Dias com árvores: Viver com o fogo

21-01-2011
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Cupressus glabraAs várias espécies de ciprestes são das árvores mais difíceis de distinguir a olho nu. A excepção é o cipreste-comum (Cupressus sempervirens) com a sua silhueta inconfundível em forma de fuso ou pincel; mas de resto é preciso algum treino para, por exemplo, diferenciar o cipreste-do-Buçaco (C. lusitanica) do cipreste-da-Califórnia (C. macrocarpa), ambos frequentes em jardins e parques portugueses. É por isso simpático, pelo trabalho que nos poupa, que se lembrem de pôr junto à árvore uma placa identificativa, como aconteceu com este cipreste no centro cívico de Santo Tirso. Ficámos assim a saber que se trata de um C. glabra, conhecido como cipreste-do-Arizona, originário desse estado no sudoeste dos EUA. Há alguma controvérsia taxonómica à volta desta árvore, pois há quem defenda ser esta não uma espécie autónoma mas uma variedade do C. arizonica, e prefira designá-la por Cupressus arizonica var. glabra; para confundir mais, há também quem assegure que C. arizonica e C. glabra são sinónimos botânicos.Este exemplar em Santo Tirso tem tronco rugoso, mas - a acreditar na descrição geralmente aceite da espécie C. glabra e nas fotos que é possível ver na internet - deveria tê-lo liso; contudo, como tudo o resto confere, talvez a discrepância se possa atribuir à idade. Esse tudo o resto inclui o aspecto geral da árvore, de pequeno porte e copa piramidal, a folhagem azulada, e as pequenas pinhas masculinas, de tom amarelo-torrado, nas extremidades dos galhos. É uma espécie cultivada como ornamental nas regiões temperadas de todo o mundo.Uma curiosidade é que, no seu habitat de origem, as sementes do cipreste-do-Arizona precisam do fogo para germinar, fenómeno semelhante ao que ocorre na Austrália com numerosas espécies de eucaliptos. Só quando uma população inteira é destruída pelo fogo é que pode nascer a geração seguinte; todas as árvores no mesmo local têm pois a mesma idade. Sem fogo não há renovação dessas florestas, e por isso, em várias reservas nos EUA e na Austrália, a palavra de ordem já não é impedir todos os incêndios - mas às vezes, pelo contrário, provocá-los. Não se julgue, porém, que uma tal experiência é transponível para Portugal, onde os incêndios são uma tragédia sem remissão.


Cupressus glabraAs várias espécies de ciprestes são das árvores mais difíceis de distinguir a olho nu. A excepção é o cipreste-comum (Cupressus sempervirens) com a sua silhueta inconfundível em forma de fuso ou pincel; mas de resto é preciso algum treino para, por exemplo, diferenciar o cipreste-do-Buçaco (C. lusitanica) do cipreste-da-Califórnia (C. macrocarpa), ambos frequentes em jardins e parques portugueses. É por isso simpático, pelo trabalho que nos poupa, que se lembrem de pôr junto à árvore uma placa identificativa, como aconteceu com este cipreste no centro cívico de Santo Tirso. Ficámos assim a saber que se trata de um C. glabra, conhecido como cipreste-do-Arizona, originário desse estado no sudoeste dos EUA. Há alguma controvérsia taxonómica à volta desta árvore, pois há quem defenda ser esta não uma espécie autónoma mas uma variedade do C. arizonica, e prefira designá-la por Cupressus arizonica var. glabra; para confundir mais, há também quem assegure que C. arizonica e C. glabra são sinónimos botânicos.Este exemplar em Santo Tirso tem tronco rugoso, mas - a acreditar na descrição geralmente aceite da espécie C. glabra e nas fotos que é possível ver na internet - deveria tê-lo liso; contudo, como tudo o resto confere, talvez a discrepância se possa atribuir à idade. Esse tudo o resto inclui o aspecto geral da árvore, de pequeno porte e copa piramidal, a folhagem azulada, e as pequenas pinhas masculinas, de tom amarelo-torrado, nas extremidades dos galhos. É uma espécie cultivada como ornamental nas regiões temperadas de todo o mundo.Uma curiosidade é que, no seu habitat de origem, as sementes do cipreste-do-Arizona precisam do fogo para germinar, fenómeno semelhante ao que ocorre na Austrália com numerosas espécies de eucaliptos. Só quando uma população inteira é destruída pelo fogo é que pode nascer a geração seguinte; todas as árvores no mesmo local têm pois a mesma idade. Sem fogo não há renovação dessas florestas, e por isso, em várias reservas nos EUA e na Austrália, a palavra de ordem já não é impedir todos os incêndios - mas às vezes, pelo contrário, provocá-los. Não se julgue, porém, que uma tal experiência é transponível para Portugal, onde os incêndios são uma tragédia sem remissão.

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