo termino estas mal alinhavadas letras com outro ditado: "Quem com ferros mata, com ferros morre".


Quando hoje de manhã pensava no texto que havia de escrever para cumprir o meu compromisso, perante os leitores e colegas de escrita deste espaço, veio ao meu pensamento o seguinte ditado: "Quem semeia ventos, colhe tempestades." Fiquei a pensar o que me quereria dizer tal provérbio no contexto da actual situação de Portugal e assim aqui deixo as minhas cogitações.Sente-se a sociedade portuguesa, para além de desanimada, irritada, conflituosa, em permanente confronto uns com os outros pelas razões mais espúrias, e descrente, claro está. Costuma dizer-se que os exemplos vêm de cima e então pensei um pouco no modo como temos sido governados. Este é um Governo que tem governado no permanente confronto, na arrogância, na falta de sentido de Estado no que ele representa de servir o povo, na pesporrência como responde normalmente à oposição, nas atitudes de falta de unidade e até lealdade entre as instituições mais importantes da Nação.Este modo de agir e de actuar tem, quanto a mim, muito a ver com falta de preparação profissional e política para governar, e cheira a actuação de “chico-esperto”, ou seja, como não domino bem os assuntos, como não sei bem que volta lhes hei-de dar, vou fazendo umas medidas avulsas (que parecem reformas), vou-me servindo de tudo e de todos, com distribuição de benesses ou “avisos”, vou partindo para o confronto que sempre distrai da incompetência, vou criando ilusões, dizendo “inverdades”, e no diálogo sou sempre agressivo ou utilizo um humor de caserna, grosseiro, desviando assim a atenção das pessoas, do que é mais importante.Mas este modo de agir e de actuar, transmite-se obviamente a todos os outros intervenientes na vida da Nação, e assim temos também uma oposição truculenta, que se agarra aos detalhes em vez de criar alternativas, que perante a falta de acordos, mesmo pontuais, parte para a assunção de que tudo o governo faz está mal feito, e que ela própria se vai atacando e minando a si própria por dentro, imitando o partido do governo.Por outro lado, os governados (mas pouco) reflectem também este estado de espírito, e as relações entre as pessoas extremam-se e partem para o confronto e para a violência com incrível facilidade e como atrás dizia, por razões que nem sequer são razão, a maior parte das vezes.Mas há mais, pois não há dúvidas, parece-me a mim, que este afrontar do Presidente da República foi uma tentativa nítida de tentar que o mesmo dissolvesse a Assembleia da República, (basta ler as mensagens do Presidente para se perceber como esteve perto este cenário), para num teatro de vitimização tentar alcançar nova maioria em eleições que seriam convocadas.E quando recebem avisos mais ou menos perigosos, como receberam das Forças Armadas, correm a concertar os erros, para pacificado esse sector, poderem continuar o afrontamento noutras frentes.Ou seja, governa-se representado, em teatro permanente, ou como disse o Presidente da República, em ilusão. Governa-se pelo poder e não pelo interesse superior de Portugal, ou muito melhor dizendo, dos portugueses.A continuarmos assim, e não descortino qualquer sinal de mudança, porque a autoridade e firmeza é confundida com pura e simples teimosia, caminhamos para o impensável, ou seja, uma revolta dos governados, (olhemos para a Grécia), que pode ser mais ou menos violenta conforme o estado de saturação a que o povo se deixe chegar.Por isso mesmo termino estas mal alinhavadas letras com outro ditado: "Quem com ferros mata, com ferros morre".

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