Almanaque Republicano

19-12-2009
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BATALHA DE LA LYSNa obra de Assis Gonçalves, Na Ceplândia. Retalhos da Grande Guerra onde se relatam algumas vivências do autor na Batalha de La Lys. Diz-nos este autor:Fui para junto dos meus soldados.Às 11 h e meia [dia 9 de Abril de 1918] resolvi continuar a marcha.Mandei formar e segui pela estarda que me fora indicada.O que durante esta marcha ia observando, é impossível descrever-se:O meu pensamento ia absorto e contemplativo na estética visão de um maravilhoso-horrível.Para além, por trás dos bosques, subiam aos milhares os very-ligths, num cordão luminoso de variadas cores, ininterrupto e deslumbrante.Era um novo front, onde tantas vidas se imolavam à luz trágica do mais soberbo arraial de guerra.Não tem a arte humana tintas suficientemente coloridas ou expressões suficientemente claras para poder traduzir a mais pálida visão da realidade trágico-formosa desse quadro, onde brilhava a agonia, sorria o sacrifício e o maravilhoso brincava! ... Automóveis, camions enchem as estradas, correndo em todas a direcções, febris, nervosos, agitados, na ancia de salvar arquivos, material, bagagens, arrastando tudo, tudo, lá para traz, para longe!... [...]Caminho pensativo, triste desolado, sentindo o peso inútil desta farda que me cobre, que me esmaga, que me oprime! ... Tinha-a lavado nesse dia, é certo, no sangue do sacrifício, mas isso não me parecia bastante, quisera ter morrido!Salvara-me por acaso, vivia por um milagre, a sorte fora comigo, mas se houvera ficado no front, teria sido mais feliz. A vida é um fardo pesado cuja tara é o sofrimento. [...][Na fotografia, tropas portuguesas a preparar-se para participar na Grande Guerra de 1914-1918, no campo militar de Tancos.]A.A.B.M.


BATALHA DE LA LYSNa obra de Assis Gonçalves, Na Ceplândia. Retalhos da Grande Guerra onde se relatam algumas vivências do autor na Batalha de La Lys. Diz-nos este autor:Fui para junto dos meus soldados.Às 11 h e meia [dia 9 de Abril de 1918] resolvi continuar a marcha.Mandei formar e segui pela estarda que me fora indicada.O que durante esta marcha ia observando, é impossível descrever-se:O meu pensamento ia absorto e contemplativo na estética visão de um maravilhoso-horrível.Para além, por trás dos bosques, subiam aos milhares os very-ligths, num cordão luminoso de variadas cores, ininterrupto e deslumbrante.Era um novo front, onde tantas vidas se imolavam à luz trágica do mais soberbo arraial de guerra.Não tem a arte humana tintas suficientemente coloridas ou expressões suficientemente claras para poder traduzir a mais pálida visão da realidade trágico-formosa desse quadro, onde brilhava a agonia, sorria o sacrifício e o maravilhoso brincava! ... Automóveis, camions enchem as estradas, correndo em todas a direcções, febris, nervosos, agitados, na ancia de salvar arquivos, material, bagagens, arrastando tudo, tudo, lá para traz, para longe!... [...]Caminho pensativo, triste desolado, sentindo o peso inútil desta farda que me cobre, que me esmaga, que me oprime! ... Tinha-a lavado nesse dia, é certo, no sangue do sacrifício, mas isso não me parecia bastante, quisera ter morrido!Salvara-me por acaso, vivia por um milagre, a sorte fora comigo, mas se houvera ficado no front, teria sido mais feliz. A vida é um fardo pesado cuja tara é o sofrimento. [...][Na fotografia, tropas portuguesas a preparar-se para participar na Grande Guerra de 1914-1918, no campo militar de Tancos.]A.A.B.M.

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