Na anterior crónica, evocamos uma nova classe de «Homens Distintos». A aplicação de valores rendosos, quer provenham de «matéria ou da imatéria», têm aproveitamento dos mais argutos e oportunos. Aproveitando a tendência idealística do momento, todo o mundo, eleva hossanas aos SENHORES DAS IDEIAS, enquanto, aponta diatribes e condenações aos »SENHORES DA GUERRA». Aos primeiros, põe-lhes auréolas de esmoleres sabedores das reviravoltas do bem social; aos segundos, no sítio do pensamento, coloca-lhes os distintivos do feioso e mau, que investe como os cabritos. Ingénua confusão, em distinguir onde começa e termina a Harmonia. Referindo, somente os nossos escritos, relembraremos que as «novas ideias», originaram guerra, em todas as partes onde se impuseram e, sem esforço, em Portugal, também. O que confere que os SENHORES DAS IDEIAS, são, retirada a máscara, os SENHOES DA GUERRA. Em todas as forjas, em todos os Continentes. Introduzida a República em 1910, os mesmos que a impulsionaram, temerosos de perder simpatias, pela discutível maneira de actuar, distribuíram benesses em todas as direcções, fazendo enfraquecer o já magro fundo nacional. Não contentes com este desfalque dos bens públicos, - para fazer ouvir, infundadamente, palavras mansas dos estrangeiros e mostrar fanfarronice de não serem inferiores aos que se matavam por interesses próprios– mandaram para a França, em 1916, heróicos soldados portugueses, com material desactualizado, deficiente e com municionamento contado para cada alemão que passasse à vista. Atitude «guerreira», justificada, segundo os mandões no tempo, para assegurar a posse das colónias, apesar dos ingleses aconselharem que seria suficiente a sua defesa, onde os alemães as atacavam. A embirração, porém, «bateu o pé» aos conselhos, pois o que lhes interessava, era firmar a «República», questão muito mais importante do que as vidas do povo, o grande sacrificado a sustentar os caprichos e erros dos governantes, garimpeiros na exploração da ingenuidade de quem se não pode defender. Acabada a guerra, os bravos portugueses, os sãos, os mutilados e gaseados nas trincheiras, regressaram a casa, com armas rebentadas, bagagens em farrapos e sem emprego que saciasse as carências nos lares. Os grupos partidários, convencidos dos seus préstimos, olhos altivos, não mudaram de rumo. Cada qual renovava grandes soluções, sem cálculos exactos. A Nação empobrecia, ouvindo hinos de prosa empolada em vantagens prometidas, que não em valores materiais. O Dr. António José de Almeida ( 1866- 1929), o vaticinador da República, prodigiosa para acabar com lamentos e desgraças, atingiu a Presidência, de 1919 a 1923. Assistiu ao 19 de Outubro de 1920, sem lhe ser permitida interferência, não obstante ocupar o mais elevado cargo público do País. Deve ter-se sentido chocado, ou desiludido como as ideias se evaporam para fora da razão, ao tomar conhecimento da ronda da «camioneta fantasma ». Esse transporte, vizinho da sucata, saído do Arsenal do Alfeite, com marinhagem por tripulação, que arrebanhou o Primeiro Ministro, Dr. António Granjo, o comandante do 5 de Outubro de 1910, Almirante Machado Santos, o Ex Ministro Almirante Carlos da Maia, o Comandante Freitas da Silva, Chefe de Gabinete do Ministro da Marinha e o Ex Ministro Botelho de Vasconcelos. Pelas ruas de Lisboa, foi abandonando os cadáveres, assassinados por balas certeiras, puxado o gatilho pelos ódios ideológicos. Entretanto, a Rússia em ebulição, invejou o destrambelho português, para conseguir mais um camarada na Europa. Desembolsou rublos, apalavrou compartes e assalariados, para que, por todos os meios possíveis, mais causassem a instabilidade: -atentados, tumultos propaganda, revoluções nos