Quem algum dia fizer a história da génese do MIL não terá que investigar em nenhum arquivo secreto. Basta ler o que se foi publicando ao longo destes meses neste blogue. Foi tudo sendo feito a céu aberto. Essa é a nossa força, a nossa fra(n)queza…Com a mesma franqueza de sempre, aqui deixo algumas reflexões acerca do que deverá ser o MIL:O MIL deve assumir-se como um movimento cultural e cívico, ter como princípio “A Cultura Primeiro” e assumir como seu o lema da NOVA ÁGUIA: “Para um Novo Portugal, uma Nova Comunidade Lusófona e o Novo Mundo”.Ter como princípio “A Cultura Primeiro” não significa defender “apenas a Cultura” ou que “só a Cultura nos interessa”.Seguindo o bom exemplo de Agostinho da Silva, defendemos que a Cultura começa pelo Direito à Alimentação, à Saúde, à Habitação, enfim, pelo Direito a uma Vida Digna.Por isso, aliás, a nossa Declaração de Princípios e Objectivos toma posição sobre muitos desses fundamentais Direitos do Homem (mais ainda, sobre os Direitos de todos os seres viventes…).Mas é essa visão cultural – sobre o país e sobre o mundo – o nosso sinal distintivo.Ao contrário de todos aqueles, cada vez mais, no país e no mundo, que subordinam tudo à Economia – “It’s the economy, stupid!" – nós defendemos que todas as decisões que afectam a vida dos portugueses se devem sustentar numa visão cultural do país.Por isso, aliás, assumimos como maior bandeira a “União Lusófona”, no aprofundamento da actual CPLP, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.Se subordinássemos a Cultura à Economia, ou à Geografia, ou mesmo à Política, decerto não o faríamos. Geográfica, económica e mesmo politicamente, estamos muito mais próximos de outros países do que dos outros países da CPLP. Assumindo, contudo, uma visão cultural do país e do mundo, tudo se inverte...A meu ver, é essa visão que faz falta a este país. Actualmente, temos uma Esquerda que, ainda refém das culpas que teve da descolonização que fez, com todas as guerras civis que gerou, vive ainda a sua provinciana paixão europeísta, virando por completo as costas ao mar, à nossa vocação atlântica... Do outro lado, temos uma Direita que, ainda refém das culpas que teve na colonização que sustentou, acha que a nossa vocação atlântica se cumpre no seguidismo em relação à Administração Norte-Americana...Não há pois nenhuma voz que, publicamente, defenda uma efectiva reaproximação a todos os outros países lusófonos. Essa voz seremos – poderemos ser – nós…Como já aqui defendi, o facto de essa voz não ter ainda surgido deve-se também a uma questão geracional. Falo desde logo por mim: tenho 34 anos, tinha menos de 3 meses quando se deu o 25 de Abril. Não pendem sobre os meus ombros as culpas e os traumas das esquerdas e das direitas que nos têm (des)governado…Agora é pois a hora de surgir essa voz. Uma voz liberta dessas culpas e desses traumas, tão liberta que nem sequer pretende acusar alguém. A História foi o que foi. É tempo de, finalmente, olharmos para o Futuro…A meu ver, o MIL deve pois ser, sobretudo:1. Um Movimento que assuma, aberta e descomplexadamente, posições públicas: nos jornais e nas revistas, nas rádios, nas televisões, etc.2. Um Movimento que organize (através dos seus Núcleos) e divulgue (através da Revista NOVA ÁGUIA e do seu blogue) iniciativas relativas à promoção dos laços lusófonos.3. Um Movimento que seja reconhecido institucionalmente como um interlocutor “incontornável” sempre que se discuta alguma medida relativa à CPLP, à Lusofonia, à Cultura…Não, ressalvo uma vez mais, que os nossos Princípios e Objectivos se esgotem aí. Simplesmente, a lógica da discussão pública de ideias é a que é… Quando se discutem leis laborais, por exemplo, os “media” vão procurar saber a opinião dos sindicatos; quando se discutem leis ambientais, os “media” vão procurar saber a opinião das associações ambientalistas, etc.Ainda que tenhamos posições sobre todos esses temas, o que importa é que venham ter connosco sempre se discuta alguma medida relativa à CPLP, à Lusofonia, à Cultura…Por agora será suficiente. Depois, talvez, devamos ir mais longe...
