“Nasci à beira do Rio Lima,Rio saudoso, todo cristal;Daí a angústia que me vitima,Daí deriva todo o meu mal. É que nas terras que tenho visto,Por toda a parte por onde andei,Nunca achei nada mais imprevisto,Terra mais linda nunca encontrei. São águas claras sempre cantando,Verdes colinas, alvor de areia,Brancas ermidas, fontes chorandoNa tremulina da lua cheia… É funda a mágoa que me exaspera,Negra a saudade que me devora…Anos inteiros sem primavera,Manhãs escuras sem luz de aurora! Ó meus amigos, quando eu morrerLevai meu corpo despedaçado,Para que eu possa, já sem sofrer,Dormir na Morte mais descansado. Olhos d’Aquela que eu estremeço,Se de tão longe pudésseis ver-me!Olhos divinos que eu nunca esqueço,Morro de frio, vinde aquecer-me…” António Feijó (1859 - 1917) Diplomata.
Categorias
Entidades
“Nasci à beira do Rio Lima,Rio saudoso, todo cristal;Daí a angústia que me vitima,Daí deriva todo o meu mal. É que nas terras que tenho visto,Por toda a parte por onde andei,Nunca achei nada mais imprevisto,Terra mais linda nunca encontrei. São águas claras sempre cantando,Verdes colinas, alvor de areia,Brancas ermidas, fontes chorandoNa tremulina da lua cheia… É funda a mágoa que me exaspera,Negra a saudade que me devora…Anos inteiros sem primavera,Manhãs escuras sem luz de aurora! Ó meus amigos, quando eu morrerLevai meu corpo despedaçado,Para que eu possa, já sem sofrer,Dormir na Morte mais descansado. Olhos d’Aquela que eu estremeço,Se de tão longe pudésseis ver-me!Olhos divinos que eu nunca esqueço,Morro de frio, vinde aquecer-me…” António Feijó (1859 - 1917) Diplomata.