quartéis… As avenidas e ruas de Lisboa e outras cidades, eram pistas de correrias e carreiras de tiro, somente interrompidas pela presença da Guarda Nacional Republicana. Em 1926, o exército português, chefiado pelo futuro Marechal Manuel Gomes da Costa, tomou a dianteira, para por cobro ao anarquismo promissor da queda total na Nação. Chamou um técnico para por as contas em dia. De Coimbra veio o Professor Dr. António de Oliveira Salazar, que examinou os valores contáveis e se indagou da forma de trabalho nos ministérios. Cada Ministro puxava da sua autoridade e pedia as verbas, entendidas necessárias . O Governo, era um arrebanho de pessoas a decidir, independentes umas das outras. O Dr. Salazar, regressou a Coimbra. O que vamos escrever, a seguir, é o que consta na História de Portugal, do Dr. Damião Peres - Edição de 1954. pág. 444. « Para desafogo financeiro, encarava o Governo desde meados de 1927, a conveniência de negociar um empréstimo no estrangeiro…. ………….. empenho concretizado, no pedido de 12 milhões de libras, apresentado à Sociedade das Nações, sob cuja égide já operações análogas tinham sido realizadas por outras nações. Neste meio tempo, porém, A LIGA DE PARIS, organização dos republicanos exilados, actuava junto da Sociedade das Nações, acusando o governo de má gestão administrativa e, declarando inconstitucional o seu pedido». A Sociedade das Nações, como se compreenderá, interrogou-se, onde estaria a verdade. Para decidir, todavia, enviou 6 (seis) peritos financeiros para avaliarem a situação económica de Portugal e elaborarem o projecto de empréstimo. Concorde da necessidade da verba pedida, mas …incluindo condições - não estivessem os denunciantes desleais, com visos de traidores, com razão - assim resumidas: 1ª- A criação de um agente de ligação junto do Governo Português com funções de controle; 2ª - A faculdade de o « Comité» financeiro enviar a Portugal, no caso do Governo deixar de cumprir o protocolo, uma comissão financeira de três membros para administrar as receitas consignadas ao serviço do empréstimo. O Governo Português, apresentou duas contra propostas, com os compromissos legais e de lealdade. O «Comité», fincou o pé e não acedeu. O Ministro interino na Pasta das Finanças, General Ivens Ferraz, respondeu, com dignidade ( aquilo que faltara à LIGA DE PARIS, parece que dirigida pelo Dr. Afonso Costa) : Portugal não se vende por l2 milhões de libras. Ainda assim, o «Comité», sugeriu adiamento da solução, para reunião seguinte, da Sociedade das Nações. Os representantes portugueses, contudo, cabisbaixos com o vexame, (provocado pela «Liga de Paris», onde, geralmente vivia o Dr. Afonso Costa) deram o caso por encerrado. Portugal sempre deu exemplos de HOMENS SÉRIOS, mesmo ao lado da perfídia. A actualidade, contém a mistela ideológica. A percentagem negativa, actual, parece, ou está, a ocupar mais largueza e liberdade … A finança pública, a moral na sociedade, o nexo administrativo rareado, que respondam. Em 1927, nada de novo aconteceu para ressuscitar a Nação empobrecida e envergonhada, pelo que dela pensava a Sociedade das Nações. O Ministério foi formado, sem Ministro da Finanças, pasta que se mantinha vaga, pela dificuldade em preenchê-la. O Engenheiro Duarte Pacheco, deslocou-se a Coimbra e insistiu no convite ao Dr. Oliveira Salazar, que preferia a calma de Professor catedrático, pois não estava ambicioso de honras e dinheiro. Nunca se entusiasmou com riqueza pessoal. E exemplificou, durante a vida. Morreu com reduzidas posses. Foi a consciência, isolada, abstraída de salários elevados, que o demoveu a retomar o Ministério das Finanças, que havia ocupado, por uma semana, em 1926. Continua. Até próximo.