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Quem algum dia fizer a história da génese do MIL não terá que investigar em nenhum arquivo secreto. Basta ler o que se foi publicando ao longo destes meses neste blogue. Foi tudo sendo feito a céu aberto. Essa é a nossa força, a nossa fra(n)queza…Com a mesma franqueza de sempre, aqui deixo algumas reflexões acerca do que deverá ser o MIL:O MIL deve assumir-se como um movimento cultural e cívico, ter como princípio “A Cultura Primeiro” e assumir como seu o lema da NOVA ÁGUIA: “Para um Novo Portugal, uma Nova Comunidade Lusófona e o Novo Mundo”.Ter como princípio “A Cultura Primeiro” não significa defender “apenas a Cultura” ou que “só a Cultura nos interessa”.Seguindo o bom exemplo de Agostinho da Silva, defendemos que a Cultura começa pelo Direito à Alimentação, à Saúde, à Habitação, enfim, pelo Direito a uma Vida Digna.Por isso, aliás, a nossa Declaração de Princípios e Objectivos toma posição sobre muitos desses fundamentais Direitos do Homem (mais ainda, sobre os Direitos de todos os seres viventes…).Mas é essa visão cultural – sobre o país e sobre o mundo – o nosso sinal distintivo.Ao contrário de todos aqueles, cada vez mais, no país e no mundo, que subordinam tudo à Economia – “It’s the economy, stupid!" – nós defendemos que todas as decisões que afectam a vida dos portugueses se devem sustentar numa visão cultural do país.Por isso, aliás, assumimos como maior bandeira a “União Lusófona”, no aprofundamento da actual CPLP, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.Se subordinássemos a Cultura à Economia, ou à Geografia, ou mesmo à Política, decerto não o faríamos. Geográfica, económica e mesmo politicamente, estamos muito mais próximos de outros países do que dos outros países da CPLP. Assumindo, contudo, uma visão cultural do país e do mundo, tudo se inverte...A meu ver, é essa visão que faz falta a este país. Actualmente, temos uma Esquerda que, ainda refém das culpas que teve da descolonização que fez, com todas as guerras civis que gerou, vive ainda a sua provinciana paixão europeísta, virando por completo as costas ao mar, à nossa vocação atlântica... Do outro lado, temos uma Direita que, ainda refém das culpas que teve na colonização que sustentou, acha que a nossa vocação atlântica se cumpre no seguidismo em relação à Administração Norte-Americana...Não há pois nenhuma voz que, publicamente, defenda uma efectiva reaproximação a todos os outros países lusófonos. Essa voz seremos – poderemos ser – nós…Como já aqui defendi, o facto de essa voz não ter ainda surgido deve-se também a uma questão geracional. Falo desde logo por mim: tenho 34 anos, tinha menos de 3 meses quando se deu o 25 de Abril. Não pendem sobre os meus ombros as culpas e os traumas das esquerdas e das direitas que nos têm (des)governado…Agora é pois a hora de surgir essa voz. Uma voz liberta dessas culpas e desses traumas, tão liberta que nem sequer pretende acusar alguém. A História foi o que foi. É tempo de, finalmente, olharmos para o Futuro…A meu ver, o MIL deve pois ser, sobretudo:1. Um Movimento que assuma, aberta e descomplexadamente, posições públicas: nos jornais e nas revistas, nas rádios, nas televisões, etc.2. Um Movimento que organize (através dos seus Núcleos) e divulgue (através da Revista NOVA ÁGUIA e do seu blogue) iniciativas relativas à promoção dos laços lusófonos.3. Um Movimento que seja reconhecido institucionalmente como um interlocutor “incontornável” sempre que se discuta alguma medida relativa à CPLP, à Lusofonia, à Cultura…Não, ressalvo uma vez mais, que os nossos Princípios e Objectivos se esgotem aí. Simplesmente, a lógica da discussão pública de ideias é a que é… Quando se discutem leis laborais, por exemplo, os “media” vão procurar saber a opinião dos sindicatos; quando se discutem leis ambientais, os “media” vão procurar saber a opinião das associações ambientalistas, etc.Ainda que tenhamos posições sobre todos esses temas, o que importa é que venham ter connosco sempre se discuta alguma medida relativa à CPLP, à Lusofonia, à Cultura…Por agora será suficiente. Depois, talvez, devamos ir mais longe...