«As classificações de desempenho atribuídas aos funcionários públicos até agora vão ter efeitos nas progressões do próximo ano, determina a nova, e última, proposta de lei do Governo relativa ao novo sistema de vínculos, carreiras e remunerações, ontem enviada aos sindicatos. Esta decisão representa uma viragem de 180 graus face à primeira versão do diploma que impedia a subida na carreira em 2008 e a permitia apenas a uma minoria em 2009. No fundo, a esmagadora maioria teria de esperar por 2011.»Ora bem, sabendo nós que a progressão na carreira está condicionada pela existência de dotação orçamental para o efeito, e sendo quase certo que essa dotação não irá existir, este "recuo" do governo serve, efectivamente, para quê? Calar os trabalhadores em vésperas de presidência europeia? Dar um torrão de açúcar, porque o chicote se revela desnecessário? Sejam quais forem as razões do governo, e nenhuma delas será favorável aos governados, estes sucessivos "recuos" são um mau, um péssimo sinal, num governo que se representava a si próprio como determinado no cumprimento dos objectivos que se propunha. Retire-se a propaganda oficial e a irritação e sobranceria de Sócrates ao discurso do governo, e ficamos com o quê? Com um governo muito permeável às pressões de lóbis, temeroso das reacções de certos sectores da sociedade, vulnerável a tudo o que possa significar erosão da sua força eleitoral. Uma farsa, com tiques de autoritarismo.
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«As classificações de desempenho atribuídas aos funcionários públicos até agora vão ter efeitos nas progressões do próximo ano, determina a nova, e última, proposta de lei do Governo relativa ao novo sistema de vínculos, carreiras e remunerações, ontem enviada aos sindicatos. Esta decisão representa uma viragem de 180 graus face à primeira versão do diploma que impedia a subida na carreira em 2008 e a permitia apenas a uma minoria em 2009. No fundo, a esmagadora maioria teria de esperar por 2011.»Ora bem, sabendo nós que a progressão na carreira está condicionada pela existência de dotação orçamental para o efeito, e sendo quase certo que essa dotação não irá existir, este "recuo" do governo serve, efectivamente, para quê? Calar os trabalhadores em vésperas de presidência europeia? Dar um torrão de açúcar, porque o chicote se revela desnecessário? Sejam quais forem as razões do governo, e nenhuma delas será favorável aos governados, estes sucessivos "recuos" são um mau, um péssimo sinal, num governo que se representava a si próprio como determinado no cumprimento dos objectivos que se propunha. Retire-se a propaganda oficial e a irritação e sobranceria de Sócrates ao discurso do governo, e ficamos com o quê? Com um governo muito permeável às pressões de lóbis, temeroso das reacções de certos sectores da sociedade, vulnerável a tudo o que possa significar erosão da sua força eleitoral. Uma farsa, com tiques de autoritarismo.