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Na anterior crónica, evocamos uma nova classe de «Homens Distintos». A aplicação de valores rendosos, quer provenham de «matéria ou da imatéria», têm aproveitamento dos mais argutos e oportunos. Aproveitando a tendência idealística do momento, todo o mundo, eleva hossanas aos SENHORES DAS IDEIAS, enquanto, aponta diatribes e condenações aos »SENHORES DA GUERRA». Aos primeiros, põe-lhes auréolas de esmoleres sabedores das reviravoltas do bem social; aos segundos, no sítio do pensamento, coloca-lhes os distintivos do feioso e mau, que investe como os cabritos. Ingénua confusão, em distinguir onde começa e termina a Harmonia. Referindo, somente os nossos escritos, relembraremos que as «novas ideias», originaram guerra, em todas as partes onde se impuseram e, sem esforço, em Portugal, também. O que confere que os SENHORES DAS IDEIAS, são, retirada a máscara, os SENHOES DA GUERRA. Em todas as forjas, em todos os Continentes. Introduzida a República em 1910, os mesmos que a impulsionaram, temerosos de perder simpatias, pela discutível maneira de actuar, distribuíram benesses em todas as direcções, fazendo enfraquecer o já magro fundo nacional. Não contentes com este desfalque dos bens públicos, - para fazer ouvir, infundadamente, palavras mansas dos estrangeiros e mostrar fanfarronice de não serem inferiores aos que se matavam por interesses próprios– mandaram para a França, em 1916, heróicos soldados portugueses, com material desactualizado, deficiente e com municionamento contado para cada alemão que passasse à vista. Atitude «guerreira», justificada, segundo os mandões no tempo, para assegurar a posse das colónias, apesar dos ingleses aconselharem que seria suficiente a sua defesa, onde os alemães as atacavam. A embirração, porém, «bateu o pé» aos conselhos, pois o que lhes interessava, era firmar a «República», questão muito mais importante do que as vidas do povo, o grande sacrificado a sustentar os caprichos e erros dos governantes, garimpeiros na exploração da ingenuidade de quem se não pode defender. Acabada a guerra, os bravos portugueses, os sãos, os mutilados e gaseados nas trincheiras, regressaram a casa, com armas rebentadas, bagagens em farrapos e sem emprego que saciasse as carências nos lares. Os grupos partidários, convencidos dos seus préstimos, olhos altivos, não mudaram de rumo. Cada qual renovava grandes soluções, sem cálculos exactos. A Nação empobrecia, ouvindo hinos de prosa empolada em vantagens prometidas, que não em valores materiais. O Dr. António José de Almeida ( 1866- 1929), o vaticinador da República, prodigiosa para acabar com lamentos e desgraças, atingiu a Presidência, de 1919 a 1923. Assistiu ao 19 de Outubro de 1920, sem lhe ser permitida interferência, não obstante ocupar o mais elevado cargo público do País. Deve ter-se sentido chocado, ou desiludido como as ideias se evaporam para fora da razão, ao tomar conhecimento da ronda da «camioneta fantasma ». Esse transporte, vizinho da sucata, saído do Arsenal do Alfeite, com marinhagem por tripulação, que arrebanhou o Primeiro Ministro, Dr. António Granjo, o comandante do 5 de Outubro de 1910, Almirante Machado Santos, o Ex Ministro Almirante Carlos da Maia, o Comandante Freitas da Silva, Chefe de Gabinete do Ministro da Marinha e o Ex Ministro Botelho de Vasconcelos. Pelas ruas de Lisboa, foi abandonando os cadáveres, assassinados por balas certeiras, puxado o gatilho pelos ódios ideológicos. Entretanto, a Rússia em ebulição, invejou o destrambelho português, para conseguir mais um camarada na Europa. Desembolsou rublos, apalavrou compartes e assalariados, para que, por todos os meios possíveis, mais causassem a instabilidade: -atentados, tumultos