Dias com árvores: Fruta da época

19-12-2009
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Araçá (Psidium cattleianum) em Angra do HeroísmoNunca pude comer araçás nos restaurantes de Angra, embora a árvore por lá se encontre em todos os quintais e jardins, e a fruta amadureça logo no início de Outubro. Mas, mesmo numa ilha perdida no Atlântico, fruta da época é expressão que perdeu sentido: a fruta, desembarcada de todos os pontos do mundo, não tem época; e quanto de mais longe vier mais fina ela é. Afinal, ilha que saiba como bem receber não vai servir ao turista a fruta plebeia dos seus quintais; quando muito admite à mesa o ananás de S. Miguel, e isso é já uma grande concessão - pois terceirenses e micaelenses, rivalizando pela hegemonia regional, não são amigos do peito.É uma pena que esta produção local seja desvalorizada. As ilhas atlânticas são paraísos tropicais de clima temperado: os termómetros nunca sobem muito alto (e por isso os autóctones se vestem com decoro europeu), mas também pouco descem. Plantas que no Continente não sobreviveriam à primeira geada crescem lá tranquilamente, desconhecendo o que é o frio. Cultivam-se anonas (Annona squamosa), bananas e araçás - mas, tirando porventura no mercado de Angra (onde por lapso não fui), nada disso se vende nas lojas ou se exibe aos visitantes.O araçá (Psidium cattleianum) é uma pequena árvore brasileira aparentada com a goiabeira (Psidium guajava). Os frutos, de 3 a 4 cm de comprimento, têm dezenas de pequenas sementes embutidas na polpa branca; dependendo da variedade, são amarelos ou vermelhos, sendo estes últimos em regra os mais doces. No Brasil, o nome comum araçá também se aplica a outras árvores do género Psidium; daí que lá se usem, para diferenciar esta nossa árvore, nomes compostos como araçá-doce, araçá-de-comer, araçá-amarelo e araçá-vermelho. Há ainda o araçá-azul, mas só o que Caetano Veloso cantou; ou, se existir fora da canção, não é fruto da mesma árvore.


Araçá (Psidium cattleianum) em Angra do HeroísmoNunca pude comer araçás nos restaurantes de Angra, embora a árvore por lá se encontre em todos os quintais e jardins, e a fruta amadureça logo no início de Outubro. Mas, mesmo numa ilha perdida no Atlântico, fruta da época é expressão que perdeu sentido: a fruta, desembarcada de todos os pontos do mundo, não tem época; e quanto de mais longe vier mais fina ela é. Afinal, ilha que saiba como bem receber não vai servir ao turista a fruta plebeia dos seus quintais; quando muito admite à mesa o ananás de S. Miguel, e isso é já uma grande concessão - pois terceirenses e micaelenses, rivalizando pela hegemonia regional, não são amigos do peito.É uma pena que esta produção local seja desvalorizada. As ilhas atlânticas são paraísos tropicais de clima temperado: os termómetros nunca sobem muito alto (e por isso os autóctones se vestem com decoro europeu), mas também pouco descem. Plantas que no Continente não sobreviveriam à primeira geada crescem lá tranquilamente, desconhecendo o que é o frio. Cultivam-se anonas (Annona squamosa), bananas e araçás - mas, tirando porventura no mercado de Angra (onde por lapso não fui), nada disso se vende nas lojas ou se exibe aos visitantes.O araçá (Psidium cattleianum) é uma pequena árvore brasileira aparentada com a goiabeira (Psidium guajava). Os frutos, de 3 a 4 cm de comprimento, têm dezenas de pequenas sementes embutidas na polpa branca; dependendo da variedade, são amarelos ou vermelhos, sendo estes últimos em regra os mais doces. No Brasil, o nome comum araçá também se aplica a outras árvores do género Psidium; daí que lá se usem, para diferenciar esta nossa árvore, nomes compostos como araçá-doce, araçá-de-comer, araçá-amarelo e araçá-vermelho. Há ainda o araçá-azul, mas só o que Caetano Veloso cantou; ou, se existir fora da canção, não é fruto da mesma árvore.

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