O valor das ideias: "Tenho de parecer social democrata por fora", diz militante do PSD

19-12-2009
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O PSD é um partido fascinante. A reflexão que Pedro Picoito revela ontem no i que foi levada a cabo no Instituto Sá Carneiro, e que ele deseja ver materializada, traduz-se nisto:"Nem sempre as eleições se ganham ao centro. É doloroso, por isso, ver Marques Mendes a jurar que o PSD não é de direita, Menezes a dizer que não se importa de ultrapassar o PS pela esquerda ou Passos Coelho a defender teses ideologicamente contraditórias, como o ensino centrado no aluno e o reforço da autoridade do professor. Se quer recuperar votos, o PSD tem de criar um discurso de mudança alternativo ao socialismo e ao darwinismo social em temas como a Europa e a regionalização, a liberdade de escolha na saúde e na educação, o ordenamento do território e a droga, o ambiente e a reforma da justiça, a imigração e a cultura, a eutanásia e o casamento gay.»O que em múltiplos aspectos é do mais clarificador que tenho lido. O PSD precisa de se distinguir do PS, diz Pedro Picoito e do, cito "darwinismo social". Para quem não estiver a ver o darwinismo social é uma forma da direita dizer "neoliberalismo". Ele não que um PSD neoliberal. E se se tem de distinguir do PS e do darwinismo social, suponho que o PSD está a chamar ao PP, um partido neoliberal. O que significaria uma terceira categoria: o PSD querer-se-ia afirmar como o que nunca foi, um partido de direita de tradição europeia democrata-cristã. Sucede que esse espaço está entre nós ocupado pelo PP. O que deixa a dúvida se não será realmente o verdadeiro partido neoliberal? Miguel Morgado defendia uma linha que ia neste sentido há dias. Mas vamos ao resto, que é mais claro.1) O PSD tem de se distinguir do PS na Europa. Rasgar portanto. Em matéria europeia sempre houve sentido de responsabilidade do PSD. A proposta é deixar de haver. As instituições económicas comunitárias precisam de reformas, com que o PS está comprometido, no quadro do Partido Socialista Europeu. O BCE tem de ter uma política mais flexível, o Pacto de Estabilidade e Crescimento tem de ser revisto. Qual a posição do PSD sobre isto? Ser contra o PS? É que as reformas são tidas por necessárias precisamente para no quadro da presente crise gerarem emprego.2) O PSD quer-se distinguir do PS em matéria do regionalização. Repare-se que mais uma vez o PSD não se define pela positiva, incorrendo no mesmo erro das legislativas. O PS propõe, o PSD é contra. Em matéria de regionalização o programa do PS propõe-se levar a cabo um referendo. E o partido tem uma tradição de campanha pelo sim. No PSD o partido é fracturado ao meio pelo assunto. Pedro Picoito quer impor a tese contrária à do PS, que será o não. Suponho portanto que Rui Rio, Miguel Cadilhe, Fernando Ruas, Couto dos Santos, Valente de Oliveira, Luís Filipe Menezes, entre tantos outros que se foram ao longo dos últimos 2 anos reiterando pró-regionalistas terão de colidir com a posição do partido.3) Liberdade de escolha na saúde e educação reforça e educação reforça a convicção da proposta neoliberal do PSD. O que está em causa são cheques ensino e subsidiação de consultas privadas. Pergunta-se, existe um sistema público de educação e saúde, porque deve o Estado pagar a preferência dos utentes pelo privado? Se está muito longe de estar demonstrado, antes pelo contrário, que estes ofereçam um melhor serviço?4) O PSD propõe-se ter uma agenda diferente da do PS na droga, ambiente, imigração e casamento gay. Ou seja, Pedro Picoito sugere um programa socialmente retrógrado. A liberalização do consumo de drogas leves, inciativa de um governo socialista em Portugal e que tem tido resultados francamente positivos, elogiados internacionalmente, é para ser revogada? O PSD propõe-se descurar o ambiente, uma causa tradicional de esquerda? Será contra a proposta de igualdade no acesso ao casamento civil?Sumaria depois Pedro Picoito, de forma cabalmente esclarecedora, o programa ideológico em que trabalha: "sou conservador-liberal por dentro, mas tenho que parecer social-democrata por fora". E temos a tese Miguel Morgado. Pedro Picoito quer um partido neo-liberal, que desvie recursos públicos para o sector privado, mas é conservador nos constumes. E lamenta estar mascarado de social democrata.


