Os mais inteligentes deitam-se tarde

06-01-2011
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As "corujas" são mais criativas e as "cotovias" mais organizadas. Entre cérebros "artísticos" e "pragmáticos" era essa a diferença imposta pelos ritmos de actividade. Mas agora um estudo veio quebrar este equilíbrio com uma conclusão, no mínimo, controversa: as pessoas que se deitam tarde têm tendência para ser mais inteligentes do que as outras. Por Luís Francisco

Dizer, à luz das fábulas que nos habituámos a ouvir desde pequeninos, que as corujas são mais inteligentes do que as cotovias não é coisa que nos cause estranheza. Mas quando usamos estes equivalentes da fauna para caracterizar as pessoas consoante os seus padrões de sono e picos de actividade, então a coisa fia mais fino. Só que é exactamente o que defendem investigadores da London School of Economics and Political Science: os que se deitam mais tarde, as "corujas", são, tendencialmente, mais inteligentes do que os que acordam cedo, as "cotovias".

Teresa Paiva, reconhecida especialista do sono, destaca que há outras conclusões nesta área que estão bem sedimentadas: "Que afecta a personalidade, sim, está demonstrado. As pessoas mais activas de manhã tendem a ser mais organizadas, os noctívagos têm uma inteligência mais imaginativa. E também não ficam dúvidas de que as horas de sono influenciam o QI, porque um cérebro cansado tem pior desempenho."

Mas o estudo da London School of Economics (LSE) não se debruçou sobre a quantidade ou a qualidade do sono, antes sobre as horas a que as pessoas se sentem mais activas a nível intelectual. Aparentemente, e a crer nas suas conclusões, os que se levantam e deitam cedo são menos inteligentes do que aqueles que prolongam a sua actividade pela noite. Satoshi Kanazawa fala mesmo de uma evolução da espécie: citado pelo jornal

Quem também se define como "mais coruja" é Prates Miguel, advogado e presidente da Associação Portuguesa dos Amigos da Sesta. Mas também ele, e apesar de se ver assim colocado do lado dos mais inteligentes, mostra algumas reservas em aceitar as conclusões do estudo da LSE: "É ousado fazer uma afirmação dessa natureza, até porque há questões físicas que influenciam os padrões de sono e actividade..."

Voluntários foram fotografados duas vezes, com o mesmo enquadramento, o mesmo fundo e a mesma expressão - a primeira em condições normais e a segunda após 31 horas sem dormir. Depois, pediu-se a voluntários não treinados que escolhessem, entre os dois retratos, o mais agradável. Como seria de esperar, a foto inicial foi a escolhida.

No seu artigo, publicado no

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Por isso, para quem quiser equilibrar o brilhantismo intelectual com a beleza física, a receita será deitar-se tarde, mas dormir as horas suficientes. Parece uma regra à prova de bala, embora deixe de fora dois factores decisivos. Primeiro: os ritmos de sono são fortemente influenciados por factores genéticos. Segundo: "Somos governados pelos que se levantam cedo", garante Teresa Paiva.

As "corujas" são mais criativas e as "cotovias" mais organizadas. Entre cérebros "artísticos" e "pragmáticos" era essa a diferença imposta pelos ritmos de actividade. Mas agora um estudo veio quebrar este equilíbrio com uma conclusão, no mínimo, controversa: as pessoas que se deitam tarde têm tendência para ser mais inteligentes do que as outras. Por Luís Francisco

Dizer, à luz das fábulas que nos habituámos a ouvir desde pequeninos, que as corujas são mais inteligentes do que as cotovias não é coisa que nos cause estranheza. Mas quando usamos estes equivalentes da fauna para caracterizar as pessoas consoante os seus padrões de sono e picos de actividade, então a coisa fia mais fino. Só que é exactamente o que defendem investigadores da London School of Economics and Political Science: os que se deitam mais tarde, as "corujas", são, tendencialmente, mais inteligentes do que os que acordam cedo, as "cotovias".

Teresa Paiva, reconhecida especialista do sono, destaca que há outras conclusões nesta área que estão bem sedimentadas: "Que afecta a personalidade, sim, está demonstrado. As pessoas mais activas de manhã tendem a ser mais organizadas, os noctívagos têm uma inteligência mais imaginativa. E também não ficam dúvidas de que as horas de sono influenciam o QI, porque um cérebro cansado tem pior desempenho."

Mas o estudo da London School of Economics (LSE) não se debruçou sobre a quantidade ou a qualidade do sono, antes sobre as horas a que as pessoas se sentem mais activas a nível intelectual. Aparentemente, e a crer nas suas conclusões, os que se levantam e deitam cedo são menos inteligentes do que aqueles que prolongam a sua actividade pela noite. Satoshi Kanazawa fala mesmo de uma evolução da espécie: citado pelo jornal

Quem também se define como "mais coruja" é Prates Miguel, advogado e presidente da Associação Portuguesa dos Amigos da Sesta. Mas também ele, e apesar de se ver assim colocado do lado dos mais inteligentes, mostra algumas reservas em aceitar as conclusões do estudo da LSE: "É ousado fazer uma afirmação dessa natureza, até porque há questões físicas que influenciam os padrões de sono e actividade..."

Voluntários foram fotografados duas vezes, com o mesmo enquadramento, o mesmo fundo e a mesma expressão - a primeira em condições normais e a segunda após 31 horas sem dormir. Depois, pediu-se a voluntários não treinados que escolhessem, entre os dois retratos, o mais agradável. Como seria de esperar, a foto inicial foi a escolhida.

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Por isso, para quem quiser equilibrar o brilhantismo intelectual com a beleza física, a receita será deitar-se tarde, mas dormir as horas suficientes. Parece uma regra à prova de bala, embora deixe de fora dois factores decisivos. Primeiro: os ritmos de sono são fortemente influenciados por factores genéticos. Segundo: "Somos governados pelos que se levantam cedo", garante Teresa Paiva.

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