TERTÚLIA POÉTICA AO ENCONTRO DE BOCAGE

11-11-2009
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ESPAÇO COLECTIVO ARTISTICO E CULTURAL - COORDENADO PELA POETISA AMÉRICA MIRANDA - E ONDE SE INSEREM AS CONTRIBUIÇÕES DE TODOS OS TERTULIANOS, TANTO EM VERSO COMO EM PROSA, COM O OBJECTIVO DE DIVULGAÇÃO E HOMENAGEM AO GRANDE POETA ELMANO SADINO !

POETAS CONSAGRADOS - António Gedeão

A POESIA É O VERBO

Por

António Gedeão

Quem me dera a mim cantar

como devia regar:

alma nua, toda nua

como a nudez dos cordeiros

ou como a Verdade e o Vento

alma em chamas, toda em chamas

como um incêndio invisível;

mãos erguidas, sem ninguém

que lhes adivinhe os gestos;

sangue das veias correndo

para o fundo dos abismos;

os olhos presos dos astros

sem que os astros o suponham;

e os pés deixando na terra

vestígios indecifráveis;

cantar adentro de mim

como se o canto não fosse

senão pureza e silêncio,

para que acima das coisas

só ficasse a palpitar

o coração do mistério.

E, dominando as palavras,

mais do que a lua as marés,

apenas se ouvisse o Verbo,

que está sempre no princípio

e sempre no fim de tudo.

Porque a poesia é só Ele !

António Gedeão

In “Movimento Perpétuo”

EDITORIAL BOCAGEANO - " EM LOUVOR DE BOCAGE "

Por

América Miranda

O poeta Bocage,génio incomparável, repentista sem rival, rei inconfundível do Soneto,Vate cuja obra facilmente se poderia ter guindado às alturas da Epopeia, cantor malogrado, como nele foi malograda a única radicada paixão, foi em definitivo, um desventurado, dos que vêm ao mundo predestinados para muito sofrerem. Essa predestinação explica muitas das incompatibilidades e converte em dever a reabilitação da memória de ELMANO frequentes vezes julgado com menos justiça e demasiada severidade por alguns erros que, como todos os mortais, ele cometeu. Por essa teimosia popular de não querer ou não entender o valor incontestável do Vate Sadino, a Tertúlia Poética “Ao Encontro de Bocage” tenta desde 1997 combater tão terrível injustiça. Assim, lenta e discretamente vai conseguindo, sem alardes, sem querer brilhar à sombra do Poeta, trazer a lume toda a sua rutilante e admirável poesia.

América Miranda

In O ARAUTO DE BOCAGE, Nº 77 / 78

A TRIBUNA DOS POETAS - Humberto de Castro

NAS ONDAS DO MAR

por

Humberto de Castro

Segui as ondas do mar

com o olhar

e vi-me ao sabor delas

deslizando pelo mundo.

Nelas banhei

a minha alma

e purifiquei-me

de todos os pecados.

Senti-me limpo,

puro,

vivo,

honesto,

feliz

- outro !

E continuo a deslizar

pelas ondas do mar !

Humberto de Castro

In POEMAS A NU

TRIBUNA DOS POETAS - Maria de Lourdes Agapito

AROMA DA PALAVRA

por

Lourdes Agapito

Poeta, não demores! Segue em frente

em busca do aroma das palavras!

À terra, com amor, deita a semente

para que o mundo seja diferente

e o campo desabroche quando o lavras!

Não esperes! Olha além e vê, sem medo,

que o verso é oração fundamental!

Que o tempo, com quem falas em segredo,

se insistes, vai-te pôr em cada dedo

o canto da poesia universal!

Não esperes de ninguém, mesmo que amigo,

a frase com aroma verdadeiro!

Vê, antes, ondear o loiro trigo

e canta, braço dado a um mendigo,

que o pão, agora, é vosso, e por inteiro !