propaganda, revoluções nos quartéis… As avenidas e ruas de Lisboa e outras cidades, eram pistas de correrias e carreiras de tiro, somente interrompidas pela presença da Guarda Nacional Republicana. Em 1926, o exército português, chefiado pelo futuro Marechal Manuel Gomes da Costa, tomou a dianteira, para por cobro ao anarquismo promissor da queda total na Nação. Chamou um técnico para por as contas em dia. De Coimbra veio o Professor Dr. António de Oliveira Salazar, que examinou os valores contáveis e se indagou da forma de trabalho nos ministérios. Cada Ministro puxava da sua autoridade e pedia as verbas, entendidas necessárias . O Governo, era um arrebanho de pessoas a decidir, independentes umas das outras. O Dr. Salazar, regressou a Coimbra. O que vamos escrever, a seguir, é o que consta na História de Portugal, do Dr. Damião Peres - Edição de 1954. pág. 444. « Para desafogo financeiro, encarava o Governo desde meados de 1927, a conveniência de negociar um empréstimo no estrangeiro…. ………….. empenho concretizado, no pedido de 12 milhões de libras, apresentado à Sociedade das Nações, sob cuja égide já operações análogas tinham sido realizadas por outras nações. Neste meio tempo, porém, A LIGA DE PARIS, organização dos republicanos exilados, actuava junto da Sociedade das Nações, acusando o governo de má gestão administrativa e, declarando inconstitucional o seu pedido». A Sociedade das Nações, como se compreenderá, interrogou-se, onde estaria a verdade. Para decidir, todavia, enviou 6 (seis) peritos financeiros para avaliarem a situação económica de Portugal e elaborarem o projecto de empréstimo. Concorde da necessidade da verba pedida, mas …incluindo condições - não estivessem os denunciantes desleais, com visos de traidores, com razão - assim resumidas: 1ª- A criação de um agente de ligação junto do Governo Português com funções de controle; 2ª - A faculdade de o « Comité» financeiro enviar a Portugal, no caso do Governo deixar de cumprir o protocolo, uma comissão financeira de três membros para administrar as receitas consignadas ao serviço do empréstimo. O Governo Português, apresentou duas contra propostas, com os compromissos legais e de lealdade. O «Comité», fincou o pé e não acedeu. O Ministro interino na Pasta das Finanças, General Ivens Ferraz, respondeu, com dignidade ( aquilo que faltara à LIGA DE PARIS, parece que dirigida pelo Dr. Afonso Costa) : Portugal não se vende por l2 milhões de libras. Ainda assim, o «Comité», sugeriu adiamento da solução, para reunião seguinte, da Sociedade das Nações. Os representantes portugueses, contudo, cabisbaixos com o vexame, (provocado pela «Liga de Paris», onde, geralmente vivia o Dr. Afonso Costa) deram o caso por encerrado. Portugal sempre deu exemplos de HOMENS SÉRIOS, mesmo ao lado da perfídia. A actualidade, contém a mistela ideológica. A percentagem negativa, actual, parece, ou está, a ocupar mais largueza e liberdade … A finança pública, a moral na sociedade, o nexo administrativo rareado, que respondam. Em 1927, nada de novo aconteceu para ressuscitar a Nação empobrecida e envergonhada, pelo que dela pensava a Sociedade das Nações. O Ministério foi formado, sem Ministro da Finanças, pasta que se mantinha vaga, pela dificuldade em preenchê-la. O Engenheiro Duarte Pacheco, deslocou-se a Coimbra e insistiu no convite ao Dr. Oliveira Salazar, que preferia a calma de Professor catedrático, pois não estava ambicioso de honras e dinheiro. Nunca se entusiasmou com riqueza pessoal. E exemplificou, durante a vida. Morreu com reduzidas posses. Foi a consciência, isolada, abstraída de salários elevados, que o demoveu a retomar o Ministério das Finanças, que havia ocupado, por uma semana, em 1926. Continua. Até próximo.