em que rodeada pelas rosas do meu jardim, um sol esplendoroso e uma brisa suave perfumada pela madressilva que trepa a parede da casa, me apetece ouvir Bob Marley e deixar-me envolver de serenidade, estendida na relva.Peguei num livro de Luís Miguel Nava para o rever, sentir nas palavras da dedicatória a ternura e a amizade que um monstruoso assassínio há 11 anos roubou."Entre a pele e o coração alçam-se as pontes" e era também assim o sorriso cúmplice que sorríamos.Nesses instantes, preferíamos o "La folie" (Stranglers) e o riso. Esta minha inércia de não deserção, como que película de rebentações várias, devolve-me o carinho com que ele me deixava brincar com os pelos dos seus braços enquanto apreciávamos os rapazes bonitos que se passeavam nos nossos olhos.E, como ele diria, "pelo muito mais cuja referência aqui não cabe", semicerro os olhos e imagino-o a meu lado, a ouvirmos Bob Marley e a sentirA boca, onde a memóriavem levantar fervura,contrai-se, há quem a sintade súbito emergir da transparência.O mar, há quem o façasubir no encalço dela: é quando ao engolirmo-la a salivanos vai para a memóriaque todo o nosso coração fica à mercê das águas.Luís Miguel Nava, Rebentação
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em que rodeada pelas rosas do meu jardim, um sol esplendoroso e uma brisa suave perfumada pela madressilva que trepa a parede da casa, me apetece ouvir Bob Marley e deixar-me envolver de serenidade, estendida na relva.Peguei num livro de Luís Miguel Nava para o rever, sentir nas palavras da dedicatória a ternura e a amizade que um monstruoso assassínio há 11 anos roubou."Entre a pele e o coração alçam-se as pontes" e era também assim o sorriso cúmplice que sorríamos.Nesses instantes, preferíamos o "La folie" (Stranglers) e o riso. Esta minha inércia de não deserção, como que película de rebentações várias, devolve-me o carinho com que ele me deixava brincar com os pelos dos seus braços enquanto apreciávamos os rapazes bonitos que se passeavam nos nossos olhos.E, como ele diria, "pelo muito mais cuja referência aqui não cabe", semicerro os olhos e imagino-o a meu lado, a ouvirmos Bob Marley e a sentirA boca, onde a memóriavem levantar fervura,contrai-se, há quem a sintade súbito emergir da transparência.O mar, há quem o façasubir no encalço dela: é quando ao engolirmo-la a salivanos vai para a memóriaque todo o nosso coração fica à mercê das águas.Luís Miguel Nava, Rebentação