Mª de Lourdes Agapito

A TERTÚLIA ITINERANTE - « Tertúlia à moda do Minho »

Crónica de Assis Machado

Realizou-se no transacto dia cinco do corrente – mais uma vez no Auditório Carlos Paredes, à Avenida Gomes Pereira, em Benfica – uma muito concorrida Tertúlia "Ao Encontro de Bocage". Como era de esperar o público aderiu bem como, aliás, tem acontecido em quase todas as sessões. A razão do nosso título, em epígrafe, deve-se a que o segundo número desta Tertúlia, se baseava na actuação do Grupo Etnográfico Danças e Cantares do Minho que – após a abertura inicial em que teve lugar um Diálogo Poético encenado por América Miranda e Félix Heleno, que animaram todo o público presente, tendo este último cantado duas canções a play-back – se exibiu a alto nível técnico. Uma após outra foram evoluindo algumas célebres Danças do Folclore minhoto que, bem acompanhadas musicalmente pelo dito Grupo, deram brilho e dinamismo a esta Tertúlia. Terminada esta actuação subiram ao palco sucessivamente, portando-se à altura do evento, diversos tertulianos, tais como: Celeste Reis e América Miranda, com dois poemas seus cada uma, que foram muito aplaudidas pelo público. Júlio Roberto que, com o seu charme declamativo tradicional, deliciou mais uma vez o público presente. Humberto de Castro que interpretou a karaok, duas canções e declamou dois poemas de sua autoria, que muito agradaram a todos. Graciett Vaz, Francisco de Assis, Eugénia Chaveiro e Armando David. As suas actuações foram muito apreciadas. De seguida actuou, com duas canções de sua autoria, uma delas em estreia, o cantor tertuliano Francisco de Assis. Fazendo-se acompanhar à viola as suas interpretações agradaram ao público. Depois foi a vez das tertulianas Amélia Marques, Perpétua Matias e América Miranda que com alguns poemas de bom gosto encantaram o público. E novamente Humberto de Castro subiu ao palco para interpretar, também a karaok, mais duas canções desta vez de Zeca Afonso. O público gostou e acompanhou.

Para terminar e acabar em beleza América Miranda mandou subir ao palco os principais tertulianos que, em coro, e acompanhados por Francisco de Assis à viola, cantaram com entusiasmo o Hino da Tertúlia. Pelo desenrolar de todas as iniciativas, com beleza , com dinamismo e com variações interessantes de temas e de cantares, teve lugar hoje, com toda a propriedade, uma autêntica "Tertúlia à moda do Minho".

Assis Machado

LANÇAMENTO TERTULIANO - Humberto de Castro

CONVITE

HUMBERTO DE CASTRO tem o prazer de comunicar que o lançamento do seu novo livro “POEMAS A NU” terá lugar no dia 26 de Fevereiro, pelas 15 h e 45 min, na BIBLIOTECA MUNICIPAL CAMÕES, no Largo do Calhariz, nº 17 ( junto ao elevador da Bica ).

Haverá leitura de alguns poemas pelos actores e poetas, AMÉRICA MIRANDA, ANTÓNIO FLORIANO e FÉLIX HELENO, com acompanhamento musical por FRANCISCO DE ASSIS, que também cantará alguns temas de sua autoria.

HUMBERTO DE CASTRO interpretará canções dos seus últimos discos.

A ENTRADA É LIVRE. ESPERAMOS POR SI !

EDITORIAL BOCAGEANO - "EM LOUVOR DE BOCAGE"

Por

América Miranda

Segundo o "Dicionário de Rimas Luso-Brasileiro" , de Eugénio Castilho,

"o soneto português, podemos dizer sem exagero, nasceu com Bocage e com

Bocage morreu". Também houve diversas opiniões de grandes mestres da

poesia, louvores de poeta a outro poeta, que consideraram Bocage "o máximo

cinzelador da métrica".

O nosso Vate, como todas as criaturas, viveu sua época própria, formou estilo,

imprimiu personalidade à literatura, que atravessava uma fase indecisa,

emoldurando-a, pondo-lhe rutilante sinete, que jamais se extinguirá, nem nunca

perderá o brilho. Hoje no espaço etéreo banhado de intensa luz, deve estar

sobretudo dominada pela Divina Musa da Redenção e ficará sempre na memória e no coração dos que amam a sua magnífica obra e a sua forte e ímpar personalidade.

América Miranda

In O ARAUTO DE BOCAGE, Nº 75 / 76

FALAR , FALAR, ATÉ OS ANIMAIS FALAM ...

FAMOSA GERAÇÃO DE FALADORES

Famosa geração de faladores

soa que foi, Riseu, a origem tua ;

que nem todos os cães ladrando à lua,

tiveram que fazer com teus maiores.

Um a língua ensinou aos palradores,

outro o moto contínuo achou na sua ;

outro, além de encovar toda uma rua,

açaimou numa junta a cem doutores.

Teu avô, santanário venerando,

soube mais orações que mil beatas,

com reza impertinente os céus zangando.

Teu pai foi um trovão de pataratas ;

teu tio, o bacharel, morreu falando ;

tu falando, Riseu, não morres, matas !