O PSD é um partido fascinante. A reflexão que Pedro Picoito revela ontem no i que foi levada a cabo no Instituto Sá Carneiro, e que ele deseja ver materializada, traduz-se nisto:"Nem sempre as eleições se ganham ao centro. É doloroso, por isso, ver Marques Mendes a jurar que o PSD não é de direita, Menezes a dizer que não se importa de ultrapassar o PS pela esquerda ou Passos Coelho a defender teses ideologicamente contraditórias, como o ensino centrado no aluno e o reforço da autoridade do professor. Se quer recuperar votos, o PSD tem de criar um discurso de mudança alternativo ao socialismo e ao darwinismo social em temas como a Europa e a regionalização, a liberdade de escolha na saúde e na educação, o ordenamento do território e a droga, o ambiente e a reforma da justiça, a imigração e a cultura, a eutanásia e o casamento gay.»O que em múltiplos aspectos é do mais clarificador que tenho lido. O PSD precisa de se distinguir do PS, diz Pedro Picoito e do, cito "darwinismo social". Para quem não estiver a ver o darwinismo social é uma forma da direita dizer "neoliberalismo". Ele não que um PSD neoliberal. E se se tem de distinguir do PS e do darwinismo social, suponho que o PSD está a chamar ao PP, um partido neoliberal. O que significaria uma terceira categoria: o PSD querer-se-ia afirmar como o que nunca foi, um partido de direita de tradição europeia democrata-cristã. Sucede que esse espaço está entre nós ocupado pelo PP. O que deixa a dúvida se não será realmente o verdadeiro partido neoliberal? Miguel Morgado defendia uma linha que ia neste sentido há dias. Mas vamos ao resto, que é mais claro.1) O PSD tem de se distinguir do PS na Europa. Rasgar portanto. Em matéria europeia sempre houve sentido de responsabilidade do PSD. A proposta é deixar de haver. As instituições económicas comunitárias precisam de reformas, com que o PS está comprometido, no quadro do Partido Socialista Europeu. O BCE tem de ter uma política mais flexível, o Pacto de Estabilidade e Crescimento tem de ser revisto. Qual a posição do PSD sobre isto? Ser contra o PS? É que as reformas são tidas por necessárias precisamente para no quadro da presente crise gerarem emprego.2) O PSD quer-se distinguir do PS em matéria do regionalização. Repare-se que mais uma vez o PSD não se define pela positiva, incorrendo no mesmo erro das legislativas. O PS propõe, o PSD é contra. Em matéria de regionalização o programa do PS propõe-se levar a cabo um referendo. E o partido tem uma tradição de campanha pelo sim. No PSD o partido é fracturado ao meio pelo assunto. Pedro Picoito quer impor a tese contrária à do PS, que será o não. Suponho portanto que Rui Rio, Miguel Cadilhe, Fernando Ruas, Couto dos Santos, Valente de Oliveira, Luís Filipe Menezes, entre tantos outros que se foram ao longo dos últimos 2 anos reiterando pró-regionalistas terão de colidir com a posição do partido.3) Liberdade de escolha na saúde e educação reforça e educação reforça a convicção da proposta neoliberal do PSD. O que está em causa são cheques ensino e subsidiação de consultas privadas. Pergunta-se, existe um sistema público de educação e saúde, porque deve o Estado pagar a preferência dos utentes pelo privado? Se está muito longe de estar demonstrado, antes pelo contrário, que estes ofereçam um melhor serviço?4) O PSD propõe-se ter uma agenda diferente da do PS na droga, ambiente, imigração e casamento gay. Ou seja, Pedro Picoito sugere um programa socialmente retrógrado. A liberalização do consumo de drogas leves, inciativa de um governo socialista em Portugal e que tem tido resultados francamente positivos, elogiados internacionalmente, é para ser revogada? O PSD propõe-se descurar o ambiente, uma causa tradicional de esquerda? Será contra a proposta de igualdade no acesso ao casamento civil?Sumaria depois Pedro Picoito, de forma cabalmente esclarecedora, o programa ideológico em que trabalha: "sou conservador-liberal por dentro, mas tenho que parecer social-democrata por fora". E temos a tese Miguel Morgado. Pedro Picoito quer um partido neo-liberal, que desvie recursos públicos para o sector privado, mas é conservador nos constumes. E lamenta estar mascarado de social democrata.

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