nortadas: SAPs

31-05-2010
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Só soube esta semana que os médicos dos SAP vão passar a ficar em casa de prevenção à espera de serem chamados, reduzindo-se os custos do seu serviço para metade, e passando os mesmos centros a funcionar de noite só com um enfermeiro. Hoje o Público dava conta da perplexidade dos utentes destes serviços com a recente descoberta. Não sei se um serviço de atendimento permanente tem movimento que chegue para justificar um médico a tempo inteiro no período nocturno, calculo que isso varie de centro para centro, e em função das solicitações diárias, consigo perceber que o país não tem recursos para desbaratar e que é preciso sujeitar os serviços públicos a regras de boa gestão, mas um serviço de atendimento permanente a funcionar só com um enfermeiro não é de menos? A solução não parece ser satisfatória para ninguém. O enfermeiro fica sujeito a uma dose excessiva de responsabilidade na avaliação e encaminhamento da situação clínica. O médico arrisca-se a uma noite de “carreirinha” de casa para o serviço e do serviço para casa. E o utente, como sempre, corre o risco mais elevado de todos, porque entre más decisões e tempos de espera arrisca-se a sair do serviço em muito mau estado. E o serviço de atendimento permanente deixa definitivamente de ser um serviço de atendimento permanente para passar a ser um call center… E sabem o que irrita mais? É que estão a mexer profundamente num sistema (SNS) que lá ia funcionando. Não sei se o exemplo é o melhor, mas um dia o meu filho estava a brincar à beira mar com um camião que tinha uma escavadora que subia e descia em perfeitas condições, e de repente foi-se aproximando devagarinho outro miúdo com as mãos atrás das costas que, quando todos pensavam que ia pedir para brincar também, parou, ficou a olhar por um bocadinho e perguntou muito convicto e com as mãos atrás das costas: queres que to escangalhe?!


Só soube esta semana que os médicos dos SAP vão passar a ficar em casa de prevenção à espera de serem chamados, reduzindo-se os custos do seu serviço para metade, e passando os mesmos centros a funcionar de noite só com um enfermeiro. Hoje o Público dava conta da perplexidade dos utentes destes serviços com a recente descoberta. Não sei se um serviço de atendimento permanente tem movimento que chegue para justificar um médico a tempo inteiro no período nocturno, calculo que isso varie de centro para centro, e em função das solicitações diárias, consigo perceber que o país não tem recursos para desbaratar e que é preciso sujeitar os serviços públicos a regras de boa gestão, mas um serviço de atendimento permanente a funcionar só com um enfermeiro não é de menos? A solução não parece ser satisfatória para ninguém. O enfermeiro fica sujeito a uma dose excessiva de responsabilidade na avaliação e encaminhamento da situação clínica. O médico arrisca-se a uma noite de “carreirinha” de casa para o serviço e do serviço para casa. E o utente, como sempre, corre o risco mais elevado de todos, porque entre más decisões e tempos de espera arrisca-se a sair do serviço em muito mau estado. E o serviço de atendimento permanente deixa definitivamente de ser um serviço de atendimento permanente para passar a ser um call center… E sabem o que irrita mais? É que estão a mexer profundamente num sistema (SNS) que lá ia funcionando. Não sei se o exemplo é o melhor, mas um dia o meu filho estava a brincar à beira mar com um camião que tinha uma escavadora que subia e descia em perfeitas condições, e de repente foi-se aproximando devagarinho outro miúdo com as mãos atrás das costas que, quando todos pensavam que ia pedir para brincar também, parou, ficou a olhar por um bocadinho e perguntou muito convicto e com as mãos atrás das costas: queres que to escangalhe?!

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