Percebe-se como foi difícil substituir Soares e Sampaio, duas referência da resistência à ditadura e cidadãos de enorme cultura cívica e política. Ninguém podia esperar que tão elevados padrões de patriotismo se eternizassem, e o País tornou-se mais indulgente.
A História é feita de grandes vultos e de pessoas vulgares, de quem foi preso e torturado sem lhe arrancarem uma confissão e de quem voluntariamente lhe adiantava nomes; de quem arrostou o exílio e de quem se acomodou à ditadura, de quem sacrifica tudo pelos nobres ideais e de quem tem ideias para ganhar a vida e proteger a família.
Uns foram perseguidos, difamados, demitidos da função pública ou deportados, outros aproveitaram as portas que se abriram.
A partir de hoje, V. Ex.ª é de novo PR, eleito à primeira volta, por vontade do povo. Merece-o porque teve de sujeitar-se a eleições, embora as considere caras, e porque é apanágio da democracia o sufrágio universal e secreto que o reconduziu no cargo.
Claro que o caso das escutas, uma ameaça ao Estado democrático, exige as explicações que recusou dar, certamente para proteger a reeleição, mas de que a dignidade do cargo não pode prescindir. Basta para o diminuir o caso das acções da SLN e os intervenientes nesse lucrativo negócio quando era – segundo as suas palavras – um mísero professor.
Felicitando-o pela reeleição peço-lhe, pela nobreza do lugar que ocupa, que dê ao país esclarecimentos sobre o suspeito contrato da casa da aldeia da Coelha, sobre as obras feitas antes de estarem autorizadas, sobre o IMI pago (?) e eventuais mais-valias de um negócio nebuloso que a primeira figura do Estado não pode deixar com dúvidas sobre os contornos de estranhas permutas, valores suspeitos e parca documentação.
A honestidade de V. Ex.ª nunca esteve em causa, o que está em dúvida é o crédito que ela merece se continuar a furtar-se ao que, para leigos, parece ser um caso de polícia.
Não podendo ter um presidente de elevado gabarito intelectual e de assinalável cultura, apesar de catedrático de Literatura pela Universidade de Goa, o país precisa de saber que tem um PR alheio aos biltres que vigarizaram o País com a SLN e as negociatas de terrenos que obrigaram à transferência do aeroporto da Ota.
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Percebe-se como foi difícil substituir Soares e Sampaio, duas referência da resistência à ditadura e cidadãos de enorme cultura cívica e política. Ninguém podia esperar que tão elevados padrões de patriotismo se eternizassem, e o País tornou-se mais indulgente.
A História é feita de grandes vultos e de pessoas vulgares, de quem foi preso e torturado sem lhe arrancarem uma confissão e de quem voluntariamente lhe adiantava nomes; de quem arrostou o exílio e de quem se acomodou à ditadura, de quem sacrifica tudo pelos nobres ideais e de quem tem ideias para ganhar a vida e proteger a família.
Uns foram perseguidos, difamados, demitidos da função pública ou deportados, outros aproveitaram as portas que se abriram.
A partir de hoje, V. Ex.ª é de novo PR, eleito à primeira volta, por vontade do povo. Merece-o porque teve de sujeitar-se a eleições, embora as considere caras, e porque é apanágio da democracia o sufrágio universal e secreto que o reconduziu no cargo.
Claro que o caso das escutas, uma ameaça ao Estado democrático, exige as explicações que recusou dar, certamente para proteger a reeleição, mas de que a dignidade do cargo não pode prescindir. Basta para o diminuir o caso das acções da SLN e os intervenientes nesse lucrativo negócio quando era – segundo as suas palavras – um mísero professor.
Felicitando-o pela reeleição peço-lhe, pela nobreza do lugar que ocupa, que dê ao país esclarecimentos sobre o suspeito contrato da casa da aldeia da Coelha, sobre as obras feitas antes de estarem autorizadas, sobre o IMI pago (?) e eventuais mais-valias de um negócio nebuloso que a primeira figura do Estado não pode deixar com dúvidas sobre os contornos de estranhas permutas, valores suspeitos e parca documentação.
A honestidade de V. Ex.ª nunca esteve em causa, o que está em dúvida é o crédito que ela merece se continuar a furtar-se ao que, para leigos, parece ser um caso de polícia.
Não podendo ter um presidente de elevado gabarito intelectual e de assinalável cultura, apesar de catedrático de Literatura pela Universidade de Goa, o país precisa de saber que tem um PR alheio aos biltres que vigarizaram o País com a SLN e as negociatas de terrenos que obrigaram à transferência do aeroporto da Ota.