Barbosa du Bocage

In RIMAS

ESPAÇO COLECTIVO ARTISTICO E CULTURAL - COORDENADO PELA POETISA AMÉRICA MIRANDA - E ONDE SE INSEREM AS CONTRIBUIÇÕES DE TODOS OS TERTULIANOS, TANTO EM VERSO COMO EM PROSA, COM O OBJECTIVO DE DIVULGAÇÃO E HOMENAGEM AO GRANDE POETA ELMANO SADINO !

POETAS CONSAGRADOS - António Gedeão

A POESIA É O VERBO

Por

António Gedeão

Quem me dera a mim cantar

como devia regar:

alma nua, toda nua

como a nudez dos cordeiros

ou como a Verdade e o Vento

alma em chamas, toda em chamas

como um incêndio invisível;

mãos erguidas, sem ninguém

que lhes adivinhe os gestos;

sangue das veias correndo

para o fundo dos abismos;

os olhos presos dos astros

sem que os astros o suponham;

e os pés deixando na terra

vestígios indecifráveis;

cantar adentro de mim

como se o canto não fosse

senão pureza e silêncio,

para que acima das coisas

só ficasse a palpitar

o coração do mistério.

E, dominando as palavras,

mais do que a lua as marés,

apenas se ouvisse o Verbo,

que está sempre no princípio

e sempre no fim de tudo.

Porque a poesia é só Ele !

António Gedeão

In “Movimento Perpétuo”

EDITORIAL BOCAGEANO - " EM LOUVOR DE BOCAGE "

Por

América Miranda

O poeta Bocage,génio incomparável, repentista sem rival, rei inconfundível do Soneto,Vate cuja obra facilmente se poderia ter guindado às alturas da Epopeia, cantor malogrado, como nele foi malograda a única radicada paixão, foi em definitivo, um desventurado, dos que vêm ao mundo predestinados para muito sofrerem. Essa predestinação explica muitas das incompatibilidades e converte em dever a reabilitação da memória de ELMANO frequentes vezes julgado com menos justiça e demasiada severidade por alguns erros que, como todos os mortais, ele cometeu. Por essa teimosia popular de não querer ou não entender o valor incontestável do Vate Sadino, a Tertúlia Poética “Ao Encontro de Bocage” tenta desde 1997 combater tão terrível injustiça. Assim, lenta e discretamente vai conseguindo, sem alardes, sem querer brilhar à sombra do Poeta, trazer a lume toda a sua rutilante e admirável poesia.

América Miranda

In O ARAUTO DE BOCAGE, Nº 77 / 78

A TRIBUNA DOS POETAS - Humberto de Castro

NAS ONDAS DO MAR

por

Humberto de Castro

Segui as ondas do mar

com o olhar

e vi-me ao sabor delas

deslizando pelo mundo.

Nelas banhei

a minha alma

e purifiquei-me

de todos os pecados.

Senti-me limpo,

puro,

vivo,

honesto,

feliz

- outro !

E continuo a deslizar

pelas ondas do mar !

Humberto de Castro

In POEMAS A NU

TRIBUNA DOS POETAS - Maria de Lourdes Agapito

AROMA DA PALAVRA

por

Lourdes Agapito

Poeta, não demores! Segue em frente

em busca do aroma das palavras!

À terra, com amor, deita a semente

para que o mundo seja diferente

e o campo desabroche quando o lavras!

Não esperes! Olha além e vê, sem medo,

que o verso é oração fundamental!

Que o tempo, com quem falas em segredo,

se insistes, vai-te pôr em cada dedo

o canto da poesia universal!

Não esperes de ninguém, mesmo que amigo,

a frase com aroma verdadeiro!

Vê, antes, ondear o loiro trigo

e canta, braço dado a um mendigo,

que o pão, agora, é vosso, e por inteiro !

Mª de Lourdes Agapito

A TERTÚLIA ITINERANTE - « Tertúlia à moda do Minho »

Crónica de Assis Machado

Realizou-se no transacto dia cinco do corrente – mais uma vez no Auditório Carlos Paredes, à Avenida Gomes Pereira, em Benfica – uma muito concorrida Tertúlia "Ao Encontro de Bocage". Como era de esperar o público aderiu bem como, aliás, tem acontecido em quase todas as sessões. A razão do nosso título, em epígrafe, deve-se a que o segundo número desta Tertúlia, se baseava na actuação do Grupo Etnográfico Danças e Cantares do Minho que – após a abertura inicial em que teve lugar um Diálogo Poético encenado por América Miranda e Félix Heleno, que animaram todo o público presente, tendo este último cantado duas canções a play-back – se exibiu a alto nível técnico. Uma após outra foram evoluindo algumas célebres Danças do Folclore minhoto que, bem acompanhadas musicalmente pelo dito Grupo, deram brilho e dinamismo a esta Tertúlia. Terminada esta actuação subiram ao palco sucessivamente, portando-se à altura do evento, diversos tertulianos, tais como: Celeste Reis e América Miranda, com dois poemas seus cada uma, que foram muito aplaudidas pelo público. Júlio Roberto que, com o seu charme declamativo tradicional, deliciou mais uma vez o público presente. Humberto de Castro que interpretou a karaok, duas canções e declamou dois poemas de sua autoria, que muito agradaram a todos. Graciett Vaz, Francisco de Assis, Eugénia Chaveiro e Armando David. As suas actuações foram muito apreciadas. De seguida actuou, com duas canções de sua autoria, uma delas em estreia, o cantor tertuliano Francisco de Assis. Fazendo-se acompanhar à viola as suas interpretações agradaram ao público. Depois foi a vez das tertulianas Amélia Marques, Perpétua Matias e América Miranda que com alguns poemas de bom gosto encantaram o público. E novamente Humberto de Castro subiu ao palco para interpretar, também a karaok, mais duas canções desta vez de Zeca Afonso. O público gostou e acompanhou.

Para terminar e acabar em beleza América Miranda mandou subir ao palco os principais tertulianos que, em coro, e acompanhados por Francisco de Assis à viola, cantaram com entusiasmo o Hino da Tertúlia. Pelo desenrolar de todas as iniciativas, com beleza , com dinamismo e com variações interessantes de temas e de cantares, teve lugar hoje, com toda a propriedade, uma autêntica "Tertúlia à moda do Minho".

Assis Machado

LANÇAMENTO TERTULIANO - Humberto de Castro

CONVITE

HUMBERTO DE CASTRO tem o prazer de comunicar que o lançamento do seu novo livro “POEMAS A NU” terá lugar no dia 26 de Fevereiro, pelas 15 h e 45 min, na BIBLIOTECA MUNICIPAL CAMÕES, no Largo do Calhariz, nº 17 ( junto ao elevador da Bica ).

Haverá leitura de alguns poemas pelos actores e poetas, AMÉRICA MIRANDA, ANTÓNIO FLORIANO e FÉLIX HELENO, com acompanhamento musical por FRANCISCO DE ASSIS, que também cantará alguns temas de sua autoria.

HUMBERTO DE CASTRO interpretará canções dos seus últimos discos.

A ENTRADA É LIVRE. ESPERAMOS POR SI !

EDITORIAL BOCAGEANO - "EM LOUVOR DE BOCAGE"

Por

América Miranda

Segundo o "Dicionário de Rimas Luso-Brasileiro" , de Eugénio Castilho,

"o soneto português, podemos dizer sem exagero, nasceu com Bocage e com

Bocage morreu". Também houve diversas opiniões de grandes mestres da

poesia, louvores de poeta a outro poeta, que consideraram Bocage "o máximo

cinzelador da métrica".

O nosso Vate, como todas as criaturas, viveu sua época própria, formou estilo,

imprimiu personalidade à literatura, que atravessava uma fase indecisa,

emoldurando-a, pondo-lhe rutilante sinete, que jamais se extinguirá, nem nunca

perderá o brilho. Hoje no espaço etéreo banhado de intensa luz, deve estar

sobretudo dominada pela Divina Musa da Redenção e ficará sempre na memória e no coração dos que amam a sua magnífica obra e a sua forte e ímpar personalidade.

América Miranda

In O ARAUTO DE BOCAGE, Nº 75 / 76

FALAR , FALAR, ATÉ OS ANIMAIS FALAM ...

FAMOSA GERAÇÃO DE FALADORES

Famosa geração de faladores

soa que foi, Riseu, a origem tua ;

que nem todos os cães ladrando à lua,

tiveram que fazer com teus maiores.

Um a língua ensinou aos palradores,

outro o moto contínuo achou na sua ;

outro, além de encovar toda uma rua,

açaimou numa junta a cem doutores.

Teu avô, santanário venerando,

soube mais orações que mil beatas,

com reza impertinente os céus zangando.

Teu pai foi um trovão de pataratas ;

teu tio, o bacharel, morreu falando ;

tu falando, Riseu, não morres, matas !

Barbosa du Bocage

In RIMAS

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